Filipe Grenho. “O peso dos títulos é uma responsabilidade que nos motiva.”
Filipe Grenho, o projecto do rugby do SL Benfica tem crescido na tua opinião? Houve uma mudança de direcção no projecto nos últimos anos?
Na minha opinião, o projecto tem sofrido um crescimento, tanto em termos de quantidade/qualidade de atletas, como de condições de treino/infra-estruturas.
Que dificuldades têm encontrado nesta recuperação do SL Benfica como uma das instituições mais respeitadas no rugby português?
Há duas grandes dificuldades neste processo de recuperação: (i) o atraso na formação decorrente de vários anos sem escolas, (ii) a dificuldade em mobilizar a nação do rugby do Benfica para se juntarem ao projecto, tendo em conta a distância que ainda existe entre o passado e o presente deste clube no que se refere ao rugby.
O peso dos títulos no passado cria um nível de exigência “pesado” ou é um excelente foco para atingir outro patamar nos próximos anos?
O peso dos títulos é sem qualquer dúvida uma responsabilidade que nos motiva.
A parceria que têm com o Rugby Vila da Moita nos sub-16 é um caminho positivo para ti? Achas que este tipo de ligações (como a ER Galiza-ST Julians ou Belas RCe Sporting CP) podem fortalecer a oval portuguesa?
A parceria tem sido muito proveitosa para ambos os clubes. Penso que se criou uma sinergia interessante. Não queremos canibalizar nenhum clube e julgamos que as parcerias saudáveis como as que temos com o Rugby Vila da Moita são muito importantes para o rugby nacional.
Estás satisfeito com o presente número de atletas na formação do SL Benfica?
Estamos insatisfeitos. Queremos mais e estamos a fazer por isso. A formação é o nosso grande foco.
Neste momento estão a treinar e a jogar no INATEL, naquilo que pode ser entendido como uma casa “emprestada”, mas no futuro próximo vão ter o vosso espaço e estrutura?
É um sonho que nos segue há vários anos, mas temos sido bem recebidos em qualquer das casas “emprestadas” que temos frequentado, actualmente quer no INATEL, quer no Colégio Militar e nos Pupilos do Exército.
Estás envolvido há quase 30 anos com o rugby… vês a possibilidade de um bom futuro ou os recentes problemas estão a afectar o desenvolvimento da modalidade?
Os recentes problemas estão claramente a afectar o rugby do Benfica. Já vivo este desporto há muito tempo, mas só agora recentemente que deixei de jogar, tomei consciência de que o rugby português vive uma crise de valores no seu dirigismo, que está a afectar a actividade dentro do campo. O Benfica não é uma ilha e queremos contribuir para que a situação melhore. Contudo, estamos muito focados no nosso projecto que temos a certeza de que vai ter um futuro em linha com o passado e com a filosofia do Clube.
Em termos de liderança federativa e mudanças, achas que o rugby português se encontra numa instabilidade problemática?
Sem dúvida. Na minha opinião, a instabilidade na FPR resulta da crise no dirigismo que afecta os clubes.
Há alguma solução para alguns dos maiores problemas como a arbitragem e o número baixo de praticantes?
Penso que sim. Os candidatos tiveram a amabilidade de nos transmitir algumas das suas ideias e se conseguirem colocá-las em prática ficamos mais perto da resolução destas questões. Contudo, julgo que a FPR não é a única solução, os clubes têm de ser parte da solução e, reconhecendo os erros cometidos no passado, trabalhar em conjunto para resolver estas questões.
Os recentes contratempos na Federação Portuguesa de Rugby e não só, afastam potenciais investidores? É tão fácil arranjar “fundos” como há 15 anos atrás?
Não acompanhei o processo há 15 anos, mas sei que hoje em dia é muito difícil.
Saudades de jogar ou já te passou o “bichinho”? Qual foi o melhor momento no campo de rugby?
Muitas saudades (esse bichinho não vai passar). Felizmente vivi vários, mas destacando algum diria que, no Benfica, a conquista do campeonato nacional (o último do Clube, infelizmente), e, na selecção, os três Europeus de sevens.
Tens algum episódio no rugby que te marcou e ainda hoje em dia te recordas perfeitamente?
Vários. O momento em que se entra em campo para um jogo renhido e decisivo, a última jogada do jogo em que temos de defender/atacar para assegurar a vitória, a união da equipa no balneário e no campo.
Jogador que mais gostaste de ver jogo? E que gostaste de jogar?
Serevi. Difícil destacar algum.
Já agora, porquê o SL Benfica?
Escolha óbvia. Família Benfiquista e pai e tio antigos jogadores. Para além disso, é o melhor!
Gostavas de deixar algumas palavras ou pensamentos sobre o rugby português?
Temos todos de trabalhar para preservar o que de mais sagrado existe no rugby que são os valores.
One comment
Albertino Minhoto
Julho 30, 2019 at 1:22 pm
muito bem Filipe , sem dúvida = formação e mobilização da nação rugby Benfica .