FP Tatic 101: O Todo Poderoso, Manchester City

João NegreiraAgosto 26, 20187min0

FP Tatic 101: O Todo Poderoso, Manchester City

João NegreiraAgosto 26, 20187min0
Queres perceber como funcionam alguns mecanismos do Manchester City de Guardiola? Lê o nosso FP Tactic e fica a perceber!

Iniciamos esta rubrica da melhor forma, com aquela que tem sido apelidada da equipa que melhor futebol pratica no mundo. O Manchester City, orientado por Pep Guardiola, é alvo de observação no FP Tatic!

Neste artigo, tentaremos explicar alguns detalhes que fazem com que os cityzens se sobreponham (quase) sempre. Mais que dar a conhecer a tática, tentaremos clarificar, de uma forma genérica, a sua ideia de jogo e alguns comportamentos que façam a diferença perante os demais.

Falar do Manchester City, é falar de muito dinheiro investido e do futebol que praticam. Apesar de alguns críticos, pensarem apenas na primeira opção e que ao trazer bons jogadores com muito dinheiro, a equipa joga sozinha, a verdade é que existe uma relação entre as duas.

Por exemplo, para o estilo de jogo que Guardiola quis implementar, um guarda-redes libero era necessário – Ederson desempenha esse papel na perfeição. Os extremos também foram contratados à lupa – primeiro Sané e Bernardo Silva e agora Mahrez. Não é ao acaso que as coisas acontecem neste City.

Primeiramente, é necessário falar do sistema utilizado. Não porque isso seja fundamental na estratégia de Guardiola, até porque é exatamente o oposto. O sistema tático utilizado pelo timoneiro espanhol é meramente uma maneira de colocar os jogadores em campo. Dependendo da maneira como o jogo se desenrola ou do que está a acontecer, o sistema vai mudando.

De referir também que o sistema é muito flexível e que, tomemos o exemplo dos 3 primeiros jogos oficiais desta época, onde o City utilizou 3 sistemas diferentes. O importante a ter em atenção é que os comportamentos e as movimentações durante todo o jogo são sempre mais importantes do que o sistema apresentado.

Porém, trabalhemos agora com um 433. São 4 defesas; 1 médio-defensivo e 2 médios-centro; 2 extremos e 1 ponta de lança.

O 11 base do Manchester City. (Fonte: Build Lineup)

O estilo de jogo baseia-se na posse de bola. Para onde passamos a bola, onde temos que estar para receber a bola e como temos que nos movimentar para dar mais linhas de passe. É um futebol que se prende pela movimentação dos jogadores, seja para dar linhas de passe ou para iludir o adversário, onde todos contribuem em todas as situações de jogo.

Organização Ofensiva

Os 5 homens mais recuados participam na 1ª fase de construção, sejam eles: guarda-redes, defesas-centrais (2), defesas laterais (2) e médio-defensivo. O centrais abrem até ao limite da grande área e os laterais sobem para dar profundidade e largura ao jogo. Nesse momento, o trinco desce e forma uma linha de 3 jogadores com os centrais.

O mais importante a realçar é que mal recebem a bola, os jogadores já sabem para onde passá-la. São jogadores inteligentes a esse nível, sendo que é Guardiola quem aperfeiçoa isso.

Seguidamente, os outros jogadores vão descendo no terreno para atrair jogadores adversários e deixar espaço livre na frente. Imaginemos, um médio-centro recua para ajudar na saída de bola e atrai um jogador contrário. Ao deixar um espaço aberto nas suas costas, faz com que apareça algum homem que dê uma linha de passe.

De mencionar que existe uma preferência para com os passes curtos, onde existe uma chance menor de os errar. Mesmo que os passes sejam feitos apenas entre 2 jogadores, podemos afirmar que isso é propositado para que aconteça o que explicámos no parágrafo anterior.

Seguidamente, já em organização ofensiva, o trio defensivo (centrais e trinco) mantém-se; os médios-centro apoiam os 3 homens da frente; e os laterais fecham no meio.

Isto acontece porque os cityzens na sua manobra ofensiva expõem-se muito. Colocam muita gente em posição para finalizar, com muitas movimentações e para isso têm que se precaver lá atrás, nomeadamente com os laterais, o trinco e o guarda-redes.

Com estes laterais invertidos, o City prevêm-se contra as transições rápidas do adversário. Ao invés de terem um papel fulcral na manobra atacante, fazem a cobertura ofensiva, não permitindo essa transição.

Por outro lado, o trinco também está preparado para fazer esse papel, sendo a sua cobertura a defensiva, já que o seu papel não é cortar o jogo do adversário, mal ele ganhe a bola, mas sim saber posicionar-se para não deixar o rival continuar o seu contra-ataque.

O guarda-redes também tem um papel fundamental nestas situações. Ederson, trabalha quase como um libero, já que dá bastante segurança fora dos postes e tem um bom jogo de pés. Por isso, se a equipa contrária, conseguir passar pelas outras duas barreiras e preparar um contra-ataque rápido, ainda tem que passar por alguém que não tem medo de ir na disputa de bola, fora da área.

Lá na frente, em organização ofensiva, os médios-centro jogam muito avançados e também muito por dentro, dando apoio tanto aos extremos, como ao ponta de lança. Estes têm liberdade para se movimentarem (até para trocarem de posição com o extremo), sendo a sua maior preocupação, dar linhas de passe.

Passando para os próprios extremos – recorde-se o que referimos sobre as contratações – estes têm que ser ótimos dribladores, com grande poderio no 1 contra 1 e muito rápidos. Assim conseguem desmontar equipas bem posicionadas defensivamente, devido à sua imprevisibilidade com a bola nos pés. Lá na frente, a mobilidade é a palavra-chave!

Organização defensiva

A parte defensiva da equipa do Manchester City é eficaz e bem mais simples. E porque a melhor defesa é o ataque, comecemos por aí mesmo.

Na pressão ao adversário, todos os jogadores participam na marcação, muito avançados no terrenos, sem deixar a outra equipa respirar. Aludir para o facto da pressão não ser feita ao acaso, já que os jogadores sabem que linhas de passe é que têm que tapar.

Enquanto um jogador pressiona alto, os outros fecham as outras linhas de passe, não desmontando a estrutura e não procurando ir mais jogadores na pressão (que é o que as outras equipas fazem contra o City). Por outras palavras, os cityzens fazem com que o adversário erre ou que chute a bola na frente.

Como não poderia deixar de ser, a reação à perda de bola é muito boa, sendo muito agressivos na recuperação da mesma, seja em que parte do campo for.

Na defesa, são muito organizados e aí sim, mantém um esquema tático. Como passam mais tempo com bola, do que sem bola, é natural que sejam mais agressivos quando não têm. O City não é uma equipa que comete muitas faltas durante o jogo, comete, sim, quando não tem a bola, que acaba por ser durante pouco tempo.

Contudo, a organização, a basculação e a agressividade são palavras chave na manobra defensiva do Manchester City.

Em jeito de conclusão, esclarecer que o artigo apresenta apenas alguns detalhes da equipa de Pep Guardiola, mas que são fundamentais no processo da mesma. Em traços gerais, não de uma forma pormenorizada, apresentámos a sua ideia de jogo e alguns comportamentos do City que fazem a diferença perante os demais.

De referir também que o que explicamos aqui, pode não acontecer todos os jogos, em todas as situações de jogo, já que o futebol é um jogo imprevisível e que não conseguimos que aconteça sempre o que queremos.


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