Stranger Rules: um jogador a jogar por duas equipas… no mesmo jogo?

Rui MesquitaFevereiro 29, 20204min0

Stranger Rules: um jogador a jogar por duas equipas… no mesmo jogo?

Rui MesquitaFevereiro 29, 20204min0
Parece mentira mas a NBA teve um jogador a marcar pontos por duas equipas no mesmo jogo! Como? Com um conjunto de regras estranhas, descobre tudo aqui!

Como em Hawkings de Stranger Things, coisas e regras estranhas existem em todos os desportos e aqui vamos abordar as mais estranhas, confusas e surpreendentes de todas! Não percas nenhuma e diz-nos qual a mais estranha (o verdadeiro Demogorgon) de todas!


As regras de qualquer desporto costumam ser claras quanto a isto. Durante um jogo, é impossível um jogador jogar pelas duas equipas envolvidas. Não há compras de jogadores a meio da partida nem trocas entre as equipas que valham durante o jogo. Isto porque as fichas de jogo são feitas antes deste começar e um jogador ou está inscrito numa equipa ou na outra.

Que regra estranha pode desmentir o parágrafo anterior? Um conjunto delas e uma zona cinzenta que permitiu o improviso. Tudo isto numa das ligas mais vistas e famosas do mundo: a NBA. O ano era o de 1978, num jogo entre os New Jersey Nets e os Philadelphia 76ers, mas já lá vamos.

As regras e o momento que estragou tudo

A NBA tem aquilo a que chama de faltas técnicas, faltas fora do jogo, dadas por protestos ou outras condutas inapropriadas. Com duas faltas técnicas o jogador ou treinador é expulso da partida. Cada falta técnica dá à equipa adversária um lance livre e o jogo retoma no ponto em que estava antes da falta.

O que correu mal neste jogo entre Nets e 76ers? Estávamos em novembro de 1978 e Bernard King dos Nets levou a sua segunda falta técnica da partida no terceiro quarto do jogo. Ao dirigir-se ao balneário, King pontapeou uma cadeira e o árbitro da partida deu-lhe uma terceira falta técnica. Sim, uma falta técnica a um jogador expulso e mais um lance livre para os 76ers.

Bernard King é um dos protagonistas da história (Foto: The Brooklyn Game)

O treinador Kevin Loughery dos Nets foi, claro, protestar com o árbitro da partida e levou também ele duas faltas técnicas para juntar à falta que já tinha. Algo absolutamente inesperado e nunca visto. Os Nets perderam esse jogo por 4 pontos num segundo prolongamento por isso sim, esses lances livres fizeram diferença no resultado final.

Os Nets protestaram o jogo e o comissário da NBA da altura Larry O’Brien concordou com o protesto da equipa de New Jersey. A solução? Recomeçar o jogo no momento em que Bernard King levou a segunda falta técnica. Eliminava-se assim a asneira do árbitro Richie Powers tinha cometido ao dar demasiadas faltas técnicas.

A troca e o final do jogo

Tudo isto foi improvisado, não havia uma regra que dizia que o jogo devia ser repetido, muito menos a começar já no terceiro período. Larry O’Brien decidiu isso e as equipas repetiram o final do jogo… mais de 4 meses depois.

A repetição ocorreu apenas a 23 de março de 1979 e, entre dois “jogos”, Nets e 76ers fizeram uma troca entre si. Eric Money e Al Skinner seguiram para Philadelphia e Harvey Catchings e Ralph Simpson para New Jersey. O problema é que Money e Catchings tinham participado no jogo em novembro e Money tinha até marcado 37 pontos pelos Nets (27 até à asneira do árbitro).

Eric Money é um nome histórico na NBA (Foto: Amazon)

O que fazer neste caso? Os jogadores devem poder jogar pela sua nova equipa? Devem jogar pela equipa em que estavam na altura do jogo? Não devem jogar de todo? Mais uma vez foi decisão da NBA e O’Brien decidiu que funcionaria como se fosse um novo jogo. Assim, Money jogou pelos 76ers e Catchings pelos Nets. Assim, estes foram os 2 únicos jogadores a jogar por duas equipas no mesmo jogo da NBA.

Money foi ainda mais longe e tornou-se o único a marcar pontos por duas equipas na mesma partida ao marcar 8 pontos no final do jogo em março.

Os 76ers, com a ajuda da sua nova aquisição, venceram o jogo no tempo regulamentar por 123-117. O resultado acabou por ser o mesmo mas a história ficou escrita. Dificilmente teremos um novo caso de um jogador a marcar pelas duas equipas num jogo da NBA. Assim, Eric Money será para sempre lembrado como o único a conseguir fazê-lo, mesmo que para isso tenha demorado mais de 4 meses e tenha contado com a ajuda de um árbitro louco a distribuir faltas técnicas para todo o lado.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS