Universalidade vs Especificidade

João NegreiraJunho 14, 20193min0

Universalidade vs Especificidade

João NegreiraJunho 14, 20193min0
Num artigo de opinião, onde abordamos a questão da formação desportiva de atletas, o ponto fulcral é a questão entre a universalidade e a especificidade. Qual a sua opinião?

O presente artigo pretende questionar e refletir com o leitor alguns paradigmas daquilo que é a formação desportiva de atletas. Explorando mais especificamente, Portugal, mas podendo, naturalmente, aplicar-se a outros países.

A grande maioria das entidades desportivas focam-se apenas numa modalidade. Por falta de recursos para apostar noutra ou porque o fenómeno de certa modalidade é tão grande que atrai imensos praticantes.

E é esta a realidade de formação em Portugal. Com o futebol como desporto-rei, poucas são as entidades com outra modalidade e ainda menos são as que oferecem mais que uma modalidade aos atletas.

Aquilo para que queremos alertar é a possibilidade de haver outra maneira de formar jovens. A maior parte começa a praticar uma modalidade já muito cedo, obviamente por influência dos pais. E com o futebol a surgir em massa em Portugal, é normal que hajam mais clubes de futebol e esta seja a modalidade mais praticada.

A questão que aqui urge, não tem que ver com a demasiada afluência de praticantes de futebol, tem sim que ver com a pouca oferta a que os jovens estão sujeitos.

O que queremos levantar é a possibilidade dos atletas poderem praticar várias modalidades no mesmo clube. Não só por uma questão motora (algo importantíssimo no crescimento) mas também pelo facto de, ao experimentarem outras modalidades, os próprios atletas poderem vir a descobrir que até gostam mais dessa outra modalidade.

A ideia é que os jovens não sejam obrigados a praticar um só desporto; que conheçam os vários desportos e que, acima de tudo, pratiquem atividade física e se divirtam com ela.

Algo importante para os clubes é que – se tiverem essa possibilidade – adotem outras modalidades, tenham mais para oferecer aos atletas, formando-os mais e melhor.

Na prática, colocamos isto como em certos dias da semana (apenas os 2 escalões mais novos) poderiam praticar outra modalidade, sem ser a deles. Sempre de uma forma muito lúdica, apresentando-lhes o jogo e as regras.

A isto chamamos a universalidade. A capacidade dos jovens experimentarem várias modalidades, conhecerem mais e melhor o desporto e até esclarecerem-se a si próprios.

(Foto: Amigos do Hóquei)

Por outro lado, a especificidade também não deve ser descurada. Mais focada no alto rendimento, querendo segurar os atletas a essa modalidade ao máximo, tentando especializá-los, desde muito cedo, nessa modalidade.

Esta questão pode acontecer quase involuntariamente, em alguns clubes. Não obstante, os ditos “grandes” têm que trabalhar para o alto rendimento, formando atletas nessa modalidade, com o fim de que os mesmos sejam atletas profissionais.

Noutros clubes, pela falta de poder financeiro, oferecem apenas uma modalidade e treinam apenas essa. Nestes clubes, alertar para que os treinadores dos escalões mais jovens não exijam demasiado do atleta, ensinando-lhe o básico, tendo um objeitvo lúdico-didático.

A especialização tem a grande vantagem do praticante poder vir a ser alguém que domina muito bem esse desporto. Contudo, a experiência diz-nos que muito poucos chegam a ser profissionais e por isso, prender os atletas a uma modalidade apenas, é privá-los de aprenderem e desenvolverem-se mais.

(Foto: Guia Infantil)

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