João Bandeiras. “O RC Elvas é para mim uma família.”
João Bandeiras, no teu ano de estreia no Campeonato Nacional 1 já tens quase 100 pontos amealhados. Qual foi a sensação quando soubeste que o RC Elvas ia estar na 2ª divisão no final da temporada passada?
Foi uma sensação de felicidade extrema, saber que tínhamos alcançado um objetivo para o qual trabalhámos tanto desde o início da equipa sénior. Contudo, ao mesmo tempo consciente do desafio que esta mudança representava e das novas responsabilidades subjacentes.
Nascido e criado em Elvas, tem sido importante para ti representar o emblema elvense? Qual foi o melhor momento com este símbolo ao peito?
Claro que sim, é sempre um orgulho representar a nossa casa. Foi o único emblema que utilizei em todo meu percurso de jogador e a equipa elvense para mim é uma família. Como melhor momento, não posso deixar de destacar a final do campeonato contra os Jaguares. Foi o culminar de um ano intenso, no qual estávamos todos focados num único objetivo comum, a ver o clube a subir e a pressão sempre a crescer para conseguirmos concretizar. Embora o resultado não tenha sido o desejado, foi muito importante para todos os jogadores crescerem não só como equipa, como também individualmente.
Como vieste para o rugby? Quem te convenceu ou convidou a vir (e essa pessoa ainda joga)?
Não foi uma pessoa específica. Em Elvas a cultura do rugby esteve sempre presente e há anos que a modalidade é apreciada pelos seus habitantes. Assim sendo, o rugby surgiu na minha vida naturalmente, desde muito novo que ia jogar com os meus amigos e a paixão começou a crescer. O meu irmão mais velho já estava no clube e, assim que tive idade (por volta dos 7/8 anos), juntei-me.
Da geração de 1998, quantos é que acompanharam o teu crescimento na modalidade? E qual foi sempre o teu foco para o rugby?
Atualmente, 20% da minha equipa atual joga comigo há 6 anos. Estes são os que acompanharam o meu crescimento como jogador e estiveram sempre lá em todos os momentos. Desde sempre que o meu foco foi superar-me constantemente, jogo após jogo, identificar as minhas falhas de forma a corrigir os meus pontos fracos. Este foco que sempre tentei aplicar no rugby, acaba por se materializar também na minha vida pessoal e de certa forma posso considerar que a modalidade me ajuda bastante, a diferentes níveis.
O treinador que te mais marcou no RC Elvas? E porquê.
O atual treinador, Rui Perdigão, que já nos acompanha desde os sub-16. Criámos uma relação muito forte e é incrível ver a maneira como nos gere, a forma como nos ajuda e motiva. Por ter sido também jogador e ter iniciado a sua carreira no RC Elvas, faz com que entenda a nossa dinâmica como ninguém.
Como vês o desenvolvimento da modalidade no Alentejo? Sentes que podia existir uma maior aproximação a todas as regiões da parte das instituições competentes?
O rugby no Alentejo tem vindo a conquistar o seu espaço. Nota-se que, nos últimos anos, as equipas alentejanas têm provado o seu valor e nunca perderam a vontade de evoluir. Nem sempre é uma tarefa simples pois ficamos sempre com a sensação que os apoios nestas regiões são distintos face à capital. Como nunca joguei por outra região, não sei se de facto é verdade mas, ainda assim, considero que as instituições competentes devem ter sempre o cuidado de estar presentes/ atentas às várias localizações, de igual forma.
Ajudas na formação? E foi fácil crescer num clube que tem de fazer várias viagens longas para jogar rugby?
Em tempos participei no que era necessário para a formação mas, atualmente, por estudar e treinar fora de Elvas, é me impossível ajudar como desejava. Foi fácil crescer no RC Elvas apesar de todo o esforço necessário em termos de deslocações e logística. Apesar de todo o cansaço, os bons momentos e o ótimo ambiente da equipa compensam e fazem com que valha a pena.
Selecção Nacional… gostavas de chegar a esse patamar ou nunca te passou pela cabeça?
Acho que é impossível, para qualquer jogador que ame a modalidade, não ter o sonho e a vontade de chegar à Seleção Nacional. Mais do que uma honra, representar o país seria uma conquista única.
Consegues explicar-nos qual é a filosofia por detrás do RC Elvas?
Na minha opinião, o RCE, mais do que títulos, pretende criar jogadores éticos e consistentes. A sua filosofia baseia-se no respeito, lealdade e espírito de sacrifício.
Que sonho gostavas de cumprir no rugby? E fora dos campos, quais são os teus objectivos?
Ser campeão com o RC Elvas. Adicionalmente, gostava de experimentar também o rugby fora de Portugal. Fora dos campos, ambiciono ser um bom profissional, ter sucesso e nunca deixar de ser fiel aos meus princípios.
A par do RC Santarém, Braga Rugby e Jaguares, vocês são das equipas mais jovens deste Campeonato. Quais são as vantagens e desvantagens para ti de uma equipa tão “nova”?
A maior vantagem tem sido o facto de, por sermos tão novos, temos uma boa margem de crescimento e progressão. Apesar disso, é mais fácil a conciliação da vida pessoal com a prática da modalidade. As maiores desvantagens passam pela falta de experiência e maturidade em campo.
Algumas perguntas relâmpago… equipa de rugby favorita internacional (clube e selecção)?
Hurricanes e Nova Zelândia.
Jogador que mais gostaste de ver jogar no RC Elvas, em Portugal e no Mundo?
João Paiva, Pedro Leal e Richie McCaw.
Arriscar num 1 para dois e ir ao ensaio ou tentar um pontapé aos postes do meio-campo?
1 para dois e ir ao ensaio.
Melhor placador no RC Elvas? E o que se zanga com mais facilidade?
Considero o João Paralta o melhor placador no RCE. O pilar Tadeu é o que se chateia com mais facilidade.
Três palavras que definem o RC Elvas?
Amizade, humildade e compromisso.
Uma mensagem para os teus colegas, adeptos e apaixonados pela bola oval em Portugal?
Como jogador e amante da bola oval, pretendo continuar a contribuir para que o rugby mantenha a sua evolução. Peço-vos que deem o vosso contributo, que acompanhem e ajudem esta modalidade a ser mais promovida em Portugal.