As melhores mentiras no Futebol: Sissoko e umas miniférias

Francisco IsaacMarço 6, 20243min0

As melhores mentiras no Futebol: Sissoko e umas miniférias

Francisco IsaacMarço 6, 20243min0
Em 2004, Sissoko tirou umas miniférias não aprovadas que levou o Mali e Valência CF a perderem a cabeça com o médio de 19 anos

Todos os jogadores merecem descanso e relaxe, mas neste caso, Mohamed Sissoko foi um pouco longe de mais na sua manha… viajamos até 2004, ano em que Sissoko cumpria a sua primeira época ao serviço do Valencia. O médio-centro era visto como um dos novos grandes talentos a surgir no futebol mundial capaz de levar tudo e todos à frente, brilhando no passe e recuperação, sendo apelidado do novo Patrick Vieira. O maliano formado no Auxerre era um portento físico e uma “arma” táctica de alto nível, acabando por gozar uma excelente carreira ao serviço dos Che antes de emigrar para o Liverpool.

Porém, deu-se um pequeno episódio que podia ter acabado com a carreira do então médio de 19 anos, ou, pelo menos, criado uma celeuma profunda com o staff técnico dos valencianos. Em Janeiro de 2004, Mohamed Sissoko alertou o Valencia para o facto do Mali ter um amigável frente ao Quénia, num jogo de preparação para a Taça das Confederações Africanas. Sissoko já era um membro importante da equipa e alguém que podia ser um elemento influente na campanha dessa competição, numa altura em que Essie, Drogba, e outros jogadores de África proliferavam nas suas selecções, sendo necessário ao Mali ter todos os jogadores disponíveis. Até aqui, nenhum problema… certo? Bem, não foi o que se passou já que Mohamed Sissoko acabou por contar uma enorme mentira, tanto ao Mali como ao Valência, pois nunca tinha sido marcado qualquer amigável frente ao Quénia, os convocados para os treinos da selecção só tinham de marcar presença em seis dias e que não tinha se dado qualquer contacto com o clube.

Ora, Sissoko tinha simplesmente se esfumado entre os dias 12 e 16 de Janeiro – a competição começava a 24 de Janeiro – e para piorar toda a situação não deu qualquer explicação ao clube, selecção e adeptos, criando uma dose gigantesca de problemas. Sissoko foi questionado pela Federação do Mali, enquanto o Valência ponderava se deveria ceder o médio ou mantê-lo na equipa, com Rafa Benítez a acabar por decidir dar clemência e mantê-lo dentro da equipa.

O maliano foi à Taça das Confederações Africanas, jogou a fase-de-grupos e regressou aos Che, ajudando-os a conquistar a La Liga no final dessa época, para além da Taça UEFA. Mentir normalmente tem consequências complicadas, algumas até finais no que toca à vida pessoal e profissional. Porém, no caso de Mohamed Sissoko, não só acabou por ser titular no Mali, como jogou vários jogos pelo Valência nessa época, levantou dois troféus – a última LaLiga e troféu europeu somados pelos Che – e acabou por inscrever o seu nome em letras douradas na história de um dos clubes mais emblemáticos de Espanha. Não é a melhor lição para os mais jovens, mas as “miniférias” de Mohamed Sissoko acabaram por surtir um efeito extremamente positivo e empurraram-no para a ribalta.


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