‘Je suis’ iguais
O racismo no futebol tem sido um dos temas mais debatidos nos últimos tempos, muito por causa do recente ‘caso Marega’. Mas está longe de ser um caso isolado e ainda mais longe de ser exclusivo ao futebol. Je suis ‘iguais’.
Um problema da sociedade com reflexos no futebol
O racismo é transversal a toda a sociedade, e sendo o futebol um desporto transversal a toda a toda a população, acaba por ser um dos focos do problema, até pelo seu mediatismo.
Não são poucas as vezes, e uma já seria demais, em que num qualquer café ou estádio, após uma má decisão de um jogador durante o jogo, ouve-se em alto e bom som uma ‘boca suja’ a denegrir a imagem do atleta, não pela sua habilidade, mas pela sua ascendência.
Tendo como amostra aquilo que vou assistindo, se nas conversa de café esses comentários estão mais ligados a pessoas nascidas nos anos 40, 50 e 60, num estádio estão também ligados às claques.
No entanto, em termos gerais da sociedade, notamos que as novas gerações lidam cada vez melhor a diferença. Aliás, a diferenças somos ‘nós’ que as criamos, Ver os outros como iguais, é algo natural que nasce connosco, no entanto, ao longo da vida, o meio envolvente vai deturpando essa ideia sem filtros.
Claques um mal (des)necessário
Vão a todo o lado apoiar os seus clubes, faça chuva ou faça sol, gritam até ficar roucos. Principalmente quando as coisas correm bem. E quando não correm?
Estamos a falar de grupos que integram pessoas com comportamentos desviantes, algumas delas cadastradas, que têm no ‘amor obsessivo’ pelo seu clube uma das suas forma de vida. E, tal como qualquer outro relacionamento obsessivo, proporciona atitudes radicais e extremistas mesmo para com o próprio clube. Além de fazerem dos rivais, autênticos inimigos de batalha.
Nem todos os membros das claques partilham destas características, mas como parte integrante de um grupo, por um acabam por pagar todos. No entanto, hoje me dia, com o número de câmaras de filmar existentes na maioria dos estádios e o nível de segurança, deveria ser mais fácil identificar quem tem comportamentos indevidos, e não só multá-los, como banir a sua entrada em recintos desportivos. Muitas vezes é a impunidade que estes têm, que os fazem continuar a ter estes comportamentos desviantes.
Hoje em dia, quem acaba por arcar com as consequências, a seguir às vítimas, são os clubes, que além de multas acumulam processos de interdição do estádio. No entanto, com tanta segurança para entrar num estádio, os clubes deveriam criar condições para
A atualidade política têm dados sinais contrários
Ao longo dos anos, o racismo tem sido combatido no futebol através de várias campanhas. Muitas delas impactantes, pondo como protagonistas os atletas, ídolos de milhões de miúdos e graúdos.
No entanto, no passado recente, as forças políticas ligadas direita têm ganho uma maior relevância dentro dos seus países, o que faz com que os xenófobos ‘ganhem peito’ para gritar alto aquilo que muitas vezes só pensavam ou diziam em zonas de conforto.
Não é por acaso o número crescente destes casos, um dos mais mediáticos, na deslocação da seleção inglesa à Bulgária. Há uns anos, o brasileiro Dani Alves, em sinal de protesto teve uma atitude que se tornou viral, quando comeu uma muitas bananas arremessadas para o relvado. Balotelli, sendo um jogador que ferve em pouca água, também já passou por algumas situações destas.
Marega, Renato Sanches e Nelson Semedo
Em Portugal, mesmo antes de Marega, houve casos com Renato Sanches e Nélson Semedo. Este último na rescaldo da situação Marega, veio mesmo dizer, que se voltasse atrás no tempo, teria tido a postura de sair do campo. No caso de Renato, houve um multa de 500 euros aplicada a quem ofendeu. Sim, é verdade, não foi engano, foi mesmo 500 euros!
Qual é a verdadeira questão?
O problema não está apenas na cor da pele! É juntar esse factor a um jogo de futebol onde a paixão, muitas vezes, ultrapassa todos e quaisquer limites. Vamos a um exemplo prático: se um jogador jogar bem, o adepto mais fervoroso acaba por deixar para segundo plano o seu lado xenófobo, pois a paixão pelo clube supera isso. Se o jogador for de outro clube, quando melhor ele jogar, maior será a tendência a este ofendido pela sua cor de pele.
Ainda mais estranho se torna, quando sabemos que dentro e fora das claques, existem adeptos das mais variadas ascendências. Mas quando falamos no lado mau do ser humano, muitas das coisas não têm lógica nem encontramos um explicação ou justificação unânime.
Importante é quem infringe regras ser identificado e severamente punido. Se os clubes não criarem medidas para combater ou não ajudaram na identificação destes indivíduos, deverão também sofrer consequências.
Somos todos iguais, e se há uma coisa que devia unir e não separar (ainda mais) as pessoas é paixão comum pelo FUTEBOL. Só que, muitos adeptos, sócios e comentadores têm a sua verdadeira paixão em tudo o que gira à volta do futebol.