O 11 de jogadores nórdicos que passaram em Portugal e falharam
O mercado nórdico nunca foi dos principais motores do futebol português, com apenas duas dezenas de atletas a terem chegado à principal de divisão do futebol nacional nos últimos 50 anos, com a larga maioria a se revelarem decepções ou profundos fracassos de investimento. Fica a par deste 10 – não encontrámos o 11º elemento – com atletas da Suécia, Noruega e Dinamarca que passaram por Portugal, e que nunca vingaram.
LARS ERIKSSON (FC PORTO)
Guarda-redes do FC Porto durante os meados da última década do século XX, Lars Eriksson, que até chegar à Invicta tinha somado 15 internacionalizações pela Suécia (foi convocado para o Campeonato do Mundo de 1994, que terminou num 3º lugar, mas sem nunca sair do banco do suplentes) chegou para fazer de sombra de Vítor Baía, acabando por passar completamente ao lado com uns meros 10 jogos no total de três épocas. Nesta passagem por Portugal foi mesmo ultrapassado por Hilário e Andrzej Woźniak na hierarquia dos guardiões dos azuis-e-brancos. Pouco ficou da passagem do internacional sueco por Portugal, ficando só a nota da sua pouca fiabilidade nas saídas rápidas e na presença na área.
DANIEL WASS (SL BENFICA)
O lateral que actualmente alinha pelo Atlético de Madrid – poderá ser emprestado ainda antes do arranque da época oficial -, chegou a estar no SL Benfica no ano de 2011, altura em que assinou pelas águias a custo-zero vindo do histórico Bröndby, mas acabou imediatamente cedido ao Évian, clube pelo qual viria assinar em 2012 a troco de 1,2M€. Wass, uma lenda do Football Manager, aterrou em Portugal com a promessa de vir a ser um atleta para o projecto a longo-prazo, para depois rapidamente ser preterido do plantel treinado por Jorge Jesus, sem realmente ter tido tempo para mostrar o seu talento. Viria a garantir alguns milhões aos cofres do Évian, seguindo-se o Celta de Vigo e Valência antes de chegar, finalmente, a Madrid.
? Recuerdo desbloqueado: Daniel Wass en el Benfica. pic.twitter.com/AvZ8FtcQc5
— RESACA DEPORTIVA (@RESACADEPORTlVA) May 3, 2020
MICHAEL BRUNDIN (VITÓRIA SC E CAMPOMAIORENSE)
Justo ou não, Per Michael Brundin chegou ao Sado com alguma expectativa de que pudesse vir a ser um dos novos grandes senhores do eixo-defensivo, devido às suas características físicas e tácticas, rotulado, em 1995, como um “patrão” típico do futebol sueco. Porém, e apesar de ter somado 23 jogos em 1994-1994, Brundin nunca realmente pegou de estaca e nem a experiência acumulada conseguiu convencer a direcção do Vitória FC em mantê-lo, acabando por sair nesse fim de época em direcção a Campo Maior, clube pelo qual jogou até a Maio de 1996… somou 12 jogos, e entre erros de aproximação aos avançados contrários e as lesões, a sensação que ficou foi sempre de um central pouco “estável” para uma liga maior.
PER KROLDRUP (OLHANENSE)
Quem se lembra do central/lateral dinamarquês Per Kroldrup que chegou a passar pela Serie A, onde se afirmou pela Udinese e Fiorentina, ganhando destaque no seu país como um bom e competente defesa, que optava por “secar” o ataque contrário com inteligência e uma boa predisposição física? Quem se lembra da sua passagem pelo Olhanense em 2013-2014? Chegou nessa temporada para tentar garantir uma boa opção para o emblema algarvio, mas nunca foi o nome forte necessário para aguentar uma defesa instável e pouco segura, com o próprio central histórico pela Dinamarca a revelar debilidades que não abonaram boas lembranças aos adeptos portugueses nessa época, que acabou mesmo por terminar em despromoção. Retirou-se no Verão de 2014 com 17 jogos pouco lembrados pelo Olhanense.
TIM SÖDERSTÖRM (CS MARÍTIMO)
Chegou ao Funchal aos 26 anos com o objectivo de ocupar a ala direita da defesa do CS Marítimo, sem ter a capacidade para tal… Tim Söderstörm foi um dos últimos tiros no “escuro” do antigo presidente do emblema madeirense, Carlos Pereira, contratado ao Hammarby em 2020 por uma quantia nunca revelada, para acabar por sair em 2022 a custo-zero. O lateral-direito ainda realizou seis jogos na primeira temporada, só que nunca na sua posição, alinhando como médio-esquerdo ou direito, e até como segundo avançado, o que deu a ideia de um jogador com sérias lacunas para preencher qualquer um dos papéis. A expectativa em redor da sua contratação foi, mínima, mas ainda assim o choque final foi claro, especialmente após a derrota por 1-5 frente ao Sporting CP, no qual o sueco parecia completamente perdido dentro de campo.
