As Melhores Lendas da Segunda Liga: Bock, o artilheiro de Freamunde
Estreia de nova rubrica dedicada só aos maiores nomes da Segunda Liga Portuguesa, indo de Norte ao Sul do país, dos Açores à Madeira para relembra os mais memoráveis guarda-redes, centrais, laterais, trincos, médios-ofensivos, avançados que por lá passaram.
Podem também terem passado pela Primeira Liga mas foram sobretudo “reis” na actual Ledman LigaPro!
SUPER BOCK, SEM ÁLCOOL E COM MUITO GOLO
O Freamunde pode já não estar na Segunda Liga e talvez a sua queda deveu-se à falta de um goleador com um instinto tão apurado como o de Fernando Jorge Tavares de Oliveira, ou como foi mais conhecido, Bock. Para os mais interessados na alcunha, nada se deve à reconhecida marca de cervejas mas sim a um instrumento de ginástica,
“Essa alcunha é por causa do meu Pai. Tinha medo de saltar ao bock – aparelho de ginástica – , na escola quando era miúdo e ficou com essa alcunha. Como eu lhe segui as pisadas como jogador, também fiquei com essa alcunha” (Citação recolhida nas Conversas da Redonda)
Em relação à carreira na Segunda Liga, Bock foi um dos nomes mais fortes na frente-de-ataque do Freamunde, conseguindo ficar nos 70 golos marcados em jogos da Segunda Liga. Foi sobretudo feliz no Freamunde, clube que serviu em dois momentos diferentes da carreira: entre 2003-2005, altura em que militavam na 3ª Divisão (agora Campeonato de Portugal) em que Bock marcou 53 golos; e entre 2006-2013, no qual ajudou a subida divisão até à Segunda Liga.
O avançado tinha singrado antes no Vizela, com 19 golos, a apenas 1 do Bola de Prata a II liga em 2005/2006. Um ponta-de-lança prolífero, especialmente na pequena área onde aparecia com pés de “veludo” para desviar sempre aquele centro traiçoeiro. Não era um portento com a bola nos pés, não era genial na saída para o ataque, mas marcar golos, fazer o público dar o salto eram particularismos de Bock.
Depois de uma boa época em Vizela esperavam-se voos mais ambiciosos e o regresso ao Freamunde, que em 2007 estava na 2ª divisão foi surpreendente. O avançado sentiu-se posto de parte em Vizela (a 2ª época não contou para Carlos Garcia) e optou por voltar a um clube querido e onde tinha conseguido fazer meia centena de golos em três épocas.
Nesse comeback foi responsável por três golos em 15 jogos, ficando na História do clube com a subida à Liga de Honra, sem que ainda fosse possível surgir o “antigo” e matador Bock, que chegaria na época seguinte: 11 golos em 25 jogos. Os capões começaram a escrever alguns momentos de grande protagonismo na Liga Vitalis (naming que vingava na altura pelo patrocinador ser a Vitalis), onde Bock tinha claramente obtido o protagonismo de ser o matador de serviço
Foi sempre um dos avançados mais problemáticos entre 2007 e 2012, uma das melhores alturas do clube nortenho que por pouco não subiram de divisão em 2008/2009, com um 6º lugar honroso. Coincidentmente, Fernando de Oliveira “Bock” só adicionou 5 golos em toda essa época, sendo uma das mais “pobres” em termos de assalto às redes adversárias, mas mantendo um impacto grande na movimentação ofensiva do Freamunde.
Quando a equipa freamundense desceu de divisão, o contrato de Bock expirou e seguiu em direcção a divisões inferiores, servindo o Ribeirão, Rebordosa e Lixa, este último que lhe proporcionaria a primeira experiência como treinador-principal.
Em toda a carreira contam-se mais de 200 golos de Bock entre a 2ª e 3ª liga, sem nunca ter tocado na Primeira divisão, apesar desse pormenor não riscar nem um pouco a memória e legado de um dos avançados mais mortíferos da actual Ledman LigaPro. 70 golos foi o número redondo atingido por Bock, depois de ter servido FC Vizela e SC Freamunde numa carreira que começou nos anos 90 e foi até 2016.
Os 15 golos marcados em 2010/2011 conferiram-lhe um dos maiores títulos individuais da carreira: Bola de Prata da Segunda Liga. Um mérito que só 6 portugueses conseguiram atingir nas últimas 19 edições da Segunda Liga.