Quem foram os MVP’s, Surpresas e Desilusões do Super Rugby 2018?

Francisco IsaacAgosto 4, 201812min0

Quem foram os MVP’s, Surpresas e Desilusões do Super Rugby 2018?

Francisco IsaacAgosto 4, 201812min0
Escolhemos vários pontos para formar este balanço do Super Rugby 2018. Quem foi para ti o melhor jogador? E treinador? A equipa? E as desilusões?

Acabou mais uma temporada de Super Rugby, após 6 meses do seu início em Março (começou no último fim-de-semana de Fevereiro mas só para as franquias sul-africanas na altura) e que culminou com o bicampeonato dos Crusaders, o nono título para uma franquia que não só está habituada a ganhar como a desenvolver grandes All Blacks.

Depois de quase uma centena de jogos, de milhares de pontos marcados, de ensaios extraordinários, erros inacreditáveis, vermelhos escusados, delírios de adeptos assim como lamúrios, é altura de escolhermos os nossos melhores, piores, assim-assim, momentos, ensaios, surpresas e muito mais!

O CAMPEÃO MERECEU LEVAR O CANECO?

Pronta resposta para a pergunta: sem dúvida. Aliás, foi a única equipa que desde o dia 1 com vontade de ganhar à séria. O que isto significa? Que os Crusaders mal entraram em campo era para ganhar, a jogar feio (e aqui depende do ponto de vista de cada adepto), bonito, de forma agressiva ou física… ou de forma agressiva e física.

É uma equipa que não inventa, sabe perfeitamente onde tem de atacar no terreno, encaixa os seus avançados com exactidão, procura explorar os seus 3/4’s nos momentos X (na contabilidade final só George Bridge ultrapassou a meta dos 1000 metros, com Tamanivalu, Ennor, Havili, Goodhue, Crotty, Mataele a ficarem muito longe do seu colega de equipa) e assume o controlo do jogo mesmo que o adversário tenha mais posse de bola.

Foi uma equipa cínica, genial e que tem um treinador de alto gabarito com vontade de impor um domínio respeitável sem fazer muito barulho. Foi a equipa que mais ensaios marcou (94), a 3ª com mais quebras-de-linha (254), a 2ª com mais portagens de bola (2,218), a 2ª com mais metros conquistados (9,100), a 3ª com mais defesas batidos (450), a que tem melhor placagem (85,3%), a 3ª melhor formação-ordenada (93%). São dados suficientes para dizer que os Crusaders são a melhor equipa no geral no Super Rugby?

TJ PERENARA, AARON SMITH E STORMERS… OS QUE NÃO VÃO RELEMBRAR 2018 COM SAUDADE

Foi um ano recheado com algumas desilusões na competição, nomeadamente TJ Perenara, formação e um dos capitães dos Hurricanes, Aaron Smith, também formação mas nos Highlanders, e a equipa sul-africana dos Stormers. Poderíamos incluir os Rebels, pois estiveram 10 semanas seguidas no topo da conferência sul-africana para perderem tudo nas últimas três rondas, Bulls (o efeito John Mitchell lá se foi…e foram uma das maiores equipas a jogar na competição) entre outros.

Porquê então escolher TJ Perenara (e Brad Shields), Aaron Smith e os Stormers? Perenara entrou para esta época cotado como um dos melhores 9’s da competição e o líder dos Hurricanes a par de Brad Shields, o asa que agora vai jogar para Inglaterra, numa equipa que está sempre destinada a ir ao título do Super Rugby. Porém, no cômputo geral da competição e, em especial os últimos 5 jogos, o formação foi um desastre por completo.

Passes atirados para o chão, alguns até para o ar (Beauden Barrett e Nehe Milner-Skudder bem que se podem queixar de placagens mais duras sofridas à conta desses passes), uma voz de comando errática, um jogador constantemente a tentar irritar os adversários mas que se esquece de liderar a sua equipa e que muitas vezes não conseguiu dar o efeito x aos Hurricanes.

O mesmo se pode dizer a Brad Shields, um asa que nesta época ficou muito longe daquilo que a sua fama prometeu, capitão dos Hurricanes. Na formação de Wellignton há muito por reformular e a era de Chris Boyd terminou da pior forma possível… uma meia-final sem qualidade, durante um ano em que o treinador falou mais do que aquilo que a equipa fez em campo.

Aaron Smith por sua vez está alguns furos abaixo do que realmente pode fazer… transformou-se num formação mais cínico, menos virado para o risco e perfruações, optando por jogar ao pé e e controlar o jogo de outra forma. Aliás, o elenco dos Highlanders entrou numa época de chutos e pontapés que pode ser elogiada mas também deve ser criticada, uma vez que quando a equipa adversária sabe fazer uso da oval a situação corre terrivelmente mal e isso ficou provado contra os Waratahs.

