Saúde Mental no Desporto: uma “ferramenta” fundamental para o atleta

Fair PlayNovembro 24, 20223min0

Saúde Mental no Desporto: uma “ferramenta” fundamental para o atleta

Fair PlayNovembro 24, 20223min0
Maria Simões de Abreu fala dos desafios da Saúde Mental, e como os atletas devem não se sentir estigmatizados ao pedir ajuda profissional

Artigo de Maria Simões de Abreu sobre a importância da saúde mental no desporto

Quando pensamos em atletas, sobretudo em atletas profissionais, pensamos nas pessoas que nos fazem vibrar por serem os/as melhores no seu desporto, pessoas que fazem jogadas inconcebíveis, pessoas que chegam à meta em tempos absolutamente absurdos, pessoas que em vez de saltarem parecem voar – pensamos em pessoas que, muitas vezes, quase nos esquecemos que são pessoas… Estes super-humanos* fazem-nos acreditar que tudo é possível, porque não são raras as vezes que fazem até o impossível.

No entanto, infelizmente são poucas (se efetivamente existirem) as pessoas que podem dizer que nunca viram a/o atleta que mais admiram lesionada/o – seja o pé, o joelho, as costelas ou, realisticamente, qualquer outra zona do corpo. Lamentamos as lesões físicas e, por vezes, quase dói ver a/o atleta a lesionar-se ou a ficar de fora de competições importantes. É algo que conseguimos ver e que conseguimos conceber – é físico, claro que não se pode esforçar, senão fica pior.

Então e quando não conseguimos entender a natureza da “incapacidade temporária” – porque não é física, é mental… Então e se for “a cabeça”? Ainda é estranha a ideia dos/as atletas profissionais terem ansiedade, terem depressões ou qualquer outra problemática ou perturbação do foro psicológico – esquecemo-nos que até os super-humanos têm problemas desta natureza (e.g., basta pensarmos no Batman e no seu trauma).

Como qualquer humano, estes super-humanos também passam por adversidades, também carregam algumas pedras nos seus sapatos, também passam por dificuldades nos seus trabalhos – e, no desporto profissional, a mente e a saúde mental são constantemente postas à prova. Mais de um terço dos/as atletas profissionais sofre de ansiedade, depressão, perturbações alimentares e/ou burnout1 – se na sociedade, em geral, este número já é elevado (cerca de 1 em cada 5 pessoas), entre atletas é ainda mais elevado.

E se na sociedade já é complicado uma pessoa dizer “vou à Psicóloga” ou “tenho acompanhamento psicológico”, entre atletas é ainda mais difícil – tirar a capa e relevarem-se ao mundo com todas as fragilidades que, enquanto humanos, têm não é uma tarefa fácil… E o estigma associado aos problemas de saúde mental não ajuda ninguém. Portanto, torna-se cada vez mais urgente largarmos este estigma e percebermos que todos beneficiaríamos de um acompanhamento psicológico porque – spoiler alert – da mesma forma que todos temos uma ferida de vez em quando, também temos todos problemas com que lidar a nível psicológico. E isto é verdade sejamos um humano ou um super-humano – os/as atletas sofrem da mesma forma que nós e temos de lhes dar espaço para sentirem que podem partilhar as suas experiências e as suas adversidades… Pelos/as atletas de hoje e por todos/as os/as que virão no futuro… Porque o desporto contribui para a melhoria da saúde mental – e muito! –, mas por vezes também a pode afetar.

Se és atleta – profissional ou não – e sentes que a tua saúde mental não está a um bom nível e/ou que não te sentes bem (seja por teres ansiedade antes das competições, seja por teres pensamentos durante as competições que afetam o teu rendimento, seja por outra qualquer razão) procura acompanhamento psicológico – um/a Psicólogo/a pode ajudar!


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