O melhor ficou para o fim ! – Francisco “Mini” Vieira ep. VIII

Fair PlayMaio 31, 201810min0

O melhor ficou para o fim ! – Francisco “Mini” Vieira ep. VIII

Fair PlayMaio 31, 201810min0
Francisco G. Vieira disse adeus aos Titans e regressou a Portugal, mas antes contou o que se passou no final, em que conheceu uma lenda do rugby mundial!

O DERBI DE LEEDS

Depois de uma curta passagem pela seleção, era altura de regressar em definitivo para Rotherham e terminar a época com os 3 últimos jogos do campeonato.  Com as performances ao serviço da seleção voltei às convocatórias pelos Titans e,em Londres para um jogo onde só a vitória com ponto bónus nos interessava, acabámos por ter um estranho regresso às exibições desastrosas da primeira metade da época.

Com muitas falhas defensivas e um jogo atacante sem imaginação, quando entrei a 20 minutos do fim, já pouco havia a fazer. Contudo, para mim, seria uma chance de mostrar o que sou em campo. E assim foi, apesar da derrota colectiva, individualmente ganhei um lugar na equipa titular para o próximo jogo.

Jogo esse que era nada mais nada menos que o derby de Yorkshire. Contra o Leeds (Yorkshire Carnigie) de Sir Ian McGeechan, estava em disputa o ”Yorkshire Regiment Trophy“, e nada melhor que despedirmos-nos dos jogos em casa com um vitória. Uma semana de treinos algo atípica, depois de um duro jogo em Londres, as baixas eram muitas mas para compensar a baixa moral, houve um grande acumular de expectativas em relação ao derby.

Equipamentos especiais, em honra das Forças Armadas Inglesas, e muitos fãs que passavam por nós e nos diziam que “este fim-de-semana vamos ganhar! Em casa contra o Leeds, temos que ganhar!”. O plano de jogo passava pela defesa e pelo controlo territorial, e com isso chegar ao intervalo dentro do resultado e com bons níveis de energia.

O jogo começou literalmente com um ensaio de maul para o Leeds e não podia ter tido pior começo, mas depois de algumas fases de ataque à mão no meio campo deles, o nosso chutador penalizou a indisciplina dos visitantes com duas penalidades irrepreensíveis. Contudo, encontrámos-nos novamente a defender no nosso meio-campo, chegando mesmo a passar bastante tempo nos nossos 22, mas após vários minutos de defesa corajosa  mas e colectiva, o resultado ao intervalo era 6-7 para os visitantes.

Primeiro objectivo cumprido, e com o início da 2ª parte, a ideia agora era atacar e subir o ritmo. Mais um ensaio madrugador para o Leeds poderia deitar abaixo a mais comum das equipas, mas desta vez o espírito era outro, e em 12 incríveis minutos, demos a volta ao marcador com 3 ensaios e duas penalidades que acabaram por nos dar a vitória apesar dos 4 ensaios marcados por Leeds.

Pessoalmente, é capaz de ter sido dos melhores jogos da minha passagem por Inglaterra, e depois de elogiado pelo treinador e colegas de equipa ainda sonhei receber o prémio MVP do jogo das mãos do Sir Ian McGeechan mas, merecidamente, a sua escolha foi para o nosso nº10, Caolan Ryan que de facto, nos manteve no resultado e nos acabou por dar a vitória com o seu pé bem afinado.

A boa performance individual, a vitória e o facto de ter cumprimentado um verdadeiro ícone do Rugby Mundial como o é o Sir Ian McGeechan fizeram o meu dia.

A vitória no derby ecoou durante as semanas seguintes especialmente nos adeptos que, apesar de uma época desastrosa para o clube, deliraram com o resultado e nas 2 semanas que se seguiram, o sorriso foi presença assídua na clubhouse.

O último jogo foi em Nottingham e de facto, mais uma vez tenho de salientar a quantidade de adeptos que fez a viagem até ao Lady bay, ainda bastante animados pelo jogo anterior, é capaz de ter sido o jogo fora onde tivemos mais adeptos. Ainda com boas repercussões do derby, foi incrível todo o carinho que me passaram, tanto no aquecimento, durante o jogo mas especialmente após o apito final.

Com o play-off de apuramento para o Mundial em vista, viajei no dia seguinte para Portugal, uma vez que, apesar de toda a incerteza, não queria perder nenhuma oportunidade de seleção para jogar por Portugal,  terminando assim a minha aventura em Rotherham.

O ADEUS AOS TITANS302 dias depois de ter chegado aos Titans, treinos à neve, à chuva, ocasionalmente ao sol mas sempre ao frio, viagens de 9 horas, horas e horas no computador estudando adversários e revendo treinos e jogos, treinos intensos e treinos mais calmos, treinos em equipa e muitos treinos individuais e ainda algo que nunca tinha imaginado como passagens pelos Wasps, que apesar de ser a 2ª equipa, a camisola é a mesma.

