10 Selecções que foram ao Mundial e não sabíamos pt. I

Francisco IsaacMarço 11, 20188min0

10 Selecções que foram ao Mundial e não sabíamos pt. I

Francisco IsaacMarço 11, 20188min0
Sabes todas as selecções que foram aos Mundiais de Futebol no passado? Então vê se sabias das 10 que escolhemos nesta galeria!

O futebol está recheado de equipas coqueluche, campeões inesperados (como o Leicester por exemplo!), super-formações, entre outras que enchem capas de jornal, livros de História do futebol, artigos, etc! Nessa sequência apresentamos hoje as dez selecções que foram a mundiais passados (não contamos com o de 2018) e nao sabíamos ou que não nos lembrávamos!

Da Europa até às Caraíbas, conheciam-nas a todas?

ISRAEL (1970 MÉXICO)

A selecção israelita só por uma vez participou em mundiais de futebol, e o ano foi o de 1970. No México, Israel participou pela primeira e única vez (até agora) numa competição dessa envergadura. Mas como chegaram lá? Até ao ano de 1992 participavam na Asian Football Confederation (que continha Ásia/Oceania no mesmo “pote”), jogando frente às selecções da Austrália, Coreia do Norte, Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul, China, entre outras. No caminho até ao mundial no México, Israel conseguiu eliminar a Nova Zelândia na fase-de-grupos (a Coreia do Norte que estava alinhada para jogar, acabou por revogar a sua participação) e depois ficou escalonada para jogar contra a selecção dos Socceroos.

Naquilo que foi um caso surpreendente, os israelitas conquistaram uma importante vitória em casa por 1-0 com Giora Spiegel a ser o marcador (um dos melhores atletas da altura, chegou a jogar no Estrasburgo e Lyon em França) de serviço. A formação israelita treinada por Emmanuel Scheffer, estava munida de uma equipa séria e dedicada, conseguindo aguentar a reacção australiana em Sydney. O 1-1 foi o resultado final e Israel estava no Mundial de 70!

Que grandes nomes existiam nessa selecção? Mordechai Spiegler (jogou no PSG e marcou mais de 250 golos em toda a carreira dividida entre Israel e França), Itzhak Shum ou Menachem Bello! No Mundial não conseguiram melhor que dois empates (um deles frente à finalista na altura, a Itália!) e uma derrota, mostrando-se um elenco com alguma qualidade e coesão.

TOGO (2006 ALEMANHA)

O vibrante ponta-de-lança Adebayor conseguiu o feito de chegar ao mundial com a selecção do Togo em 2006. A selecção africana que tinha quase ou nenhuma hipótese de lá chegar, qualificou-se num grupo onde só estava o candidato-constante, Senegal.

Ao todo somaram 23 pontos, com sete vitórias em dez jogos, contando-se uma boa vitória contra os senegaleses por 3-1. Durante a fase de qualificação, Adebayor foi responsável por 11 golos, sendo, sem dúvida alguma, a maior estrela dos togoleses.

Sendo um dos 5 apurados da CAF, ao lado de outro estreante, Angola, para além do Gana, Costa do Marfim e Tunísia. Contudo, a participação não foi de toda boa, já que só somaram derrotas frente à França, Coreia do Sul e Suíça, com só um golo marcado por Kader… Adebayor não conseguiu brilhar na grande prova a nível de golos, apesar nesse ano ter chegado ao plantel de Arsène Wenger em Janeiro de 2006.

HAITI (1974 ALEMANHA)

Quem diria que o Haiti esteve alguma vez presente numa fase-final de um Campeonato do Mundo? Para além da Jamaica (que iremos falar mais à frente), Honduras, Trindade e Tobago ou Cuba (também consta na nossa lista), a formação dos Grenadiers esteve a possibilidade de ver a sua bandeira vibrar no Mundial de 1974 na Alemanha.

Mas como chegaram lá? Na fase de apuramento da CONCACAF, o Haiti teve uma prestação quase irrepreensível somando 4 vitórias em 5 jogos, pondo de lado a Trindade e Tobago e Honduras por exemplo. Mas, um factor decisivo, foi a péssima campanha do México na fase de qualificação com dois empates e uma derrota, não servindo de nada a vitória no último encontro frente ao Haiti que já estava apurado para o Mundial a realizar-se na Alemanha.

Um país que na altura só tinha 4,5 milhões de pessoas numa área pequena, encheu assim as páginas dos jornais desportivos da altura, classificando-os como a equipa surpresa. Infelizmente, calharam num dos piores grupos da altura… Itália, Polónia e Argentina. As hipóteses de ganhar eram nulas, ficando a esperança que a experiência não fosse terrível.

