O “ás” inesperado – Pepe, o “centralão” do Dragão

Francisco IsaacMaio 6, 20243min0

O “ás” inesperado – Pepe, o “centralão” do Dragão

Francisco IsaacMaio 6, 20243min0
Chegou proveniente do Marítimo quando poucos o conheciam e acabou por ser revelar um portento talentoso no Dragão: Pepe, o ás inesperado!

Nesta rubrica vamos visitar o contrário do “Flop”, ou seja, jogadores que chegaram a Portugal sem grande espalhafato e conseguiram não só se afirmar como foram preponderantes para o sucesso das suas equipas, caso de Hulk, Angel Di Maria, Pepe ou Islam Slimani. 

Antes que seja inundado com comentários como “Mas o Pepe não foi inesperado! Já era sabido que era bom!”, respondo com um: não. Pepe esteve à experiência no Sporting CP de Laszlo Boloni e acabou por não ficar em Alvalade, nunca se sabendo as razões pelo qual a direcção de Dias da Cunha nunca ter fechado a contratação. A verdade é que após essas duas semanas a treinar à experiência, Pepe regressou à Madeira para se afirmar e aos 20 anos ajudou o clube a registar uma das melhores temporadas de sempre, terminando no top-8, com apuramento garantido para a Taça UEFA. Porém, e apesar de ter estado em alto nível, Pepe era etiquetado como um defesa demasiado casmurro, excessivamente intenso e abrasivo, que tomava más decisões quando debaixo de uma enorme pressão.

Passou 2002/2003, veio 2003/2004 e, no Verão do fim dessa época, Kepler Laveran de Lima Ferreira, ou mais comumente conhecido por “Pepe”, assinou contrato com o FC Porto, ingressando na equipa que seria treinada por Victor Fernandez, . Pepe chegou e não convenceu a maioria dos adeptos, que viam no brasileiro-português um jogador demasiado irascível e com alguns comportamentos demasiado agressivos (algo que viria a repetir em Madrid, infelizmente) e que colocavam a equipa em perigo. Logo na primeira época de Dragão ao peito, o central foi expulso numa ocasião e foi ainda admoestado com 8 cartões amarelos em 20 jogos, um número alto, especialmente para alguém novo, que foi suplente na maior parte dos jogos e que precisava de ganhar o seu espaço.

De qualquer forma, a época caótica no Dragão acabou por forçar a entrada de um novo treinador que fez reset a tudo, sendo essa pessoa Co Adriaanse, um treinador decisivo para o seguinte fase de crescimento do defesa-central. Pepe poderia ter tido o azar de vários outros reforços que chegaram na época anterior, saindo pela porta pequena como Léo Lima, Cláudio Pitbull, Luís Fabiano, entre outros, nunca conseguindo confirmar o seu potencial. Porém, e felizmente para Pepe, Co Adriaanse acreditou no potencial do central e colocou-o no centro da sua defesa, conquistando a titularidade a partir da 8ª jornada, por via da derrota por 2-0 ante em casa frente ao SL Benfica. Bruno Alves e Ricardo Costa (ainda foi sendo titular em uns quantos jogos) foram colocados no banco de suplentes e Pedro Emanuel com Pepe assumiram o centro da defesa, com os Dragões a conquistarem a dobradinha nessa época.

O central nunca mais largou a titularidade e entre 2005/2006 e 2006/2007 somou 56 jogos, marcando 8 golos e 5 assistências, números que provavam a sua excelência. A evolução de Pepe foi de dia para a noite, passando de um jovem defesa que tremia a cada três jogos para um central confiante, duro (por vezes pouco leal) e imponente que preencheu as medidas da maioria dos adeptos do FC Porto. Novamente, quando o ex-Marítimo chegou ao Dragão, poucos acreditavam no potencial do central, sentindo que Ricardo Costa e Bruno Alves eram suficientes ou que possuíam um maior potencial, não sendo necessário apostar em alguém que não tinha ficado num rival.

Pepe foi uma das razões pelo qual o FC Porto conquistou dois títulos nos três anos em que jogou ao serviço do clube, saindo depois para o Real Madrid por 30M€, um valor recorde na altura para o campeonato nacional, isto quando falamos em vendas de centrais – mesmo valor que Ricardo Carvalho mas com mais bónus na venda.


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