Arquivo de Nick Kirgios - Fair Play

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André Dias PereiraAgosto 10, 20223min0

Se há figura controversa no circuito é Nick Kyrgios. Ao longo da sua carreira, o australiano tem sido mais vezes notícia por situações fora do court do que dentro dele. Mas uma coisa é unânime. O seu talento. A sua enorme capacidade de fazer frente a todos os adversários. O problema é que num bom dia pode eliminar Nadal ou Djokovic, e no seguinte ser afastado por alguém fora do top-100.

Essa irregularidade e comportamentos rebeldes têm condicionado a sua evolução. A ideia que passa é a de uma carreira claramente abaixo do seu talento. Mas as coisas parecem estar a mudar.

No passado final de semana, o enfant terrible do ténis venceu o ATP Washington tanto em simples quanto em pares. Um registo impressionando e que, por isso, lhe permitiu subir 26 posições no ranking, sendo agora 37 do mundo.

Kyrgios venceu na final de simples o japonês Yoshihito Nishiota, por 6-4 e 6-3. Esta foi uma semana irrepreensível do australiano, que só cedeu um set em todo o torneio. Para trás ficaram Marcos Giron, Tommy Paul, Reilly Opelka, Francis Tiaffoe e Mikael Ymer. O sueco foi, aliás, uma das grandes sensações do torneio. Ymer, 77 do mundo, começou por deixar para trás, Andy Murray e foi até às semi finais. O sueco, 23 anos, conta na sua carreira apenas com uma final. Aconteceu em 2021 em Winston-Salem.

Como não poderia deixar de ser, destaque também para o finalista Nishiota. O japonês eliminou, entre outros, o favorito Rublev (6-3, 6-4) nas semi-finais. Esta foi a terceira final do agora 54 do mundo. Ele que conta até ao momento com um título ATP, em Shenzhen, em 2018.

Kyrgios regressa aos títulos

Desde 2019 que Nick Kyrgios não erguia um troféu. Os seus últimos troféus foram em novamente em Washington e Acapulco. De lá para cá só chegou a outra final. Aconteceu também este ano e logo em Wimbledon.

O australiano parece estar a entrar em uma nova fase de maturidade desportiva. Mas ainda precisa de consolidar este novo momento. Certo é que está no bom caminho. Para se ter uma ideia, quando o ano de 2022 iniciou ele era 137 do mundo.

Muitas vezes apelidado de narcisista, displicente ou egoísta, Kyrgios precisa também precisa e reconstruir uma imagem de certa antipatia construída junto dos adeptos. Estranhamente, o australiano não tem técnico. Recentemente disse até nem precisar dele, mas sim de alguém que lhe dê paz de espírito e reforce a sua força mental. “Para mim o ténis é muito simples, trata-se de um bom serviço e depois seguir o meu instinto”.

O torneio de Washington parece ser talismã para o australiano. Em 2019 Kyrgios conquistou este troféu pela primeira vez. À época, o adversário foi nada menos que Daniil Medvedev, por duplo 7-6.

Jogado desde 1969, o torneio de Washington tem em André Agassi o seu maior campeão, com 5 títulos. Mas pela primeira vez, um jogador conseguiu acumular no mesmo ano os títulos simples e por duplas. Ao lado do norte americano Jack Sock, a dupla levou a melhor sobre Ivan Dodig e Austin Kragicek (7-5 e 6-4).

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André Dias PereiraJulho 9, 20183min0

Terminou na segunda ronda a participação Wawrinka em Wimbledon. Este é, aliás, o único torneio em falta para o suíço completar o carreer Grand Slam. Contudo, o helvético estava longe de representar um favorito à vitória final. Depois de recuperar de uma lesão no joelho que obrigou a uma longa paragem, Stan regressou à competição em Roma, perdendo da ronda inaugural para Steve Johnson.

Wawrinka entrou em Wimbledon ainda à procura da melhor forma física e longe do seu melhor ténis. Outrora top-3 mundial, o suíço é hoje 224 do ranking ATP. Havia, portanto, uma expectativa q.b. sobre o que poderia o helvético fazer na prova. E logo na ronda inaugural, o adversário era nada menos que Grigor Dimitrov, número 6 mundial.

Em bom rigor, o búlgaro também não atravessa a melhor fase da carreira. Depois de um 2017 com quatro títulos, entre os quais o ATP Finals, em 2018 ainda não logrou qualquer troféu. O encontro com Wawrinka era, pela história e estatuto dos dois, o jogo mais aguardado para ronda inaugural do Torneio dos Cavalheiros. A vitória acabou por sorrir, de virada, para o suíço: 1-6, 7-6 (7-3), 7-6 (7-5) e 6-4.

O triunfo do helvético representou uma dose importante de confiança. Contudo, não foi suficiente para ultrapassar, na ronda seguinte, o italiano Thomas Fabbiano, 133 do mundo: 7-6 (9-7), 6-3 e 7-6 (6-4). Esta foi, também, a primeira vez que o italiano venceu um set em Major esta temporada. A derrota de Wawrinka acabou por representar uma desilusão depois do feito perante o búlgaro. “Estou muito desiludido por perder um encontro como o de ontem e de hoje. Acho que ontem estava a jogar muito bem”, disse. O helvético acredita também irá regressar à melhor forma. “Aceito sempre que quando estás fora por algum tempo pode demorar algum tempo até voltar ao bom nível e resultados. Não espero que os resultados apareçam de um dia para o outro, depois de uma boa semana de treinos. Sei o quão duro é o ténis, toda a minha carreira tem sido assim.”

Quem também partilha da mesma ideia é Gael Monfils. “Não tenho dúvidas de que vai ficar bem e vai voltar a ficar tão forte como antigamente. Ele trabalha muito e é super apaixonado pela modalidade. Ele é um campeão. Acredito que seja apenas uma questão de tempo.

Marin Cilic, outro favorito, também está fora de Wimbledon. Terceiro cabeça de série e finalista vencido em 2017, o croata foi afastado pelo argentino Guido Pella na segunda ronda.

Quem pode roubar a cena a Federer?

Wimbledon segue agora para os quartos de final. Roger Federer é o grande favorito. O suíço já deixou para trás Dusan Lajovic, Lukas Lacko e Adrian Mannarino não tendo perdido qualquer set. Federer busca o nono título em Wimbledon e o 21º Grand Slam da carreira. Só que Rafa Nadal, Novak Djokovic e Juan Martin Del Potro também ainda estão em cena. Destaque também para Kei Nishikori que, aos poucos, vai regressando à melhor forma. Tal como Wawrinka, Murray (que desistiu de Wimbledon) e Djokovic atravessou o deserto das lesões e busca a melhor forma. Só que, tal como Djokovic, e ao contrário de Wawrinka, o nipónico já tem mais jogos nas pernas desde que regressou da lesão. Neste seu percurso eliminou de Nick Kyrgios (6-1, 7-6 e 6-4).

Existe, também, a possibilidade de Djokovic e Nadal se enfrentarem nas meias-finais. Tudo está, portanto, ainda em aberto. Esta segunda-feira marcou o arranque da semana decisiva de Wimbledon. Alguém pode roubar a cena Federer? Domingo, tudo vai ser decidido.


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