E, novamente fizeram uma breve surpresa, ao saírem a ganhar no primeiro encontro do grupo, com o matador do Haiti, Sanon a dar um toque de classe para dentro das redes. Os italianos (que ficariam de fora da fase seguinte) responderam bem na 2ª parte com três golos sem resposta. Ficou na retina a vontade e “excentricidade” desta selecção das Caraíbas. O pior veio logo a seguir com uma derrota por 7-0 frente à Polónia, com Andrzej Szarmach a fazer um hattrick e Grzegorz Lato a bisar (das maiores lendas do futebol polaco).

No último encontro a Argentina também despachou o Haiti num 4-1, em que o sportinguista Héctor Yazalde marcou por duas vezes.

Fica para a História que a pequena nação do Haiti tinha conseguido fazer algo de especial no Desporto-Rei.

KUWAIT (1982 ESPANHA)

O pequeno país da pequena Península Arábica chegou a Espanha como finalista desse Mundial, algo tão inesperado como o Haiti. Como é que foi possível que estes kowaitianos chegassem à maior prova do Desporto-Rei? Inseridos na Confederação Asiática de Futebol, o Kuwait passou por duas fases distintas tendo só somado vitórias atrás de vitórias! Na primeira “sobreviveu” à Coreia do Sul e facilmente bateu a Tailândia e Malásia, garantindo o apuramento para a 2ª fase.

Pelos anos 80, as equipas da AFC e OFC jogavam juntas a fase de qualificação, ou seja, o Kuwait em 1981 debateu-se contra a Nova Zelândia (Oceânia, tinham eliminado a Austrália no seu caminho), China e Arábia Saudita. Em seis jogos registaram quatro vitórias, um empate e uma derrota (na China por 3-0), apurando-se para o Mundial de futebol.

E quem eram os protagonistas? Faisal Al-Dakhil, Fathi Kameel e Abdulaziz Al-Anberi eram assim três nomes desta selecção que ia jogar num grupo onde constava a Inglaterra, França e Checoslováquia.

No primeiro encontro, frente aos checoslovacos, deu-se um empate, com Panenka a marcar de penalti (não, não foi aquela Penalti à Panenka que todos nos lembramos, isso foi noutra altura) e Al-Dakhil a empatar a contenda. O futebol não era mágico e fantástico, até era algo trapalhão e “misterioso”, mas encantava as assistências pela “raridade” Kuwait nestas andanças.

E, ao segundo jogo, frente à França, veio um dos episódios mais formidáveis de sempre do futebol: o árbitro anulou o golo inicial francês. Porquê? De acordo com o sheik Fahad Al-Ahmad Al-Sabah, esse golo tinha sido ilegal e anti-desportivo já que os seus jogadores tinham parado de defender por causa de um apito vindo da bancada. À conta disto arranjou-se uma “cena” inacreditável que resultou na anulação do golo… para mais vejam o vídeo e fiquem a perceber  todo o episódio.

O Kuwait encerrou a sua participação com uma derrota pela margem minima frente à Inglaterra, dizendo adeus à competição, com uma prestação fraca mas que ainda deu para encher várias páginas dos jornais.

RD CONGO (1974 ALEMANHA)

Para o adepto mais distraído, o RD Congo em 1974 tinha a designação de Zaire, devido à revolução pela mão de Mobutu Seko em 71′. Esta designação iria durar até 1997, altura em que o estado ditatorial de Mobutu termina. Depois desta curta sinopse, vamos perceber o caminho de apuramento do Zaire até ao Mundial na Alemanha.

Na CAF em 74 existiam quatro fases para decidir a única selecção africana a chegar ao Mundial: duas fases a eliminar, cada uma com dois jogos de ida e volta. O Zaire eliminou o Togo, Camarões (foi necessário um terceiro jogo, já que ambas as equipas ganharam por 1-0 nos dois primeiros jogos) e Gana apurando-se para uma mini fase-de-grupos. Zâmbia e Marrocos eram os adversários que a formação do Zaire teria de bater para chegar à fase final.

O Zaire simplesmente “limpou” a competição com quatro vitórias em outros tantos jogos, com 9 golos marcados e apenas um sofrido. Isto foi de tal forma “rolo compressor” que Marrocos não se deslocou ao Zaire para disputar o último jogo que já não servia para nada… algo inacreditável e de pouco Fair Play.

Mas bem, o Zaire tinha algumas “estrelas” (pelo menos a nível local) como Kembo Kembo, Lobilo Boba ou Kakoko Etepé (jogou na Europa, em especifico na RFA), que permitiram a ida ao Mundial de 74. Na competição não houve história feliz, aliás, foi das piores estreantes de sempre com 14 golos sofridos e nenhum marcado, sendo devorado pela Jugoslávia (9-0!), Brasil (3-0) e Escócia (2-0).

Mas fica para a História que o Zaire esteve lá… e para já não parece ter grande hipótese de voltar tão cedo.

 


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