4 jogadores que se retiraram antes dos 30

O futebol tem cada vez mais jogadores a jogar até idades muito avançadas, mas em todas as eras existiram aqueles que decidiram colocar um ponto final antes de atingirem o estatuto de veteranos, como é o caso destes 4 jogadores que se retiraram antes dos 30!

CARLOS ROA (ARGENTINA – 27 ANOS)

Não tivesse a Argentina caído nos quartos-de-final do Campeonato do Mundo, e talvez Carlos Roa tinha atingido outro estatuto pela Albiceleste, já que em 1998 defendeu o penalti decisivo que atirou a Inglaterra para fora dos oitavos-de-final desse Mundial, isto sem falar que não sofreu qualquer golo na fase-de-grupos.

Carlos Roa foi um ícone em todos os clubes por onde passou, tendo conquistado uma Supercopa Sudamericana pelo Racing, uma Copa CONMEBOL (entretanto extinta) em 1996, e levantado ainda uma Supertaça pelo Mallorca em 1998, num ano em que a formação balear chegou à final da Taça das Taças.

Quando chegou 1999, Roa, do nada, decidiu meter um ponto final da carreira, alegando que,

“Com a chegada do novo milénio, o Mundo vai acabar e eu quero viver o Apocalipse com os meus e longe de tudo.”.

Exacto, Roa acreditava que a viragem de 99 para 2000 ia despertar o fim dos tempos e, por um par de anos, retirou-se do futebol. Acabou por regressar mas nunca mais foi a mesma coisa, até porque fazia questão de não jogar aos sábados…

HIDETOSHI NAKATA (JAPÃO – 29 ANOS)

Ok, este já se retirou realmente aos 29 e nunca mais voltou atrás na sua decisão, quer o Apocalispe tenha ou não acontecido. Hidetoshi Nakata foi dos melhores jogadores japoneses dos últimos 40 anos, possuidor de um futebol rico, apaixonante e inteligente, capaz de fazer vibrar qualquer bancada e adepto, impondo uma condução de bola como poucos.

Nakata chegou ao futebol sénior aos 18 anos, representando o Bellmare Hiratsuka até 1998. O seu impacto nesta equipa da J1 League foi tão grande, que em 1998 o Perugia saltou para a sua contratação e apresentou um contrato enorme, chegando à Serie A após o Mundial. Nakata acabou por marcar mais de 40 golos no futebol italiano, desenhando sucessivas jogadas mirabolantes que arrebatavam o público loucamente.

Contudo, quando chegou aos 27 anos, era notório que Nakata já não tinha a mesma paixão, apesar de oferecer o seu melhor a cada nova prestação, começando a arquitectar uma decisão que deixou o mundo chocado: reformar antes dos 30.

Em 2006, após representar o Japão pela 77ª vez, o astro japonês que tinha ajudado a AS Roma a conquistar uma Serie A (a última desde então) anunciou a sua reforma dos relvados. Sem pena ou infelicidade, Nakata meteu um ponto final da carreira e avançou para outros campos, como na moda e cozinha, detendo restaurantes e linhas-de-roupa, mostrando aí a mesma classe que tinha ostentado no futebol.

JUST FONTAINE (FRANÇA – 29 ANOS)

Falecido no ano de 2023, Just Fontaine é ainda considerado como um dos maiores atletas de sempre a representa a França, com 30 golos marcados em 21 jogos, isto nos anos 50-60, conquistando pelo caminho um Troféu dos Campeões (pré-Liga dos Campeões), várias Ligue 1 pelo Reims e Nice, e um 3º lugar no Mundial de Futebold e 1958.

Um letal goleador, Fontaine foi inesquecível em todos os relvados por onde passou, marcando mais de 230 golos em toda a carreira, numa altura em que as épocas eram mais curtas, o que dificultava atingir certos números que Fontaine conseguiu.

Porém, quando tinha acabado de soprar 27 velas, Just Fontaine sofreu uma grave lesão no joelho, com esse problema físico a ter sido decisivo para o fim da carreira em 1962, quando ostentava apenas 29 anos.

Ainda esteve ligado à Federação de Futebol da França, Paris Saint–Germain, e mais uns quantos, mas é lembrado principalmente pelos vários golos e exibições de classe que arrebataram o mundo do desporto na altura.

ERIC CANTONA (FRANÇA – 30 ANOS)

Finalmente, o irreverente e demolidor, Eric Cantona, que é sinónimo para originalidade e uma paixão desvairada. O internacional francês sempre foi mal compreendido por uma falange do mundo do futebol, sendo que os seus acessos de raiva e violência dentro dos campos não ajudavam muito à sua defesa.

Cantona foi indomável em todas as vertentes, capaz de ganhar jogos sozinhos, de oferecer títulos a qualquer um dos clubes pelo qual passou, marcando logo o timbre quando aos 17 anos se estreeou pelo Auxerre.

Brilharia pelo Marselha, Bordéus, Montpellier, Nimes e Leeds, apesar de um ou outro problema causado ou opinião complicada oferecida. Em 1992, e quando estava no pico da idade, o internacional francês estava a causar alguns problemas no futebol e Alex Ferguson, tendo o visto a imperar em Leeds, esticou-lhe a mão e ofereceu uma oportunidade.

Em Old Trafford, Eric Cantona foi imenso, ajudando os Reds a conquistar quatro Premier Leagues, duas FA Cups e três Charity Shields para gáudio dos adeptos dos Red Devils. Mas com o passar do tempo, a pressão foi crescendo, e aquele carácter efervescente foi subindo de tom.

A 11 de Maio de 1997, depois de já ter feito o anúncio que iria se retirar, Cantona colocou um ponto final cinco depois no jogo de celebração a David Busst, antigo atleta do Coventry. Com um aplauso e um sorriso (um vislumbre raro na carreira do maestro francês), Cantona saiu de cena do futebol e… continuou a reinar na vida social e política, sendo uma voz forte e importante nos dias de hoje.