Entre Estrelas do Hemisfério Norte – Francisco “Mini” Vieira ep. IV

Francisco IsaacNovembro 11, 201712min0

Entre Estrelas do Hemisfério Norte – Francisco “Mini” Vieira ep. IV

Francisco IsaacNovembro 11, 201712min0
Novo capítulo da carreira de Francisco G. Vieira que conviveu com algumas estrelas do Hemisfério Norte como David Ellis. O 4º episódio do Diário do formação

O episódio IV da vida de profissional de Francisco “Mini” Vieira em Inglaterra… as dificuldades dos Titans, a chegada de Ellis e a preparação para o jogo contra o Bristol | The 4th episode of Francisco “Mini” Vieira and his profissional life in the Rotherdam Titans… the defense problems and the Ellis resolution! 


A nossa viagem mais longa estava à porta, 9 horas, divididas por 2 dias, até Cornwall, casa dos Cornish Pirates. Longe o suficiente para esperar um estádio apenas com adeptos da equipa casa certo? Errado, e não consigo escrever o quão agradável é acabar um jogo a 9 horas de casa e ainda ter o luxo de me poder aproximar das bancadas para agradecer o apoio e ainda receber todo o apoio dos nossos adeptos, um aperto de mão, um abraço, um olhar ou até mesmo uma palmada nas costas como um empurrão metafórico para uma vitória no próximo jogo.

Quanto ao jogo em si, foi um autêntico hino ao ataque, e se entrámos pessimamente no jogo ao sofrer 2 ensaios de rajada, a nossa atitude voltou a colocar-nos de novo dentro do resultado, finalizando a 1a parte com um ensaio e um resultado que apesar de muito próximo, garantia o ponto bónus ofensivo aos Pirates.

A segunda parte não foi muito diferente e a 20 minutos do fim, o resultado era de 52-47. Com apenas 5 pontos de diferença, a pressão era alta para as 2 equipas e apesar de nunca termos deitado a toalha ao chão, um ensaio penalidade e uma penalidade em frente aos postes no último minuto, privaram-nos não só da vitória mas também de um segundo ponto de bónus, e quantas vezes podemos dizer que marcamos 47 pontos mas mesmo assim não ganhámos? Algo estava errado com a defesa e era preciso encontrar uma solução.

Na semana seguinte, com o intuito de resolver os problemas defensivos, juntou-se à equipa técnica o David Ellis. Com um imponente CV, destacam-se os seus cargos na Seleção Francesa como Treinador Assistente e Treinador de Defesa de 2000 a 2011 e nos All Blacks como consultor durante a Lions tour de 2005. É também um dos responsáveis pela subida do Lyon ao Top14.

O seu impacto foi imediato e em apenas 2 treinos já era notória a diferença. De mim, foi exigido que fosse mais vocal e que orientasse mais a linha defensiva. Não bastava apontar e dizer que estava ali o buraco, tinha de nomear e comandar alguém para o cobrir.

Ainda algo tímido, esta função pode ter sido algo complicada ao início, e em vez de mandar alguém para o buraco, cobria-os eu à última hora, o que não ajuda a equipa ao estar constantemente a remendar algo que precisava de ser arranjado. Penso que fui melhorando neste aspecto e confesso que me tem vindo a ajudar a sair da minha carapaça e está a fazer maravilhas na minha adaptação/integração.

O próximo jogo era em casa contra o Richmond. Um jogo ao nosso alcance, mas mais uma vez, fomos o nosso pior inimigo e um Richmond afinado e em boa forma não ajudou à festa. Por infeliz lesão do outro médio de formação que, felizmente, acabou por não ser tão grave quanto se esperava, acabei por entrar aos 20 minutos da primeira parte. Nunca quis que a minha oportunidade chegasse pela infelicidade de alguém, mas uma vez que tinha chegado, estava determinado em agarrá-la.

Entrei para defender uma formação ordenada no nosso meio-campo e nada melhor do que entrar com uma boa placagem a 2. A primeira parte praticamente só defendi e na 2a, apesar conseguirmos montar bastantes fases com a posse de bola, não estavamos a ir a lado nenhum.

