Jovens estrelas que caíram cedo demais: Marc Stendera
Quantas jovens estrelas atingiram o patamar mais alto do futebol mundial para depois caírem abruptamente ou, pior, devagar sem nunca encontrarem um rumo de regresso aos títulos internacionais e aos grandes palcos (como é o caso de Marc Stendera)?
Nesta rubrica não procuramos descobrir quem tem culpa, mas sim as razões desse desaparecimento, perceber onde foram parar e se há alguma hipótese de redenção. E atenção, não dissemos desaparecemos porque ainda jogam seja numa primeira, segunda ou terceira divisão.
Se conheces mais casos deixa nos comentários para investigarmos e falarmos desses nomes.
MARAVILHA NAS ALAS SUB-20 QUE SE DISSIPOU NOS SÉNIORES
Em 2014, a Alemanha conquistaria aquele que seria o seu 6º troféu de campeões europeus de sub-20 derrotando a selecção portuguesa na final de um Europeu polvilhado de uma série de jovens de bom calibre, como Hany Mukhtar, André Silva, Marcos Lopes, Nemanja Maksimovic, Florian Grillitsch, não sendo das gerações mais espectaculares do futebol do Velho Continente. Entre estes nomes adicionamos um outro que desempenhou um papel fulcral nesta conquista bem sucedida da Mannschaft, de seu nome Marc Stendera, um médio-ofensivo/extremo que despontava ao serviço do Frankfurt, e detentor de dois pés de fina qualidade, especialmente no lançamento do jogo em profundidade ou no adoçar da bola nas recepções. O impacto de Stendera no Europeu de 2014 foi tremendo, com o criativo a participar em 6 dos 12 golos marcados pela Alemanha durante todo o torneio (incluindo meias-finais e final), impondo um charme extremamente auspicioso no controle do esférico, no dar rotação à equipa, no desenvolver de jogadas e no conseguir abrir as “portas” da defesa contrária, tendo deixado uma boa imagem na final ante Portugal.
As belas exibições registadas nesse Europeu galvanizaram a sua ascensão na equipa principal do Frankfurt, realizando uma época de excelência em 2014/2015, conseguindo ser 21 vezes titular durante aquela que foi a sua primeira época à séria no escalão máximo do futebol alemão. Volvido um ano, Stendera iria imperar com a mesma eloquência no Campeonato do Mundo de 2015 de sub-20, acabando por ser votado como um dos melhores jogadores da competição, mesmo com a Alemanha a ser eliminada nos quartos-de-final da competição, com o médio-ofensivo a marcar 4 golos e assistir por 4 vezes, estando por tanto ligado a 8 dos 18 golos marcados pela Mannschaft nessa edição da prova máxima de selecções jovens. E no Frankfurt? 2015/2016 voltou a ser uma época positiva e de bons momentos individuais, apesar do emblema do médio-ofensivo ter terminado nos últimos lugares, escapando da descida de divisão graças ao playoff de manutenção.
¿Lo recuerdan? ?
Marc #Stendera anotó un espectacular doblete en nuestra última visita a @Hannover96. ? #H96SGE #TBT pic.twitter.com/HA1KPrSIES
— Eintracht Frankfurt (@eintracht_esp) October 12, 2017
Então quando é que se dá a queda de Marc Stendera? A partir do ano de 2016. De quase 60 jogos em duas temporadas, para apenas uns parcos dois na temporada de 2016/2017, e tudo por conta de uma grave lesão a nível do joelho, que acabou por tirar-lhe a forma e minutos da temporada, como acabou por ser uma espécie de ponto de final na sua curva de crescimento e afirmação no futebol alemão. Seguiram-se mais duas épocas de serviço ao seu clube de sempre, mas sem nunca recuperar o brilho de outros tempos, apesar das tentativas de Niko Kovac em recuperar aquele que foi um dos talentos mais interessantes das gerações entre 2012 e 2014 do futebol alemão, com Marc Stendera a entrar naquele ciclo problemático entre lesões-recuperação da forma física-exibições pouco positivas-lesões, com a confiança do médio-ofensivo a sair completamente desgastada a cada retorno às boxes.
Aquele tratamento especial dado ao esférico e a facilidade com que saía a jogar e decidir uma jogada já não estavam bem lá, com uma certa lentidão a cair sobre si, consentindo excessivos erros na transição ofensiva ou no aguentar dos choques físicos, com os atributos geniais do passado a ficarem completamente submersos perante uma condição física inadequada e um joelho que parecia ceder a cada entrada ou jogada mais exigente. Quando o contrato termina em 2019, Marc Stendera procurou melhor sorte no Hannover 96, optando por descer um nível competitivo na busca da sua reafirmação… infelizmente, não foi isso que se sucedeu, e o médio acabou por ter uma temporada de vários altos e baixos ao serviço deste seu novo clube, registando três assistências em 17 jogos, e uma saída a custo-zero no fim da temporada de 2019/2020.
Sem ofertas de qualidade quer da Bundesliga ou 2.Bundesliga, o criativo acabou por aceitar um convite do FC Inglostadt, rumando ao terceiro escalão competitivo alemão, na procura de se reerguer e tentar almejar um retorno ao segundo ou primeiro escalão. E, naquilo que parecia ser um ressuscitar de carreira, Marc Stendera deu uma ajuda importante para o Inglostadt subir de divisão e voltar à 2.Bundesliga, com alguns golos, assistências e exibições de luxo, prometendo mais e melhor… infelizmente, a Janeiro de 2022, o antigo internacional sub-20 alemão foi suspenso da equipa principal do clube pelo treinador Rudiger Rehm, e acabou a treinar com as equipas secundárias do Inglostadt, sem que fossem explicadas as razões e motivos por esta decisão, especialmente quando o atleta nunca protagonizou acções do género no passado.
No Verão transacto, Stendera acabou por rescindir a custo-zero e assinar pelo VfB Oldenburg da 3ª divisão alemã, e desde então só jogou uns quantos jogos nesta nova aventura no futebol profissional. Marc Stendera prometia ser um daqueles nomes de peso da Bundesliga, com uma carreira estável e interessante, oferecendo uma visão de jogo bem trabalhada, uns pés talhados para fazer “milagres” e um capricho por adoçar as jogadas com belas notas artísticas, mas as lesões, os momentos negativos, uma suspensão “estranha” e a queda abrupta de confiança foram os ingredientes para empurrar uma carreira auspiciosa para um pântano de dúvidas e bem longe dos holofotes da Bundesliga.
Ainda poderá ir a tempo de retornar aos palcos principais do futebol germânico, mas a sorte tem de estar do lado de alguém que tem sido atacado pelo azar desde 2016.