De volta ao tapete!

João CamachoJulho 10, 20204min0

De volta ao tapete!

João CamachoJulho 10, 20204min0
O tapete foi posto e os judocas já começaram a combater sobre ele, sendo um regresso positivo da modalidade em Portugal! As novidades e reflexões de João Camacho em relação à actualidade do judo português

A seleção nacional está há três semanas reunida em Coimbra, onde os principais atletas já treinam a todos o “gás”, trabalhando arduamente para recuperar da longa e imprevista paragem motivada pela pandemia COVID19!

Treinar, treinar e treinar

A retoma da atividade, das seleções em Coimbra, com uma serie de 3 estágios onde se tenta recuperar os principais atletas do longo período de paragem, ficou marcada pelos testes positivos à COVID19 de dois atletas da seleção. Foram eles Wilsa Gomes e o Campeão do Mundo Jorge Fonseca, que estão completamente assintomáticos. Os dois atletas já repetiram os testes por duas vezes, mas continuam positivos o que impede a integração no estágio. Fica evidente a facilidade com que este “vírus” se transmite e que é fundamental seguir à risca as recomendações de segurança das autoridades de saúde.

O estágio decorre com bastante dinâmica e intensidade, com os atletas a demonstrarem muita vontade e total empenho em recuperar o tempo perdido, no entanto, e nas palavras do Presidente da Federação Portuguesa de Judo, Jorge Fernandes, a seleção carece de um apoio mais direto do governo e das entidades com o pelouro do desporto, pois as obrigações ao nível logístico, pelas medidas que tiveram de ser implementadas e pelo facto de os atletas que testaram positivo, bem como os que treinaram com eles, terem obrigatoriamente que se sujeitar a um isolamento profilático, traduz-se numa sobrecarga financeira e logística que a FPJ está a suportar sozinha.

O estágio alargado da FPJ realizado em Julho (Foto: FPJ)

Regresso da competição

O recomeço das provas de Judo está previsto para Setembro, mês em que está calendarizado o Grande Prémio de Zagreb (de 18 a 20), bem como o Campeonato Nacional (26 e 27). Os campeonatos da Europa de Praga, República Checa, que deveriam ter-se disputado em Maio, estão agora agendados para Novembro (de 8 a 10).

Tudo parece encaminhado para um recomeço em força, mas a nuvem de um retrocesso nas medidas atualmente em vigor para contenção da COVID19 ensombra o Judo, como toda a sociedade, para não falar das restrições que diversos países estão a impor aos passageiros oriundos de Portugal, nomeadamente a imposição de um isolamento profilático de 14 dias à chegada, que poderão ter um enorme impacto na retoma da atividade competitiva da seleção Portuguesa a nível internacional.

Contudo, muitas questões se levantam relativamente à condição física, e sobretudo psicológica, que os atletas irão apresentar na altura do retorno à competição. É verdade que a vasta maioria continuou a trabalhar em casa enquanto “confinados”, mas com enormes condicionalismos pois o treino em grupo, com parceiros, foi proibido. Em contraponto, houve casos em que o impacto desta crise pandémica não se fez sentir com a mesma intensidade, como se sentiu em alguns países do continente Europeu e Americano por exemplo, e os atletas continuaram a treinar numa quase total normalidade, como se nada estivesse a acontecer. Obviamente estes atletas terão uma óbvia vantagem competitiva que se poderá traduzir em muitas surpresas e um eventual desvirtuar dos rankings. Sendo que está a decorrer a qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, esta circunstância poderá gerar polémica e colocar o Comité Olímpico Internacional e a Federação Internacional de Judo com um desafio adicional.

Começa a ficar evidente o real impacto desta pandemia na Saúde Pública, nas atividades económicas, na sociedade e no desporto. Desde logo, muitos atletas viram o sonho de um título ou de uma participação Olímpica adiado, ou a esfumaçar-se de vez, o que é verdadeiramente frustrante para quem dedicou uma vida ao sacrifício de ser um atleta de alto rendimento. No caso dos Judocas, e em especial para os que trabalham arduamente atrás de um destes objetivos, cumpre recorrer aos valores incutidos pelo Judo, desde muito cedo, desde a altura da formação, e que são parte de um código moral, que deve ser aplicado em todos os aspetos da vida de um judoca; a cortesia, a coragem, a sinceridade, a honra, a modéstia, o respeito, o auto-controlo e a amizade! Só assim será possível ultrapassar este enorme desafio!

Os Jogos Olímpicos de 2021 continuam a ser um objectivo (Foto: Getty Images)

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