Fim-de-semana seguinte, nova jornada, nova oportunidade. Viajámos até Goldington Road, estádio dos Bedford Blues. A minha primeira titularidade no Championship e se tudo corresse como previsto iria ter como opositor o Internacional Inglês e experiente Lee Dickson. Talvez um dos médios de formação mais incomodativos tanto para o adversário como para o árbitro e com a fama de conseguir o quer. A mim competia-me dar ritmo ao Ataque e comandar a defesa.

Uma boa primeira parte onde claramente fomos superiores na posse de bola e no território. Íamos de um lado ao outro do campo, explorávamos o meio, mas poucas foram as vezes que conseguimos furar a defesa do Bedford e quando conseguíamos, voltávamos a dar um tiro no pé a não aproveitar as oportunidades que estávamos a conseguir criar. Só aos 55 minutos, conseguimos o 1º ensaio depois de uma Formação ordenada a 5 metros.

O nosso nº8, Adam Peters, atacou o lado fechado e passou-me a bola depois de lhe ser negada a entrada na área de ensaio, com os olhos postos na linha acreditava que poderia marcar o meu primeiro ensaio pelos Titans, mas ao ouvir a chamada do nosso ponta Jake Henry, era garantido que os seus mais de 100kg conseguiam finalizar a jogada ao invés de eu tentar mergulhar por entre 2 jogadores. Com mais um ensaio de maul na bola de jogo, vencemos a 2a parte, mas não foi suficiente para compensar uma primeira parte clínica dos Blues.

O meu segundo jogo a titular foi na British and Irish Cup contra os irlandeses do Connacht e, apesar de ser a segunda equipa, apresentou-se com jogadores Internacionais tanto pela Irlanda como pelas Ilhas Fiji.

Um excelente dia colectivo uma vez que conseguimos a nossa primeira vitória da época, contudo, individualmente, um pouco frustrado por não ter implementado a fluidez ofensiva e o ritmo que eram necessários a este jogo, tendo acabado por ser substituído. E quem gosta de ser substituído por não estar a dar à equipa o que precisa?

Depois do jogo marquei uma reunião com o Treinador para revermos o jogo e com isso perceber onde posso e tenho de melhorar, algo que também fiz depois do jogo com o Bedford.

Depois da reunião senti que o treino da tarde me correu bastante melhor do que treinos anteriores, provavelmente por ter fresco na memória o que tinha de fazer ou pelo simples facto de querer mostrar que o que se passou no jogo, foi um caso isolado e que não me caracteriza como jogador ou se calhar foi uma mistura dos dois, o importante é que saí do treino bem mais realizado e contente.

Apesar de estarmos ainda à procura da primeira vitória no campeonato, todos sentimos que está cada vez mais perto, muitas coisas começam a encaixar no sítio certo tanto na Defesa como no Ataque e prova disso mesmo foi o último jogo contra o Ealing Trailfinders, o espectacular 2º classificado que até agora só perdeu contra o Bristol.

Foi um jogo em que conseguimos colocá-los sob pressão, com um resultado final muito próximo que nos deu o ponto bónus defensivo e a primeira vitória do Ealing sem ponto bónus ofensivo.

Este fim-de-semana jogamos em Ashton Gate contra o Bristol, uma equipa recheada de jogadores internacionais como Ian Madigan (internacional Irlandês), Luke Morahan (Internacional Australiano) ou Steven Luatua (Bi campeão mundial pela Nova Zelândia).

O passe para o ensaio de Jake Hendry:

ENGLISH VERSION 

Our longest trip away was just around the corner, a 9 hour journey split into 2 days, down to Cornwall, home of the Cornish Pirates. Far enough from Rotherham for me to expect a fixture with only home team supporters, right?

Wrong, and I can’t describe how good it is to end a game and having the luxury to approach the stands to be with the “Shed on Tour” and thank them for all their support and them responding with even more support through a handshake, a hug, a look or even a pat on the back, like a metaphorical push for a win on the next game.

About the game, it was a thriller! With 15 tries in total it was an absolute showcase of attacking rugby. With us having a terrible start by conceding 2 tries in the first 5 minutes, our attitude put us right back in the game and most importantly, on the scoreboard. Despite finishing the 1st half with a try, our disastrous defense had already conceded an offensive bonus point. The 2nd half wasn’t too dissimilar, and with 20 minutes to play the score was 52-47.