Smith parece estar a envelhecer mal, necessita de voltar aos básicos e tentar arrancar pela linha fora, como aconteceu em algumas ocasiões nesta temporada de Super Rugby. Será que Aaron Mauger o permitirá?

E, finalmente, os DHL Stormers da Cidade do Cabo. Nova temporada, novamente fora dos finalistas, apesar de possuir um elenco de luxo. O que falta? E o que se passa? Há alguma razão para o avolumar de tantas derrotas? Veja-se o jogo contra os nipónicos dos Sunwolves, em que acabaram derrotados e apanhados pela armadilha defensiva montada por Jamie Joseph. Os Stormers quando têm de procurar novas soluções, de improvisar, de arranjar uma escapatória de jogo, não só não o conseguem como ainda pioram a situação.

Mesmo com Leyds, De Allende, Willemse, Kolisi, Du Toit, Kitshoff, Duvenage, Dan Kriel, SP Marais ou Raymond Rhule, não foram além de um 5º lugar da sua conferência, fracassando novamente nesta temporada.

UNA SORPRESA CON GARRAS!

Não há dúvidas que a surpresa da temporada vai para os Jaguares de Mario Ledesma, um treinador que impulsionou estes argentinos a realizar uma época de alto nível na competição.

Durante os últimos dois anos foram alvo de “troça” e até houve ex-treinadores e jogadores a pedirem que tanto os Jaguares como os Sunwolves fossem retirados do Super Rugby. Porém, maioria dessas vozes foram sanadas com as nove vitórias em quinze jogos possíveis dos brilhantes e apaixonantes argentinos.

Como foi possível? Reformulação nos indíces de risco e agressividade… os Jaguares passaram de 20 cartões amarelos/vermelhos para 5 em menos de um ano. Não fazem metade das faltas que efectuavam, especialmente no chão.

Creevy passou a estar mais concentrado no trabalho da sua equipa, do que conversar com o árbitro, Nicolás Sanchez tem muito mais espaço para jogar e o três-de-trás finalmente ganhou as garras de forma constante, onde Boffelli, Delguy e Moroni foram sensacionais.

Ledesma encaixou a sua visão para os Jaguares nas “armas” que a equipa apresentava e tivemos um rugby bem apurado, em que a velocidade foi aproveitada sem tirar uma pitada da importância aos avançados. Houve um equilibrar total, a franquia da Argentina sabe trabalhar bem as fases de jogo e surpreendeu vários adversários durante a temporada: Waratahs, Lions, Rebels, Blues (primeira vitória de uma equipa das Pampas em solo neozelandês, aliás primeira vitória argentina contra uma formação kiwi no Super Rugby) e Sharks.

Os Rebels, se tivessem chegado à fase final, também podiam ter merecido o título de surpresa… mas não o aconteceu, perdendo essa oportunidade. Até onde podem ir os Jaguares no próximo ano?

BEST PLAYER OF THE SEASON: MO’UNGA, MARX OU BRIDGE?

Aqui não havia muito por onde enganar, dois Crusaders e um Lions, o brilhante nº10 Richie Mo’unga e a revelação (pelo 2º ano) George Bridge e o incrível talonador/asa Malcolm Marx. Quem tem mais argumentos para levar o título de MVP do ano? Vejamos os stats:

Mo’unga: 12 jogos (falhou 5 devido a lesão), 4 ensaios, 12 assistências, 850 metros, 11 quebras-de-linha, 38 conversões em 52 tentativas, 18 penalidades convertidas em 20 tentativas e 2400 metros conquistados com o pé.

Bridge: 18 jogos, 15 ensaios, 3 assistências, 1600 metros conquistados, 24 quebras-de-linha, 60 tackle busts, 71 placagens eficazes em 83 possíveis, 4 turnovers.

Marx: 16 jogos, 12 ensaios, 3 assistências, 630 metros conquistados, 9 quebras-de-linha, 35 tacke busts, 104 placagens eficazes em 120 possíveis, 8 turnovers.

Pelas estatísticas é muito difícil dizer quem é o melhor, até porque jogam todos em posições diferentes sendo importante perceber o papel de cada um nas suas franquias em 2018. Mo’unga foi o mestre dos 3/4’s dos Crusaders, organizando-os com lógica, operando instruções, equilibrando a equipa a cada novo metro, a cada nova jogada, a cada nova ideia. Os Crusaders sem Mo’unga também ganharam, mas não foi com a mesma consistência de jogo. A agilidade em sair com a oval, o pace que aplica a cada nova corrida e a consistência exibicional são argumentos para Mo’unga se sentir o MVP desta época.

