3 treinadores da Liga NOS que têm de ter sucesso em 2019/2020

Francisco IsaacJulho 29, 20196min0

3 treinadores da Liga NOS que têm de ter sucesso em 2019/2020

Francisco IsaacJulho 29, 20196min0
O Campeonato Nacional está a pouco tempo de começar e escolhemos três treinadores que merecem ter sucesso nesta temporada. As razões, potenciais objectivos e o futebol jogado analisado no Fair Play

A Liga NOS 2019/2020 já começou e já se deu início a mais uma temporada emocionante, árdua e que vai colocar as equipas à prova. Portanto é altura de voltarmos a olhar para alguns treinadores que estamos expectantes por ver a comandar as suas equipas e os escolhidos recaíram em João Henriques, António Folha e Nuno Manta Santos. As nossa razões, os porquês e os desafios a cada um destes managers… qual o teu favorito?

JOÃO HENRIQUES (CD SANTA CLARA)

Um verdadeiro Professor na forma como educa e transmite conhecimentos aos seus jogadores, João Henriques foi extraordinário na temporada passada pelo CD Santa Clara, ajudando os açorianos a garantir a manutenção e um honroso 10º lugar na época de retorno para o emblema de São Miguel à principal divisão de futebol dos campeonatos profissionais em Portugal.

Com um plantel algo desconhecido para os adeptos da Primeira Liga, João Henriques impôs um futebol colectivamente de categoria, bem estruturado e apoiado numa lógica de constante apoio e revezamento na recuperação defensiva, com algumas unidades a sobressaírem-se depois como Fernando Andrade (transferido no entertanto para o FC Porto), Osama Rashid (genial no controlo de bola), Bruno Lamas (um mágico à antiga) ou Guilherme Schettine.

Mesmo sem ter conseguido arrancar pontos ao SL Benfica, FC Porto ou Sporting CP durante a temporada (ainda conquistou 1 ponto frente ao SC Braga na primeira volta), a forma como a equipa bateu o pé e mostrou capacidade para dificultar a missão de domínio do adversário, em especial nos jogos em casa, prova que há carisma e identidade no futebol do treinador que já passou pelo Leixões SC e Paços de Ferreira.

Sem se mexer muito no mercado, preocupando-se só a limar algumas arestas como o reforçar da defesa com o ex-vimaranense João Afonso (para fazer o lugar do retirado Accioly) ou o “muscular” do meio-campo defensivo com a chegada de Zé Augusto (veremos se substituirá Kaio com a mesma qualidade, já que o trinco foi para o Krasnodar), João Henriques tem agora o objectivo de melhorar a classificação do CD Santa Clara, garantindo assim uma temporada não só calma mas ambiciosa, fazendo bom uso de jogadores como Osama Rashid, Bruno Lamas ou Fábio Cardoso.

ANTÓNIO FOLHA (SC PORTIMONENSE)

O Portimonense continua a “sonhar” com outros voos e depois da época de estreia de António Folha na Liga NOS, é altura de apontar para a disputa dos lugares europeus… mas será que os algarvios têm uma equipa minimamente interessante para chegar a esse patamar? Recuemos para a temporada passada em que o técnico ex-FC Porto “B” conseguiu garantir a permanência depois de arrancar pontos ao SL Benfica e Sporting CP durante a temporada, mostrando uma “agressividade” ofensiva de fino recorte e um meio-campo idealizado para lançar rapidamente as acções pelos corredores.

Durante a primeira-volta o Portimonense viveu muito da genialidade de Shoya Nakajima, um dos melhores jogadores dos “algarvios”, com 5 golos e 6 assistências em 13 jogos combinando bem com Tabata, Jackson Martínez, Paulinho e Wellington Carvalho. Contudo, quando o Mercado de Inverno de 2019 chegou, António Folha viu-se privado do extremo japonês e do brasileiro Wilson Manafá, o que podia suscitar vários e diversos problemas à exequibilidade da estratégia de jogo aos algarvios, sendo natural este “tremer”, ficando a dúvida se o treinador tinha as capacidades minimamente necessárias para guiar a equipa à manutenção.

Felizmente para o antigo internacional português, o futebol de velocidade e rápida incisão do Portimonense manteve-se e foi suscitando problemas aos adversários, com Tabata a acelerar bem nos corredores, Paulinho a comandar o “miolo” e Lucas Fernandes a dar garantias de uma gestão de bola segura, para depois Jackson Martínez se impor dentro da grande área.

A defesa não foi de todo uma garantia de segurança durante a temporada com 59 golos sofridos (a 2ª pior entre os 18 clubes participantes da Liga NOS), mas nos momentos decisivos Folha foi capaz de liderar e guiar a equipa em direcção a uma permanência que foi sendo adiada até à 30ª jornada. A jogabilidade ritmada, colorida por um futebol de boas dinâmicas e sempre na procura de colocar velocidade pelos corredores, foram elementos suficientes para que Folha conseguisse calar os críticos e garantir assim mais uma época na Primeira Liga.

NUNO MANTA SANTOS (SC MARÍITMO)

Conseguirá Nuno Manta Santos voltar a apresentar o futebol inteligente, de procura de linhas de passe úteis e de um emparelhamento bem desenvolvido no meio-campo, que chegou a dar algumas tonalidades positivas ao CD Feirense em 2017/2018 e no início de 2018/2019? Um treinador com uma boa cultura de futebol, Nuno Manta Santos procurou sempre dar o palanque aos jogadores, criando boas sinergias com o colectivo, apesar de por vezes não inspirar uma confiança inabalável, especialmente no momentos mais críticos.

Depois de ter rescindindo por mútuo-acordo com a equipa de Santa Maria da Feira, Nuno Manta Santos passou seis meses nas “boxes” para regressar ao serviço de um dos clubes históricos do futebol português: CS Marítimo. Desde que chegou aos verde-rubros, o treinador não tem desapontado, rubricando não só boas exibições como garantiu alguns resultados interessantes frente a equipas de maior dificuldade (SC Braga e Lille, ambos terminaram num empate a zero golos), onde apresentou uma defesa bem trabalhada e de saída inteligente.

O ataque ainda não está no nível esperado para um conjunto como o Marítimo, já que falta um entendimento de qualidade entre Daizan Maeda (o japonês pode vir a ser uma das revelações da Liga NOS, dependendo do nível da adaptação ao futebol europeu), Getterson, Erivaldo ou Rodrigo Pinho.

Num primeiro entendimento, o Marítimo vai querer apresentar um jogo mais de controlo e de gestão da posse de bola, sem embarcar no risco ou na exposição do centro do terreno, apostando assim numa atitude mais pragmática e pensada sem entrar em riscos desmedidos no ataque, com o foco assim posto no trabalho colectivo e na cooperação geral entre linhas e na edificação de uma defesa dominadora e expansiva (Dejan Kerkez poderá ser o grande nome da defesa dos verde-rubros).

Para Nuno Manta Santos esta é uma época de oportunidade para mostrar a sua qualidade enquanto pensador no futebol português, tendo em mãos um Marítimo com necessidade de voltar a lutar pelos 7 primeiros lugares.

Nuno Manta Santos ao serviço do Marítimo (Foto: JM)

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