Posso com isto dizer que sou um jogador melhor mas principalmente uma pessoa melhor por ter passado por um dos melhores campeonatos europeus.  Tenho de agradecer a todos os incríveis e fiéis adeptos que ao longo da difícil época fizeram questão de nos acompanhar e apoiar sempre! Aos Vice-Presidentes, que diaramente mantêm o clube a funcionar e à Lindsay Jones e The Imperial Tea Rooms como meus patrocinadores.

Um especial obrigado ao Muaz Buaben (Preparador Físico) e ao Ed Robinson, por todas as horas de apoio, instrução, acompanhamento e amizade. Muito obrigado também ao Francisco Isaac e ao Fair Play, pela oportunidade de partilhar esta minha primeira experiência profissional.

ENGLISH VERSION | VERSÃO INGLESA

THE CLASH WITH LEEDS

After a short stint with the National Team, it was time to return to Rotherham and finish the season with the last 3 games. My performances while playing for Portugal gave me the chance to get back in the squad for the Titans and, in a game where only the 5 points were good enough to keep “the Great Escape” alive, we ended up coming back to the disappointing performances of the start of the season. With a lot of defensive mistakes and an unimaginative attack, by the time I came on, there wasn’t much I could do.

However, for me it was a chance to try and prove myself once again, which I did and after the game, some good feedback came my way and I conquered a starting place on the next game. No more and no less than the Yorkshire derby against Sir Ian McGeechan’s beloved Leeds (Yorkshire Carnigie).

We would be playing for the “Yorkshire Regiment Trophy” and there would be nothing better than saying goodbye to Clifton Lane with a win.

A somewhat different training week due to all the casualties that resulted from a hard game in London, however, there was a lot of build up to the game, with some special kit being launched just for the game, honouring the troops, and a lot of fans passing by and saying this was the game to win! At home, against Leeds.

The game plan consisted on defending our hearts out and managing territory and possession in a way that allowed us to still be in the scoreboard at halftime. It pretty much started with a Leeds try, which was a bit of a setback, a try this early can compromise your gameplan, but it didn´t have that effect on us, and after a few good attacking phases on their halfway, our goal kicker penalized their indiscipline with 2 immaculate kicks.

Yet, we still spent a considerable amount of time defending our try line but some gutsy and collective defence maintained the scoreboard on 6-7 to the visitors. First objective accomplished, now, with 2nd half under way, the plan was to attack them and speed up the pace. Another early try for Leeds, once again, could have compromised our spirit, but again, it didn´t and after some unbelievable 12 minutes of rugby from ourselves, we were winning the game.  In spite of the 4 tries scored by Leeds, our goal kickers kept us in a winning trajectory.

Personally, it probably was my best performance in a Rotherham shirt and after some compliments and good feedback, I had right to dream with being awarded MVP by Sir Ian McGeechan himself. However it was just a dream, since he decided, and very well, to give it our nº 10 Caolan Ryan who had great game, yet again.

The good performance, the Win and the fact that I had the opportunity to say hello to a true rugby legend made my day!

The win echoed throughout the following weeks especially with the fans, and in spite of the disastrous season we had, everything seemed ok, with “ear to ear” smiles everywhere you looked.

The last season game was in Nottingham, and once again, I was amazed by the amount of fans that travelled to Lady Bay. They were all still pretty lively from the last game and I have to say it was amazing to feel all the Love that they gave me, in the warm-ups, during the game and especially after the final whistle.

GOODBYE TO THE MIGHTY TITANS

With the RWC Play-off on sight, I travelled the next day to Portugal, since I didn’t want to waste any opportunity of selection by not being present, in spite of all the uncertainty around the dates of training and the game itself.

And this closes my chapter with the Titans. 302 days after my arrival, after training in the snow, in the rain, occasionally in the sun, but always in the cold, 9 hour bus trips, hours and hours in front of the computer, analysing opponents , reviewing games and training sessions, some very hard sessions others a little bit more laidback and a lot of individual skills (that I have to thank TJ for being always there on his day off and supplying me with all the training equipment that I needed)  and something I had never imagined like playing with a Wasps shirt on, in spite of being the 2nd team, it is still a Wasps shirt.

With all of this I can definitely say I am a better player and better person know that I’ve had this great experience in one of the best European Championships. I have to thank to all the amazing fans in Rotherham, especially the VPs and Lindsay Jones with the Imperial Tea Rooms for all the love and amazing support. I also would like to give a word of appreciation to Muaz Buaben the S&C coach and Ed Robinson, for all his hours of dedication, help, instruction and friendship.

To finish off, thank you very much to Francisco Isaac and Fair Play for the opportunity to share my first professional experience in England.

Foto: Arquivo Pessoal

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