Women’s Euroliga: chega a hora da fase decisiva!
A competição de clubes mais antiga e longeva do basquete feminino mundial, a Euroliga, definiu as semi-finalistas. Não foram confrontos fáceis, 3 das 4 séries de quartas de final precisaram de partida desempate, mas ao final as equipes favoritas prevaleceram. Os resultados confirmam o alto nível de basquete praticado no continente, bem como o peso do investimento e da tradição: em relação ao Final Four de 2023, apenas uma alteração, com o francês Villeneuve no lugar do italiano Schio. Praga (Tchéquia), Fenerbahçe e Çukurova Mersin (Turquia) retornam à etapa final da Euroliga.
O Final Four terá, de um lado, a reedição da final da temporada passada, com o duelo turco. Fenerbahçe (atual campeã) e Çukurova fizeram valer os altos investimentos e contratações astronômicas e lutarão pela vaga na grande final. A partida ocorre em Istambul no dia 12 de abril. Do outro lado, Praga e Villeneuve (azarão) enfrentam-se na França, na mesma data. As vencedoras disputam a final e o troféu no dia 14, em local a ser definido. Vejamos como foram as quartas-de-final.
Fenerbahçe x Avenida
Única série das quartas com varrida, confirmando o amplo favoritismo turco. As espanholas do Avenida lutaram e fizeram confrontos dignos e equilibrados, insuficientes porém para superar o esquadrão turco e as próprias adversidades vividas durante a campanha. Houve mudança de técnico, contusão e ausência da principal referência técnica (pivô grega Mariele Fasoula), troca das extra-comunitárias, contusão da experiente Silvia Dominguez… O clube, já sofrendo com a redução do investimento em relação a anos anteriores, sofreu mais baques e, ainda assim, remontou-se durante o campeonato, atingiu as quartas e equilibrou a série.
As espanholas merecem salvas, a despeito da eliminação. Do outro lado, o trio Yvonne Anderson, Kayla McBride e Napheesa Collier impõe respeito a qualquer time do mundo, ainda mais com elenco de apoio entrosado e ótimo comando técnico. O desfalque de Emma Meesseman sequer foi sentido, uma vez que a reposição veio rápida, com a chegada da pivô francesa Marieme Badiane. McBride e Meesseman disputam o MVP da Euroliga e elevam o patamar de basquete necessário para serem batidas.
Na Turquia, uma partida extremamente ofensiva, de ótimos aproveitamentos e fluidez poucas vezes vista na Euroliga. O Fenerbahçe com 50% na linha de três pontos e 60% de quadra; Avenida com 54% de três e 50% no geral, fizeram um jogo bonito e gostoso de assistir. NO quarto final, o Avenida chegou a reduzir a diferença para 3 nos minutos finais, mas o Fener garantiu-se com placar de 98 x 91. Em Salamanca, na semana seguinte, em ritmo mais cadenciado, bastou um quarto dominante turco para selar a vitória: 67 x 73. A boa notícia para o Fenerbahçe é o provável retorno de Meesseman para o Final Four.
Çukurova Mersin x Zaragoza
No outro duelo entre Espanha e Turquia, nova vitória turca. Com diagnóstico similar, Çukurova fez valer seu alto investimento; já forte, contratou para as quartas nada menos que Kahleah Copper, Stephenie Mavunga e Maria Araujo para enfrentar um conjunto coeso, entrosado, cuja base se mantem desde o ano passado. Se carece de uma definidora para o clutch time, Zaragoza compensa com trabalho coletivo.
A tônica dos duelos seguiu à risca o quadro acima, com a equipe anfitriã vencendo nas três ocasiões. Na Turquia, jogos 1 e 3, a individualidade de Marina Mabrey e Copper sobrepôs-se ao coletivo espanhol; em Zaragoza, em jogo travado, de placar baixo (57 x 56) e muita defesa, as espanholas contiveram suas adversárias e foram empurradas para a vitória pela fanática e apaixonada torcida.
A vitória na inauguração da série, por 79 x 62, deu-se graças às pontuações de Mabrey (26 pts), Copper (20) e ao ritmo imposto pela armadora francesa Olivia Epoupa (10pts, 10 reb e 6 ast). No confronto decisivo, Mabrey foi ainda melhor e carregou o time: 16pts, 8reb e surreais 14 ast, para selar o triunfo e a passagem ao Final Four, pela placar de 86 x 63.
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Contra uma equipe ainda mais qualificada do ponto de vista individual, e mais entrosada, como o Fenerbahçe, veremos se essa dinâmica será suficiente. Por ser um único jogo, tudo pode acontecer, mas as peças de apoio precisarão aparecer mais.
