Paulo Meneses e a aventura no Nejmeh SC: arranca a liga 23/24
Uma semana mais tarde da final da Supertaça, tínhamos um osso duro de roer. Iriamos defrontar uma equipa que se tinha reforçado bastante e que tem o objectivo muito claro de se meter no Play-Off de Campeão. Treinador holandês, com alguns jogadores do seu país.
O jogo realizou-se em Tripoli. A nossa equipa viajou nas vésperas, treinamos no campo anexo, ficamos no hotel, onde pudemos conviver todos juntos mais de perto e durante mais tempo. Exemplo disso, na noite anterior depois do jantar, reunião de toda a comitiva na sala de reuniões do hotel.
Fizemos vários jogos para dar-nos a conhecer (o lado oculto) um pouco mais, quebrar o gelo dos jogadores novos no clube, e para incrementar o Espirito de Equipa (que para mim, é fundamental existir através das relações de amizade, das conexões entre companheiros de equipa – e isso começa fora das 4 linhas). Tivemos cerca de 45 min num ambiente incrível, onde os jogadores riram muito e criaram um ambiente muito positivo.
No dia de jogo, pela manhã, no pequeno almoço ainda se falava das “figuras” que algum jogador fez / passou na noite anterior, deixando no ar que o objetivo dessa sessão foi conseguido. Palestra no hotel, para relembrar o que tínhamos preparado durante a semana.
Começamos bem o jogo, com domínio através da posse de bola, movendo a bola pelos 3 corredores. Aos 20 minutos, canto para nós. Contra esta equipa, decidimos fazer cantos curtos, para tentar desorganizar a organização defensiva zonal na grande área. O jogador que marca o canto, recebe de novo a bola do companheiro, dribla um adversário no 1×1, fez um centro – remate, onde o guarda redes defende.
O nosso extremo direito, ganha a 2ª bola (aspecto muito importante neste jogo, que fizemos questão de realçar e trabalhar durante a semana e que repetimos na palestra anterior ao jogo), na recarga fez o 1-0 para nós.
A equipa adversária tentou responder, onde nós conseguimos defender bem. Depois tomamos de novo as rédeas do jogo e conseguimos marcar o 2-0 ainda na 1ª parte, que nos deu ainda mais conforto e confiança.
A equipa jogava um futebol com critérios, construindo desde trás, jogando por dentro explorando os espaços entre linhas, soltando por fora para acelerar o jogo e chegar à área, com várias alternativas e variabilidade no ataque, fomos criando mais oportunidades de golo. No intervalo, ajustamos pouca coisa face a um jogo muito bem conseguido da nossa parte (no final, as estatísticas demonstravam isso mesmo: 92% de êxito nos passes – uma estatística muito alta na posse de bola).
Na 2ª parte, entramos bem no jogo tentando o 3-0. O 3º golo chegou numa bela jogada pela esquerda de 2 jogadores que saltaram do banco. No final do jogo, foi momento de celebrar com as centenas de adeptos que nos foram apoiar. Toda a gente estava muito satisfeita pelo resultado e pela exibição. Estavam reunidas as condições para a 2ª jornada, onde defrontamos o campeão.
2ª JORNADA
Defrontávamos de novo o campeão. Neste momento em contexto diferente, 2ª jornada da Liga. Sabíamos que o adversário estava sob pressão (tinha perdido a final da Taça e a final da Supertaça connosco). Sabíamos também que, eles vinham com tudo para tentar “corrigir” o resultado da Final da Supertaça.
Portanto, definimos que em caso de não poder contra – atacar, teríamos que manter a posse de bola, para, não só controlar o jogo para criar perigo na baliza adversária, mas também para deixar-lhos ansiosos e mais nervosos.
Entrámos bem no jogo, sem bola compactos e tentando encaixar no sistema táctico adversário, e principalmente nas dinâmicas ofensivas que eles têm (e são muitas, além da grande capacidade técnica e uma criatividade acima da média).
Com bola, conseguimos fazer alguns contra-ataques bem delineados, alternando com a posse de bola prolongada.
Aos 10 minutos, conseguimos abrir o marcador. 1-0 para o Nejmeh depois de uma bola parada, e de novo a 2ª bola a fazer a diferença.
Livre à entrada da área, Kourani bateu o livre directo, a bola ressaltou na barreira, Sabra (um dos capitães) rematou para uma grande defesa do guarda redes adversário, e o outro capitão (Kassem) fez o golo na recarga.
O adversário regressou de novo com “tudo” para cima de nós, mas soubemos ser uma equipa madura o suficiente para aguentar as investidas adversárias, ajustando o bloco (alto, médio e baixo) consoante as necessidades do jogo exigiam.
O adversário, como é normal face ao grande plantel que tem e à sua enorme qualidade fruto de um orçamento gigante, criou perigo junto à nossa baliza, que os nossos jogadores foram resolvendo de alguma forma. Intervalo, e o Nejmeh liderando 1-0 0 jogo.
Era a 1ª vez, em 5 jogos (3 empates na temporada anterior, com vitoria em penalties na Final da Taça e o mesmo cenário na Super Taça) que estávamos à frente do marcador contra o campeão Ahed.
Ainda na 1ª parte, o adversário teve um penalty a favor (o meu capitão mete a mão na bola, mas antes é empurrado nas costas), onde o nosso Guarda Redes (Ali) faz uma excelente defesa com o pé, segurando o 1-0.
No intervalo ajustamos várias coisas segundo o plano de jogo que tínhamos delineado, também alertamos que tínhamos que entrar de novo no jogo muito fortes e ambiciosos, como o tínhamos feito na 1ª parte.
Voltamos do intervalo e aos 2 minutos da 2ª parte fizemos o 2-0. Um ataque pela ala esquerda, Kourani que tinha batido o livre que deu o 1-0, recebeu a bola na esquerda, junto à esquina da área, remata ao angulo mais distante da baliza, a bola bate na barra, ressalta para o nosso extremo direito (Sadek) que faz um pontapé em bicicleta para o nosso Ponta de Lança (Dmitry) fazer o golo.
Durante a 2ª parte, fomos refrescando e ajustando a equipa para ir segurando o resultado ou mesmo ampliar o mesmo, não só pela alta intensidade do jogo, pela alta temperatura e humidade, mas também pelas mexidas do adversário.
De realçar que, mais uma vez, os jogadores que saltaram do banco foram muito importantes na 2ª parte.
Da minha parte como treinador e líder de uma equipa de trabalho (jogadores, equipa técnica, staff de apoio, departamento médico, etc) não poderia estar mais satisfeito com o arranque de temporada, mas há que destacar que todos os êxitos colectivos que acontecem no Nejmeh SC, é porque tenho jogadores que são autênticos profissionais, que trabalham muito durante a semana e nos jogos, tenho uma equipa técnica que me ajuda em tudo o que necessito, que está sempre disposta a ajudar a equipa no que é necessário, o departamento médico e o staff de apoio fazem um trabalho muito eficaz, fundamental no êxito diário numa dinâmica de uma equipa profissional, e depois temos um Manager da Equipa, um Manager Geral e um Presidente que nos dão todas as condições para realizar um bom trabalho.
E de destacar também o trabalho “oculto” dos meus capitães de equipa (Hamam, Kassem e Sabra) que são uns autênticos lideres dentro e fora de campo, o que deixa o meu trabalho como líder mais facilitado.
Assim, é mais fácil, e compreende-se melhor porque o Nejmeh SC está imbatível desde que eu cheguei em Dezembro, em jogos oficiais.