Venham os campeonatos do Mundo de Tóquio!
Raquel Brito
Tal como tivemos oportunidade de referir no último artigo, ao fazer o balanço do mês passado, decorriam, então, os Campeonatos da Europa de Cadetes (Sub 17). O memorável mês de Junho de 2019 terminou com mais um grande resultado de uma atleta Portuguesa.
Tratou-se de Raquel Brito que, atualmente número 2 do ranking Mundial de cadetes da categoria dos 48Kg, conquistou a medalha de prata dos Campeonatos da Europa de Cadetes, competição que decorreu em Varsóvia. Já em Julho, no Festival Olímpico Europeu da Juventude (FOJE), a decorrer em Baku, Raquel repetiu a fantástica prestação do Europeu e conquistou a medalha de prata, numa competição que serve como rampa de lançamento de jovens promessas Europeias para uma futura e potencial participação Olímpica.
Raquel Brito é atleta do Sport Algés e Dafundo, clube eclético, com muitos pergaminhos no Judo, destacando-se por ser um dos clubes que mais atletas levou aos Jogos Olímpicos (11). Recordo que Nuno Delgado representava este clube quando conquistou o Bronze nos Jogos Olímpicos de Sidney. Para além do Nuno, passaram por este clube Pedro Soares, Pedro Caravana, Pedro Dias, Pedro Cristóvão, Rui Domingues, António Matias, Rui Ludovino, e só menciono atletas que marcaram presença nos Jogos Olímpicos, sem desprimor para muitos atletas de enorme qualidade que passaram por este clube e conquistaram importantes resultados nacionais e internacionais.
A Raquel permite-nos acreditar que existe potencial nas camadas jovens que, se bem orientadas, num ambiente onde existam referências e com um investimento sustentado e assente em objetivos tangíveis, não deixarão de contribuir para um futuro prestigiante do Judo Nacional.
Raquel Brito é uma luz ao fundo do túnel, pois tenho dúvidas que analisando transversalmente o escalão, existam atletas com este potencial e que trabalhem com a qualidade com que trabalha a Raquel e os seus técnicos, Pedro Dias e Pedro Jacinto.
Acresce que, para além de ser uma excelente atleta, Raquel Brito é também uma aluna de mérito, o que prova – e não me canso de repetir – que é possível conciliar o desporto de competição com a formação académica convencional.
Mundiais de Tóquio
Os Campeonatos do Mundo de 2019 irão decorrer em Tóquio, capital do país onde no Século Dezanove (1882) nasceu este desporto. O evento, que terá honras de evento teste para os Jogos Olímpicos de 2020, será crucial para consolidar a posição dos atletas no ranking de qualificação Olímpica. Serão uns campeonatos do Mundo muito concorridos, onde as maiores figuras deste desporto marcarão presença.
Portugal tem legitimas aspirações de brilhar e sonhar, inclusive, com uma medalha. A equipa Portuguesa tem vários atletas em posições de destaque no ranking das respetivas categorias de peso, Jorge Fonseca é atualmente 8º, Catarina Costa 11ª, Telma Monteiro e Anri Egutidze 15º.
Apesar do elevadíssimo nível desta competição, o ambiente único e entusiástico dos Campeonatos do Mundo, especialmente quando decorrem no Japão e em concreto na Nippon Budokan, fantástica arena de eventos com capacidade para 15.000 espectadores, poderá ser um fator de motivação adicional e dar uma preciosa contribuição na superação dos atletas. E, nunca é demais relembrar, Portugal tem em Campeonatos do Mundo um total de 9 medalhas, 4 de Prata e 5 de Bronze. Só Telma Monteiro, à sua conta, tem 5 destas medalhas (4 de prata e 1 de bronze).
Telma estará presente, o que logo à partida permite equacionar a possibilidade de uma medalha. Apesar dos seus 33 anos recordo que nos Jogos Europeus/Campeonatos da Europa deste ano, Telma provou, com o Bronze na prova individual e com a Prata na prova de equipas onde foi decisiva, que está motivada e com um nível competitivo que permite aspirar a uma excelente classificação nestes Mundiais.
Também destaco o bom momento de forma da jovem, “júnior”, Patricia Sampaio, que poderá surpreender nos 78KG, tal como Barbara Timo nos 70Kg e Rochele Nunes nos +78Kg.
Um sorteio favorável, em conjunto com um dia “bom”, porque tudo se resolve num único dia, e o atual período de graça do Judo Português, permite antever que o início do mês de Setembro poderá marcar, novamente, o Judo Português. Aguardamos com entusiasmo!
Craig Fallon, uma grande perda para o Judo Britânico e Mundial
O mês de Julho fica marcado pela triste notícia do prematuro desaparecimento do atleta Britânico Craig Fallon (36 anos). O talentoso atleta Britânico foi Campeão do Mundo em 2005 e campeão da Europa em 2006, na categoria dos 60Kg. As circunstâncias da sua morte estão por esclarecer, mas amigos e familiares próximos da família informaram que Craig sofria de depressão, que se agravou depois de abandonar os tatami (tapetes) como atleta.
Mais uma vez fica demonstrado que o acompanhamento psicológico e médico dos atletas de alto rendimento é fundamental, não só durante a carreira de atleta mas também na fase do abandono da competição e retorno à vida “normal”. Há conhecimento de diversos casos, de grandes referências do desporto Mundial, por exemplo, o nadador Norte-americano Michael Phelps, que sofreram com esta patologia. Fica aqui a homenagem a um fantástico atleta, que deixa um enorme vazio, especialmente no que respeita ao Judo da Grã-Bretanha, onde só três atletas conseguiram conquistar o título mundial.
Verão quente no Judo
Igualmente em Julho, há a registar os Campeonatos da Europa de Veteranos e de Katas (“Formas” – Série de técnicas especialmente selecionadas tendo em vista o estudo aprofundado dos princípios do Judo), a decorrer na Gran Canária-Espanha, onde, à data da redação deste artigo, já temos uma Medalha de Ouro, conquistada pela dupla Pedro Gonçalves e Paulo Moreira, na competição de Katas, mais exactamente no kata “kodokan goshin jutsu”.
Estão também em curso, em Baku-Azerbaijão, o Festival Olímpico Europeu da Juventude, onde Raquel Brito já conquistou a medalha de prata, os Campeonatos da Europa ISBA – Judo para atletas Cegos e com Baixa Visão, bem como diversas etapas do circuito Mundial da Federação Internacional de Judo, e diversas etapas do circuito Europeu de Juniores e Cadetes
Ou seja, e em conclusão, há motivos de sobra para continuar atento e, permitindo-me alguma falta de modéstia, acompanhar esta rubrica onde tento, todos os meses, fazer um resumo dos resultados mais relevantes, além de lançar o debate sobre alguns temas pertinentes desta modalidade desportiva que cada vez tem mais praticantes e ganha, ano após ano, uma forte dimensão e exposição global.
Boas Férias e voltamos a seguir aos Mundiais de Tóquio!
One comment
Victor Brito
Julho 28, 2019 at 8:18 am
Excelente artigo de opinião!