Contudo, o que dizer de George Bridge? 2ª época no Super Rugby e aos 23 anos já leva 23 ensaios em 35 jogos. Para além disso, em duas épocas soma 2800 metros, 40 quebras-de-linha, 200 placagens (uma percentagem de 87% de eficácia) e uma série de lances e momentos em que é decisivo. É um ponta que facilmente joga a defesa e que tanto sai a jogar sozinho como aposta num bom pontapé para sacudir a pressão. É um três-de-trás genial, consciente do que pode fazer em campo e que segue a estratégia de jogo com exactidão. É visto como um novo Ben Smith, copiando o estilo do ainda jogar dos All Blacks.

Por fim, Malcolm Marx, o talonador que jogou a asa por duas ocasiões em 2018. Um primeira-linha que transfigura-se e transforma-se mediante as necessidades de equipa, que tanto sai a correr com a oval em máxima velocidade, como se apresenta no jogo duro dos rucks sem qualquer problema de ficar lá até ao fim. É um primeira-linha completamente diferente, genial em quase tudo que faz, agressivo no contacto, dotado na placagem, lutador no breakdown e que tem faro para o ensaio. Pelo 3º consecutivo foi o melhor atleta dos Lions e é, neste momento, o melhor na sua posição.

Posto isto, deixamos ao leitor a escolha do MVP do ano!

QUEM FORAM OS ESTREANTES DE LUXO?

Houve uns quantos newcomers do Super Rugby 2018 que decidiram impressionar no seu ano de estreia. O Fair Play nomeia os principais:

– Brandon Paenga-Amosa

– Solomon Alaimalo

– Braydon Ennor

– Karl Tu’inukuafe

– Luke Jacobson

– Dalton Papali’i

– Caleb Clarke

– Aphiwe Dyantyi

– Filipo Daugunu

– Sam Henwood (o “português” fez uma temporada de excelência pelos Hurricanes)

Isto são só atletas que se estrearam efectivamente em 2018 ou que só tinham jogado um e único jogo em 2017 (máximo) e que jogaram mais que 5 jogos pelas suas equipas. Na sua maioria são atletas das franquias neozelandesas e devemos destacar então três em especial: Brandon Paenga-Amosa, Solomon Alaimalo e Aphiwe Dyantyi.

Amosa teve uma ascensão meteórica, aparecendo em Queensland em 2017 e sendo escolhido por Brad Thorn para os Reds. Do nada, assumiu a titularidade na formação dos koalas com um trabalho extraordinário na formação-ordenada e uma raça total nos rucks, para além de uma placagem tão dura que fez adversários cuspir a oval (82% neste parâmetro). Os quatro ensaios marcados e os vários lances de pura genialidade do nº2 levaram a Michael Cheika escolhê-lo para os Internacionais de Verão, onde foi titular nos Wallabies. É aos 22 anos uma força da natureza que vai explodir na primeira-linha australiana.

Solomon Alaimalo foi outra surpresa nos Chiefs, ocupando o lugar que pertenceu a Damian McKenzie nos últimos três anos e não tremeu nessa substituição. É um defesa predestinado a outros palcos, extraordinário com a bola no seu poder (1,700 metros, foi o “rei” nesse aspecto) onde os 8 ensaios e 5 assistências fizeram uma diferença total na equipa de Hamilton. Seguro na defesa, inteligente no pontapé, Alaimalo deverá chegar aos All Blacks a curto-prazo por todas razões e mais algumas. Já agora, tem 1,96 e é dos três-quartos mais altos do rugby neozelandês.

Por fim, o speedster Aphiwe Dyantyi que entrou com tudo na conferência sul-africana do Super Rugby. Esteve 5 anos afastado do rugby, entre os 16 e os 21, para depois regressar e ser escolhido para a franquia dos Lions. Quando agarrou o seu lugar no XV da equipa de Swys de Bruin, foi quando começou a marcar ensaios uma e outra vez, para além de um hattrick extraordinário. Tem uma passada explosiva e tão felina que é difícil de agarrar, como os Waratahs bem podem dizer… é dotado, diferente e mágico e Rassie Erasmus, seleccionador dos Springboks, viu essas características lançando-o nos Springboks. É mais um estreante que no seu ano de estreia chega à selecção principal e isso prova o sucesso do Super Rugby.

O MELHOR XV

Por fim, o XV do ano, aquele que dá provas e que consegue levar a equipa a vitória atrás de vitória… o treinador? Scott Robertson, auxiliado por Mario Ledesma. Não entram para estas contas jogadores com menos de 6 jogos. Concordas com o nosso XV?

Super Rugby 2018 - Super Rugby 2018 - Rugby lineups, formations and tactics


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