With a 5 point gap, the pressure was on both teams but, in spite of all our willingness and “never say die” attitude, a penalty try and a last minute penalty under the posts sealed the win for the Pirates and denied us of a 2nd bonus point.

An attacking masterclass, definitely, however, at the same time, the alarms where ringing regarding our defense, how many times do you get to score 47 points and still manage not to win? Something was wrong with our Defense System and to put it right, Dave Ellis joined the coaching Staff the following week.

With such a strong CV, David has worked with the French National team as a Defense Coach for 11 years and worked as a consultant for the All Blacks during the 2005 Lions Tour. He was also involved in promoting Lyon to the TOP14 and his methods came with immediate impact, in just 2 training sessions you could already feel the difference.

Regarding myself, it was demanded that I should be more vocal and that I should guide a little bit more the defensive line. It wasn’t enough just to point and shout where the hole in the line was, I now had to nominate and command someone to fill in the gap.

Still a little shy, this was a hard thing for me to do and instead of bossing someone to close the gap I would just do it myself at the last minute. I like to think I’ve improved in this area of my game and I have to say it has done wonders in helping me to get out of my own little shell and aid with my integration.

Our next game was at home vs Richmond. An opponent well within our reach, however, once again, we were our own worst enemy and a sharp Richmond didn’t help at all. Due to some unfortunate shoulder injurie, that happily wasn’t as bad has expected, Rhodri was out on the 20th minute of the 1st half, and that meant I was in.

I never wanted for my opportunity to come because of somebody else’s misfortune, however once there, I was determined to take it. I came in during a defensive scrum, and it is always nice to come in with a good shared tackle. In the 1st half I mainly defended and in the 2nd half we managed to get some ball possession but without the yards.

Next weekend, new fixture, new opportunity, this time, Bedford away at the Goldington Road. My first start in a Rotherham shirt and if everything went accordingly, I would be facing former English International Lee Dickson.

Arguably one of the most unpleasant scrum-halves to play against either as a player or as a Referee. I had the task of imposing a high tempo and organize our defense. A good first half with good ball possession on their half. We went from side to side, exploring the middle now and then, but few were the times we managed to break their defensive line, and when we did, we gave way possession by our own fault.

It took 55 minutes for us to score our first try. After an excellent dominating scrum by our forwards in their 5m line, Adam Peters goes down the short side, offloading the ball to me after being denied by 2 Bedford defenders, with my eyes set on the try line I believed I could score my first try for the Titans, but as soon as I heard the call from Jake, our 103 Kg wing, I knew it was a sure thing he would go over the line instead of me trying to dive between two Bedford defenders.

With another try, this time coming from a driving line-out, we won the 2nd half, but it wasn’t enough to cancel Bedford’s clinical 1st half.

My second game starting for Rotherham, was against Connacht in the B&I Cup, and, despite being their second team, they still had a couple of internationals in their team both Irish and Fijian.

A great collective day where we got our first win of the season, however, individually, I was a bit frustrated because I failed to give the necessary tempo needed for this game, and who likes to be replaced because they fail to give to the team what it needs?

After the game I requested a meeting with the coach so we could both review the game and with it I could understand where I went wrong and where I needed and could improve, something we had already done after the Bedford game.

If it was the meeting or the simple fact that I wanted to prove that what happened over the weekend didn’t characterized me has a player or a mix of both, the truth is that the evening session went a lot better than previous sessions and I left it feeling happier and with much more sense of accomplishment.

In spite the fact that we are still looking for our first championship win, things are starting to fall in the right places both in Defense and Attack and our last game was proof of that. We managed to put the spectacular 2nd place Ealing Trailfinders, who only lost against Bristol, under a lot of pressure with a very close scoreboard, and despite the losing bonus point, we all left the pitch feeling it should’ve been our day and our first win.

Next Weekend we visit Ashton Gate and play against Bristol, a team packed with international players such has Ian Madigan, Luke Morahan or Steven Luatua, the 2 time world cup winner.


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