Jovens estrelas que caíram cedo demais: Ibrahim Ba

Francisco IsaacMaio 1, 20235min0

Jovens estrelas que caíram cedo demais: Ibrahim Ba

Francisco IsaacMaio 1, 20235min0
Um talento imenso com os pés mas que os joelhos não permitiram muito mais... Ibrahim Ba é o novo "convidado" desta rubrica de jovens estrelas que caíram cedo demais

Quantas jovens estrelas atingiram o patamar mais alto do futebol mundial para depois caírem abruptamente ou, pior, devagar sem nunca encontrarem um rumo de regresso aos títulos internacionais e aos grandes palcos (como é o caso de Ibrahim Ba)?

Nesta rubrica não procuramos descobrir quem tem culpa, mas sim as razões desse desaparecimento, perceber onde foram parar e se há alguma hipótese de redenção. E atenção, não dissemos desaparecemos porque ainda jogam seja numa primeira, segunda ou terceira divisão.

Se conheces mais casos deixa nos comentários para investigarmos e falarmos desses nomes.

GIGA JOGA NOS PÉS QUE PODIA TER IDO AO OLIMPO DOS BLEUS

Se ligarem o CM01 ou FM08, encontram na equipa de reservas um jogador francês, que parece estar perdido no plantel, apesar de apresentar excelentes dados individuais, especialmente na técnica, criatividade, cruzamentos e intensidade ofensiva. Esse jogador é Ibrahim Ba, atleta que em 2001 já tinha cumprido 8 internacionalizações pela selecção francesa, tendo estado muito perto de fazer das escolhas de Aimé Jacquet para o Campeonato do Mundo de 1998. Ba somou esses quase dez jogos pelos Les Bleus em 12 meses, naquilo que parecia ser o surgimento de um novo astro no futebol mundial, muito por conta da velocidade estonteante, capacidade de ludibriar os adversários com um par de toques no esférico e uma verticalidade ofensiva que fazia qualquer adepto levantar-se da cadeira e ficar no limite da emoção. Porém, a carreira de Ibrahim Ba foi extremamente estranha, e basta mostrar dois números:

  • Entre 1991 e 1998 Ba somou quase 200 jogos, no qual marcou 15 golos e realizou 35 assistências divididos pelo Le Havre, Bordeaux e a primeira época no AC Milan;
  • Entre 1999 e 2008, o extremo somou 60 jogos, no qual esteve emprestado pelo AC Milan a cinco clubes diferentes, nunca conseguindo ganhar minutos;

Estamos a falar de um atleta que passou das luzes da ribalta internacional para não conseguir se impor no futebol sueco (Djurgården), muito por conta não só das lesões, mas porque a confiança foi despedaçada e pelo facto daquela exuberância ter-se dissipado quase por completo sem quase explicação minimamente razoável.

Ibrahim Ba surgiu a encantar França ao serviço do menos conhecido Le Havre (clube que lançou Paul Pogba ou Dimitri Payet se formaram), impondo-se como uma ameaça constante nas alas, inventando espaços e trazendo total desolação para quem estava na defesa contrária. Aos 18 anos já fazia furor e acabou por merecer uma oportunidade num dos emblemas históricos do futebol gaulês, com o Bordéus a conseguir contratá-lo a custo-zero, num dos melhores negócios da altura. Em um ano, Ba afirmou-se em Bordéus e em 40 jogos marcou 10 golos e assistiu por 14 vezes, recebendo algumas nomeações para jogador da temporada da Ligue 1. No Verão de 1997, apareceu o AC Milan disposto a largar 12M€ e a trazer o extremo. Na primeira temporada tudo correu bem, assumindo a titularidade e a garantir um bom fluxo ofensivo para os rossoneros, fechando a época com 1 golos e 10 assistências… porém, esse 1997/1998 foi um desastre para o emblema milanês, que acabou em 10º lugar e a 13 pontos do 6º lugar, com isto a ser uma espécie de início da queda para Ibrahim Ba.

Se em Janeiro de 1997 estava nas escolhas da selecção francesa e em Julho saiu para uma das principais ligas mundiais, passado dois anos, Ibrahim Bá estava cedido ao Perugia, longe de sequer voltar a ter um lugar no futebol internacional. E aqui chega a parte estranha… Ibrahim Ba em menos de um ano passou de um atleta que podia fazer 35 jogos por temporada a um bom nível, para não conseguir fazer mais que 1/4 de uma centena, notando-se dificuldades físicas constantes e um total descrédito em si próprio. Umas quantas lesões de fadiga e num joelho não ajudam a explicar tudo, e não ajuda a perceber como é que de 2000 a 2008 só conseguiu fazer um máximo de 13 jogos por cada equipa que passou, ostentando falhas tácticas e técnicas gravíssimas que até a chegada a Milão não eram tão aparentes.

A queda foi total, com passagens curtas pela Premier League, Serie B, Super Lïg, Allsvenskan, fechando a carreira ao serviço do seu AC Milan já mais numa forma de agradecimento do clube pelo amor, respeito e paixão que Ibrahim Ba demonstrou sempre, acabando por ficar nos quadros dos rossoneros como olheiro. É difícil identificar e perceber o que correu mal na história do extremo francês, que num momento parecia estar perto de poder conviver com os maiores da sua altura, para noutro ser simplesmente esquecido e renegado dos principais palcos do futebol europeu. Terá Ibrahim Ba ter tido “sorte” com a sua forma física naquele período entre 1991 e 1997? Ou a reformatação do AC Milan acabou por ser um dos “pregos” na sua carreira, como as pequenas lesões que sofreu?

Uma curiosidade final… sempre que Ba jogou pela França, nunca os Les Bleus perderam qualquer jogo… Seis vitórias e dois empates, contando-se uma vitória contra Portugal no qual o extremo marcou um dos golos!

 


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