Jovens estrelas que caíram cedo demais: Francisco Jusué

Francisco IsaacNovembro 3, 20244min0

Jovens estrelas que caíram cedo demais: Francisco Jusué

Francisco IsaacNovembro 3, 20244min0
Campeão do Mundo em 1999, Francisco Jusué estava próximo de ser uma estrela no Osasuna mas acabou longe dos holofotes

Quantas jovens estrelas atingiram o patamar mais alto do futebol mundial para depois caírem abruptamente ou, pior, devagar sem nunca encontrarem um rumo de regresso aos títulos internacionais e aos grandes palcos (como é o caso de Francisco Jusué)?

Nesta rubrica não procuramos descobrir quem tem culpa, mas sim as razões desse desaparecimento, perceber onde foram parar e se há alguma hipótese de redenção. E atenção, não dissemos desaparecemos porque ainda jogam seja numa primeira, segunda ou terceira divisão.

Se conheces mais casos deixa nos comentários para investigarmos e falarmos desses nomes.

CENTRAL REFINADO MAS SEM O APOIO NECESSÁRIO

Em 1999, a Espanha conquistava o Campeonato do Mundo sub-20 pela primeira vez, levantando o título na capital da Nigéria, Lagos, com uma recheada de talento e futuras grandes estrelas. Entre os vários nomes, os adeptos do Desporto Rei reconhecerão Xavi, Yeste, Carlos Marchena, Pablo Orbaiz, José Barkero, Fernando Varela Ramos, Pablo Couñago, com estes a serem a nata da equipa treinada por Iñaki Sáez, um treinador que levantou os títulos de futebol de formação dos sub-18 aos sub-23, incluindo uma medalha de prata nuns Jogos Olímpicos. Na equipa convocada para a competição, Francisco Jusué ocupou o lugar de central, tendo uma finesse na saída com bola como poucos e uma capacidade de leitura de jogo acima do comum, merecendo um assento no 11 que acabou por golear o Japão por 4-0 na final. Nascido e criado na região de Navarra em Espanha, Jusué foi passando por clubes locais como o Muskaria e Valtierrano, acabando por integrar nas camadas jovens do Osasuna em 1997, clube pelo qual jogou até 2005… infelizmente, sem grande sorte.

Jusué foi coleccionado internacionalizações pela Espanha, seja pelos sub-18, sub-20 e sub-21, atingindo um estatuto especial dentro da Roja. O central tinha uma capacidade especial para salvar a sua equipa das situações mais críticas, calculando bem o momento para atacar a o esférico e transformá-lo numa situação de ataque. Era decididamente um atleta e jogador diferenciado, e capaz de fazer os treinadores de formação da selecção de Espanha se sentirem relaxados e em paz. Infelizmente, o potencial e talento de Jusué bateu numa trave que se chamou futebol sénior.

O Osasuna, clube que vivia constantemente em dificuldades para sobreviver na LaLiga, não tinha grande margem para testar jogadores ou dar sucessivas oportunidades aos mais jovens, com Jusué a ter só recebido a estreia na equipa principal na temporada de 2000/2001. Por virtude da lesão de Risto Vidakovic, Francisco Jusué foi chamado à equipa principal e acabou por somar doze jogos, onze dos quais a titular, marcando até um golo contra o Zaragoza, num jogo que foi decisivo para a manutenção na LaLiga. Parecia que ia nascer um novo herói no clube e a época seguinte parecia apontar nesse sentido, já que em 38 jogos da temporada, foi chamado a jogo em 23 e titular em 20! O registo era minimamente promissor e Josué mostrava aqueles detalhes técnicos que faziam a diferença no centro da defesa. Altivo, inteligente, exímio nos cortes, Jusué tinha potencial para mais.

Infelizmente, o crescimento e afirmação no Osasuna terminou quando Javier Aguirre tomou controlo do clube, substituindo Miguel Ángel Lotina no cargo de treinador principal. Com esta alteração no corpo técnico, o jovem central de 21 anos foi literalmente despachado para o Getafe, clube que estava na 2ª divisão, iniciando um processo de empréstimos que acabou por colocar um ponto final no desenvolvimento daquilo que podia ter sido um bom central do campeonato espanhol. Da LaLiga passou para a LaLiga2, seguindo-se uma queda para 3ª e 4ª visiões espanhóis e finalmente para os regionais.

Isto tudo só num espaço de 5 anos. Ainda hoje em dia não há grandes explicações para este destino de alguém que ajudou a Espanha a levantar o primeiro título de campeão do Mundo de sub-20, com a sua última aparição no futebol profissional a ter sido aos 27 anos. Adeptos do Osasuna viam em Jusué qualidade e paixão pelo clube, um jogador apetrechado das emoções certas para ser um nome emblemático do clube. Outros falam que o jogo aéreo era precário, ou que certas precipitações levaram a que a equipa sofresse golos e certas derrotas. A verdade é que foi mais uma jovem estrela que se esfumou, desta vez não por causa de lesões ou decisões extra-futebol complicadas, mas sim por falta de sorte. Não há conclusão que assente bem, o que faz sentido perante o fim do central como atleta profissional.


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