SEBASTIAN SVÄRD (VITÓRIA SC)
Flop ou não? Talento desperdiçado ou talento que na realidade nunca foi nada para além do normal? Olhando para a carreira do dinamarquês Sebastian Svärd, a resposta andará pela desilusão, especialmente quando nas suas duas maiores oportunidades em equipas de média dimensão acabou por fracassar, com a passagem pelo Vitória SC em 2005/2006 a ser lembrada, isto porque o emblema vimaranense acabou por ser despromovido nessa época, algo que não acontecia desde o fim da década de 50 do século XX. O trinco, que chegou emprestado via Arsenal, alinhou em 25 jogos pelo Vitória e foi, na maior parte, um médio pouco lógico nas suas acções, com uma capacidade débil no segurar o esférico e de conseguir se afirmar como tampão dentro do meio-campo defensivo. Chegou da Premier League, e acabou na história dos vimaranenses, só que não da melhor forma possível.
PONTUS FARNERUD (SPORTING CP)
Chegou a Alvalade como um dos poucos reforços do emblema leonino treinado, na altura, por Paulo Bento, passando ao lado nas duas épocas em que serviu os “leões”, juntando um total de 30 aparições em todas as competições. Quando assinou pelo clube lisboeta, Farnerud era internacional pela Suécia, o que ajudava a compor algum interesse em redor da sua contratação, argumentada ainda com bons apontamentos na transição entre defesa e ataque e acerto no passe… infelizmente, o sueco passou ao lado e raramente foi chamado à titularidade, navegando entre exibições compactas e de alguma qualidade – como aconteceu frente ao SC Braga na segunda temporada – e um terramoto de erros noutros, revelando uma inconsistência complicada de gerir e acabou na rescisão de contrato dois anos após ter assinado pelo Sporting CP.
ANDERS ANDERSON (SL BENFICA E CF “OS BELENENSES”)
É um caso paradigmático desta costela “nórdica” no futebol português, já que Anders Anderson chegou a somar uma boa época quer ao serviço do SL Benfica ou CF “Os Belenenses”, acabando por depois ir desaparecendo da lista de convocados à medida que o tempo ia passando. Estreou-se pelos encarnados em 2001, revelando alguns traços que chegaram a colar a imagem de Michael Manniche, um dos poucos verdadeiros sucessos do futebol nórdico e sueco em Portugal, só que, no fim, essa imagem não passou de uma mera ilusão… Anders Anderson não era um portento físico ou técnico, agarrando-se mais à capacidade táctica e estratégica para ganhar destaque dentro da equipa, um ponto positivo, embora insuficiente para realmente se destacar como titular. Todavia, o facto de ser internacional pela Suécia com algum peso, e de ter passado pela Premier League, acabou por gerar uma expectativa largamente superior em comparação com o que realidade podia Anders Anderson fazer…
MARTIN PRINGLE (SL BENFICA)
Considerado como um dos maiores “diamantes” que nunca atingiu o apogeu predestinado, Martin Pringle encheu algumas capas de jornais em Lisboa quando chegou à capital portuguesa em 1996, rotulado de futura grande estrela do futebol das águias, saindo pela porta da pouca importância três épocas depois de ter chegado, para assinar pelo Charlton em 1999. Um avançado móvel e ágil, mas sem grande instinto de goleador, Martin Pringle foi mal compreendido, em larga medida, pelo seu papel e capacidade de jogar – não era um matador ao contrário do quadro pintado – e pelo real valor que possuía, não sendo nem um astro, nem a caminho de tal façanha, tendo relembrado a sua passagem fracassada por Portugal.
AZAR KARADAS (SL BENFICA)
Um dos raros atletas da Noruega a passar por Portugal, que assinou pelo SL Benfica em 2004 a troco de quase 2M€ pagos ao Rosenborg, e que nunca conseguiu mostrar o seu melhor, somando uns meros 4 golos na única temporada jogada pelos encarnados. Um ponta-de-lança alto, possante e… pouco lesto em conseguir acompanhar um ataque veloz, Karadas chegou ao ponto de surgir como defesa-central num dos últimos clubes da sua carreira (Kasimpasa da Turquia), tendo sido um dos erros mais complicados do mercado de transferências do SL Benfica no início do século XXI.
?"Quando cheguei ao Benfica não conseguia dar dois toques na bola."
-Martin Pringlehttps://t.co/JUOdX96frx pic.twitter.com/BHYFueks9n
— A BOLA (@abolapt) April 2, 2020