Zaragoza despede-se de sua temporada de estreia na Euroliga com saldo extremamente positivo. O projeto consolida-se ano após ano, arregimentou uma torcida apaixonada e construiu uma base muito sólida em quadra. A alemã Leonie Fiebich constrói a cada partida seu status de craque; sem forçar bola, apostando em jogo coletivo, com aproveitamento de três excelente e defesa sufocante, ela se transforma a cada dia em estrela ascendente no basquete mundial, com apenas 24 anos. O futuro é promissor para ela e para a equipe espanhola.
Praga x Schio
Reedição da disputa do bronze da temporada passada, desta vez as tchecas suplantaram as italianas, usando da vantagem do mando de quadra. Schio mostrou-se muito dependente da produção das alas extra-comunitárias Arella Guirantes e Robyn Parks, sem que suas pivôs repetissem o bom desempenho da temporada passada. Quando Guirantes foi eficiente, no jogo 2, vitória por 73 x 61; o problema é que no outro lado estava um time de defesa impressionante, que anulou Guirantes nas duas partidas em Praga.
No jogo 1, vitória tranquila por 78 x 60; no 3, ainda mais tranquilidade, 74 x 54. As tchecas, comandadas pela lendária Natalia Hejkova, perderam a espinhal dorsal dos anos anteriores com a partida de Alyssa Thomas e Brionna Jones. Sem a máquina de triplos-duplos e o talento de ambas, o time optou por uma formação distinta para 2024: trouxe a jovem dupla de pivôs Ezi Magbegor e Nyara Sabally, a armadora espanhola Maite Cazorla (todas as três excelentes defensoras) e apostou na trinca de wings com envergadura Valeriane Ayayi, Maria Conde e Veronika Vorackova.
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Deu certo: um time menos centrado e mais raçudo, com inteligência para detectar pontos fracos nas adversárias e cobrir absolutamente todos os espaços na defesa. Praga chegará ao Final Four com status de favorito frente ao Villeneuve e, em uma iminente final, possui material para brecar as individualidades dos clubes turcos.
DVTK Miskolc x Villeneuve
Os dois azarões das quartas-de-final fizeram um bom confronto, digno das fanáticas torcidas. Única série cujo mandante na partida desempate acabou eliminada. Ambas apostaram na manutenção dos elencos das boas campanhas européias de 2023 – Villeneuve vindo do vice na Eurocup, DVTK da boa campanha na Euroliga, quando quase atingiu as quartas.
O time húngaro viu sua cestinha ir embora e se reforçou com Kaila Charles, menos pontuadora e mais polivalente. Assim, o restante do elenco subiu de produção e o voluntarismo de Charles reverberou; nas partidas finais, faltou a pontuação de uma estrela maior, mas nada que ofusque o ótimo trabalho do técnico Peter Volgyi. Na inauguração da série, vitória por 78 x 66, seguido do empate de Villeneuve na França, por 63 x 59.
Nothing to add to the commentary. What a play by Janelle Salaun 🥵#EuroLeagueWomen x @ESBVALM pic.twitter.com/glsqCGYRiM
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Uma mudança tática sutil por parte do técnico de Villeneuve (Rachid Meziane) mudou a série, visto já no jogo 2, quando a equipe estava contra a parede após um início dominante do DVTK. Sem mudar o padrão tático, com abuso de bloqueios e jogo de dupla para as fogosas armadoras Kamiah Smalls e Shavonte Zellous, Meziane passou a buscar o lado oposto aos bloqueios, explorando a cobertura e recuperação defensivas das húngaras.
A maior beneficiária foi a ala francesa Janelle Salaun, com arremesso alto e ótimo arremesso de três. Com liberdade, devido à gravidade das armadoras, Salaun desabrochou na partida 2 (24 pts e 67% de quadra) e manteve a produção na vitória decisiva, fora de casa, por 58 x 73 – 16 pts e os mesmos 67%. Os arremessos, centralizados nas armadoras no jogo 1, espalharam-se com Salaun, além da pivô Diaby, mais procurada no poste baixo e na posição próxima à cesta.
An electric performance to force Game 3: Janelle Salaun is your 𝐏𝐥𝐚𝐲𝐞𝐫 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐖𝐞𝐞𝐤! 👑#EuroLeagueWomen x @ESBVALM pic.twitter.com/MkuAXaP9ok
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A fórmula resultou na inédita passagem ao Final Four da Euroliga. É premente, para as ambições francesas, que as armadoras produzam como no jogo 3, sem que Salaun e Diaby percam arremessos.