5 jogadores que ficaram no mesmo clube do princípio ao fim da carreira
Jogadores que nunca abandonaram o clube onde “nasceram” por várias razões… da lenda blaugrana até ao mito milanês, estes são 5 jogadores que são inesquecíveis pelo seu papel no futebol.
Texto feito em parceria com João Portugal e Ricardo Lestre
CARLES PUYOL (FC BARCELONA)
Desde que rejeitou o pedido de Van Gaal para cortar o seu longo cabelo loiro, quando foi promovido de La Masia à equipa principal, Carles Puyol foi o coração do grande Barcelona deste século.
21 anos com Los Culés, 15 épocas na principal, 0 momentos em que parou para repor o fôlego. Foi o heavy metal, o seu estilo de música e de jogo preferidos, do tiki-taka. Não houve um posicionamento que não fosse corrigido por si, ninguém escapou a um berro seu no terreno de jogo.
Quanto mais complicado o adversário, mais sobressaía. O coração fez sempre parte do equipamento, o sangue é blaugrana.
PAOLO MALDINI (AC MILAN)
Paolo Maldini, um dos últimos membros da lista dos one-club men. Filho de uma outra glória dos rossoneri, Cesare, Paolo tratou de igualar os feitos do seu pai. A 20 de janeiro de 1985 estreou-se pela mão de Nils Liedholm na equipa principal do AC Milan… e o resto é história.
Venceu todos os títulos e mais alguns por um dos maiores clubes a nível mundial, ainda que nos dias de hoje se encontre adormecido.
Chegou aos 10, terminou aos 40. Foram 30 anos de dedicação a um único clube, o vermelho e preto da glamorosa cidade de Milão, com mais de 900 (!) jogos disputados.
Um ícone, uma lenda que cravou, por razões óbvias, o seu nome na história do futebol. Paolo Cesare Maldini, Il Capitano, não só um dos melhores defesas, mas um dos maiores exemplos de lealdade… de todos os tempos.
LARS RICKEN (BORUSSIA DORTMUND)
O conto de Lars Ricken no Dortmund é daquelas histórias fantásticas do futebol mundial. Nascido e criado em Dortmund, no qual a sua casa não ficava nada longe do estádio, o futuro avançado do Borussia de Dortmund, desde cedo foi um apaixonado pelo futebol, começando a praticar desde os 8 anos. Após anos a jogar em equipas de formação deu o salto aos 16 para o maior clube da cidade.
Aos 17 deu o seu primeiro salto até à Bundesliga e começou a galgar metros na sua jovem carreira de futebolista. Coincidentemente, apareceu na melhor altura dos Borussen, momento esse em que dominavam o futebol alemão e em que obtiveram grandes vitórias europeias. Na final da Liga dos Campeões de 1997 frente à Juventus, Ricken entrou do banco e só com 16 segundos atirou um remate indefensável à baliza defendida por Angelo Peruzzi.
O 3-1 e a conquista da prova deram a Ricken e aos seus colegas um estatuto de lendas único e fantástico. Porém, ao contrário de Paulo Sousa, Stéphane Chapuisat, Matthias Sammer, Paul Lambert, Lars Ricken foi um dos dois únicos jogadores a fazer a carreira na totalidade no Dortmund (o outro foi Michael Zorc, um médio-centro de inegável qualidade) com 360 jogos e 80 golos pela formação alemã.
Um símbolo do clube, Ricken possuía um pé esquerdo bombástico, uma agilidade e facilidade em fugir de ponta e uma visão de jogo que hoje em dia o seria muito apreciada. Mesmo quando já definhava, recusou sempre partir para outras paragens, apesar dos convites. Ainda hoje em dia trabalha no clube na formação, o antigo internacional alemão (foi ao Mundial de 2002, no qual os germânicos terminaram no 2º lugar) que meteu aquele golo fenomenal contra a Juve em 97′.
PAUL SCHOLES (MANCHESTER UNITED)
Quantos “miúdos” gostam de se personificar no campo de futebol como “descendentes” de Paul Scholes, o médio inglês que fez parte da melhor era de sempre do Manchester United? O médio-centro do Manchester United, que se retirou do futebol em 2014, completou 718 jogos pelos Red Devils e 155 golos, Scholes foi uma peça basilar durante os anos de hegemonia do clube liderado então por Sir Alex Ferguson.
Engraçado que o escocês recusou integrar o jovem médio no plantel principal, referindo que era “demasiado baixo para jogar. Parece um anão, não vai ganhar no confronto físico”. Felizmente, para a História do futebol inglês e mundial, Ferguson deu uma oportunidade ao jovem Paul Scholes em 1994 e arrependeu-se das palavras proferidas há quatro anos atrás.
Paul Scholes tinha uma visão de jogo fenomenal, um tacto com a bola harmonioso e uma forma de trabalhar no “miolo” de jogo que deixa saudades. Intenso na forma de lutar pela posse de bola, o médio foi conquistado a titularidade com o tempo. Durante anos a fio era impossível tirar a bola dos pés de Paul Scholes e, em caso que alguém o conseguisse, era imediatamente “apanhado” e espoliado dessa pequena vitória.
Outro pormenor do futebol do médio, era o seu pé-canhão, que causou devastação em diversos jogos da Premier League, FA Cup e Liga dos Campeões. Relembrar que em 2008 foi um dos responsáveis pela vitória do clube na maior prova continental europeia, com um domínio do meio-campo que ainda hoje deixa saudades no Manchester United.
Sempre leal aos Red Devils, Paul Scholes ainda hoje em dia é um daqueles nomes que faz tremer Old Trafford e com bons motivos para tal.
FRANCESCO TOTTI (AS ROMA)
Polémico, controverso, apaixonado, raçudo e mágico são tudo palavras que podem e devem ficar anexadas à lenda de Roma, Francisco Totti. Um avançado com um talento fenomenal, fez as delícias de um dos maiores emblemas italianos dos últimos 60 anos, com golos soberbos, passes de sonho e expressões que animaram o publico e a imprensa. Mas realmente Totti foi assim tão lenda como os adeptos do futebol quererem fazer parecer? Sem dúvida alguma.
Mais de 600 jogos, 250 golos e um campeonato italiano (entre a hegemonia da Juventus, Milan e Inter, a Roma em 2000 apareceu em força), duas Taças de Itália e uma série de boas performances na Europa, foram alguns marcos de Totti a nível colectivo. Não só isso, como também foi uma das maiores peças durante anos a fio dos Giallorossi, onde somou vários títulos a nível individual com a Bota de Ouro em 2007, cinco vezes como o melhor jogador a actuar em Itália, top-10 dos prémios da FIFA e muito mais.
Mas era aquela paixão que Totti emanava pela sua equipa, onde sacrificava o seu corpo pela Roma sem pensar duas vezes, assumindo-se como o primeiro defensor da Honra e Glória do clube. Recusou inúmeros convites feitos pelo Real Madrid ou Manchester United, optando sempre por manter os seus pés na capital romana, como ficou bem patente numa frase proferida em 2010,
“Ganhar um campeonato italiano vale bem mais do que ganhar 10 pelo Real Madrid ou Juventus. (…) Nasci adepto da Roma, vivi como adepto da Roma, joguei na Roma e quero morrer como jogador da Roma.”