Jovens estrelas que caíram cedo demais: Michael Johnson

Francisco IsaacAgosto 29, 20215min0

Jovens estrelas que caíram cedo demais: Michael Johnson

Francisco IsaacAgosto 29, 20215min0
De coqueluche dos Citizens a retirado aos 24 anos, esta é a história de Micahel Johnson, uma estrela jovem que caiu cedo demais.

Quantas jovens estrelas atingiram o patamar mais alto do futebol mundial para depois caírem abruptamente ou, pior, devagar sem nunca encontrarem um rumo de regresso aos títulos internacionais e aos grandes palcos?

Nesta rubrica não procuramos descobrir quem tem culpa, mas sim as razões dessa desaparecimento, perceber onde foram parar e se há alguma hipótese de redenção. E atenção, não dissemos desaparecemos porque ainda jogam seja numa primeira, segunda ou terceira divisão.

Se conheces mais casos deixa nos comentários para investigarmos e falarmos desses nomes.

GLÓRIA, DOR E LESÕES… A CURTA CARREIRA DO GOLDEN BOY MICHAEL JOHNSON

Quem se recorda do Manchester City de 2006-2008, naquela que foi a antecâmara do se tornarem um “gigante” da Premier League? Micah Richards, Vedran Corluka, Rolando Bianchi, Geovanni, Stephen Ireland, Martin Petrov, Gélson Fernandes, Andreas Isaksson eram só alguns dos nomes que perfilavam nos citizens, saltando à vista outro nome que acabou por cair no esquecimento nos dias de hoje, mas que na altura vendeu dezenas de capas de jornal, para além de ter sido um “diamante” bem apetecível dos Football Managers de 2007, 2008 e 2009: Michael Johnson.

Médio-centro, nascido em Urmston, que passou pelas camadas de formação do Leeds United, Feyenoord, Crewe, Liverpool e Everton, até chegar em 2004 ao Manchester City, Michael Johnson foi invariavelmente um dos nomes míticos da nova geração de talentos ingleses, chegando mesmo a entrar em campo como atleta da equipa principal deste 2º clube mais importante de Manchester, aos 18 anos frente ao Wigan. Na recta final dessa primeira temporada, o médio acabou por ser titular em 9 de 10 possíveis encontros, convencendo Stuart Pearce do seu imenso talento, capacidade para impor uma circulação de bola mais activa e directa, sem medo de partir para os duelos físicos e pulsado por uma determinação apaixonante que acabou por entusiasmar adeptos ingleses, já que podiam ter no internacional sub-18 inglês a próxima grande coqueluche do futebol das terras de Sua Majestade.

A chegada de Sven-Göran Erkisson não só não prejudicou Michael Johnson, como permitiu ao médio assumir um papel importante no 11 titular do City, assumindo a titularidade em 22 dos 23 jogos que alinhou nessa temporada – falhou 15 jogos por opção, descanso e recuperação de pequenos toques -, apontando dois golos e três assistências, com a circulação do esférico e a construção de linhas de apoio ao ataque a serem as grandes notas de destaque do médio que despontava com total fulgor nesta segunda temporada como sénior e atleta profissional.

Numa altura em o futebol inglês atravessava uma era menos positiva a nível de selecção (não conseguiram o apuramento para o Euro 2008), Michael Johnson começava a sonhar com uma hipotética chamada à selecção inglesa, que para a sua posição “só” tinha Owen Hagreaves, Frank Lampard, Gareth Barry, Steven Gerard, Michael Carrick ou Jermaine Jenas, fazendo valer a sua tenra idade como argumento para ser incluído já no elenco da Inglaterra (similar processo ao de Theo Walcott). Contudo, e chegando ao momento do volte-face, tudo acabou por ruir à conta de uma lesão estranha nos abdominais, que o afastariam dos relvados durante 13 meses.

Depois de ter iniciado a temporada a titular, após a vitória por 3-0 frente ao Sunderland, Johnson sentiu uma ligeira picada e acabou por ser substituído aos 81 minutos. Uma lesão menor e sem importância no primeiro momento, o médio tentou debelar este mal mas acabou derrotado nesta “batalha”, sofrendo outras lesões advindas desta rotura muscular, forçando-o a falhar meses e meses de competição, o que acabaria por condenar a sua carreira e vida nos citizens.

No lugar do talento imenso e potência para disputar cada esférico e confronto físico, brotou incerteza e incapacidade para retornar à mesma intensidade, denotando sérios problemas de forma o que “matou” a sua curva de crescimento, registando três jogos no decurso de duas temporadas, isto quando tinha 21 anos de idade. Mais lesões (joelho, tornozelo e coxa), mais incerteza e falta de confiança, mais relegado para uma posição completamente terciária no plantel do City, Michael Johnson acabou por cair no descrédito e começou a revelar claras falhas no crescimento, efectuando ainda uma época como emprestado, isto ao serviço do Leicester, onde até somaria uns quantos minutos sem que isso salasse a carreira de um dos “diamantes” em bruto do futebol inglês.

Perante as vicissitudes físicas e o cair no esquecimento, o internacional sub-21 acabou por colocar um ponto final na carreira quando a Junho de 2012 foi dispensado pelo Manchester City, isto após ter sido também apanhado em diversas situações ilegais na vida pessoal, com multas por conduzir embriagado e alterado, ficando a nota das consequências da pressão dos media e adeptos. Retirou-se com 24 anos, sem a glória que merecia, esquecido por quase todos – um desejo seu como contado pelo próprio à Sky Sports em 2018 – e longe das luzes da ribalta, ficando a nota daquela temporada de 2007-2008, em que deu show como médio e gestor de jogo dos citizens. Um dos primeiros atletas a demonstrar as consequências da depressão e do desmerecimento de alguns perante os problemas mentais que afligem todos, especialmente aqueles que têm milhares ou milhões de olhos a segui-los dia após dia, ano após ano.


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