Onde é que anda o Flop: o Pelé português que merecia outra sorte
Vítor Hugo Gomes Passos. Para uma parte dos adeptos do esférico este nome não levanta qualquer memória, pois Vítor Passos foi sempre mais conhecido por “Pelé”, a alcunha que recebeu quando começou a dar uns bons pontapés na bola redonda. O Pelé português, que passou por clubes como o SL Benfica, Inter de Milão e FC Porto, parecia ter a qualidade necessária para singrar no futebol, tanto pelo seu crescimento auspicioso quando actuava pela Selecção Nacional sub-18 e sub-20 como pelos quase 23 jogos que realizou na sua primeira e única temporada ao serviço dos Nerazzurri.
Porém, o passo pós Inter foi um desastre com a passagem pelo FC Porto a ter iniciado uma viagem até ao desconhecido para alguém que até chegou a jogar por Portugal “B” e que tinha as características necessárias para chegar a outro patamar. Chamar de flop a Pelé pode parecer um exagero, mas basta olhar para o valor pago pelo FC Porto, com uns super 6M€ dispensados em 2008 por um jovem atleta de 21 anos. À época foi a terceira transferência mais alta dos azuis-e-brancos, ficando só atrás de Hulk e Cristian Rodriguez, dois atletas que acabaram por ficar na história do clube de forma significativa. Mas vamos ao início.
Pelé passou pelos escalões de formação do FC Boavista, Salgueiros, SL Benfica, terminando a sua formação no Vitória SC antes de dar o salto para Itália em 2007, juntando-se a um Inter de Milão dirigido por Roberto Mancini. Em 40 e tal jogos, Pelé foi convocado para 30, jogando em 23, 8 vezes como titular, fazendo parte da equipa que levantou o título de campeão de Itália nessa época, isto para além de ter jogado na final da Coppa de Italia, perdida para o AS Roma. Pelé recebeu vários elogios de Mancini e da imprensa italiana. Era visto como um médio possante, inteligente e com capacidade para fazer fluir o jogo na transição da defesa para o ataque, possuindo uma mentalidade vencedora e de uma resiliência de alto quilate.
Posto isto, chegou o FC Porto. No Verão de 2008, Jesualdo Ferreira recebeu vários reforços, recebendo doze jogadores só no mercado de Verão, entre os quais Pelé. Infelizmente para o médio, o clube estava apetrechado de excelentes soluções para o meio-campo. Vale a pena relembrar alguns deles: Tomás Costa, Mario Bolatti, Lucho González, Raúl Meireles, Fredy Guarín, Josué, Fernando e Andrés Madrid. Ou seja, o jovem internacional sub-21 português tinha acabado de assinar por um clube carregado de atletas de soberba categoria, existindo uma pressão constante sobre todos os atletas.
Para Pelé, o espaço para jogar e brilhar era e foi extremamente reduzido. Somou um total de 233 minutos numa temporada inteira, passando largos meses sem jogar e sem grande oportunidade para mostrar todas aquelas qualidades expostas em Itália. No fim da temporada, os dragões levantaram o título de campeões nacionais, mas já sei Pelé, pois o médio tinha sido emprestado ao Portsmouth em Janeiro de 2009, entrando naquele carrossel de empréstimos atrás de empréstimos muito comum no FC Porto. Depois de Portsmouth, veio o Valladolid, seguindo-se os turcos do Eskisehirspor, ficando depois uns meses sem jogar até assinar pelo Ergotelis da Grécia. À medida que os anos foram passando, Pelé foi perdendo as competências que o elevaram a um bom patamar em Itália, fechando a carreira ao serviço do Calarasi em 2019.
É discutível a questão se Pelé é um flop ou não, pois não foi tanto pelo médio não ter qualidade para estar no Dragão, mas sim pela falta de oportunidades que recebeu. Sim, a sequência de clubes não foi positiva com poucos jogos, ainda menos momentos positivos, mas Pelé não era de forma alguma um jogador de qualidade frágil. De qualquer forma, 6M€ gastos e que o clube nunca recuperou, ajudando a criar o desastre financeiro que vitimaria o clube anos depois.