O (triplo) salto que pode mudar tudo

Pedro PiresJunho 5, 20195min0

O (triplo) salto que pode mudar tudo

Pedro PiresJunho 5, 20195min0
Evelise Veiga promete abanar com a competição no Triplo Salto depois de ter batido uma série de metas nos últimos tempos. Fica a saber mais sobre quem está a competir nesta especialidade em Portugal

Já se sabe que o Triplo Salto em Portugal é um verdadeiro caso de sucesso. Ainda assim, os 14.32 metros (+0.6) alcançados por Evelise Veiga, no último sábado na Maia, só podem ser considerados uma enorme surpresa. Com quase 4 meses para preparar os Mundiais, Portugal tem 3 atletas qualificadas para a prova feminina e 2 atletas para a prova masculina, sendo uma das nações de quem mais se espera na disciplina.

Evelise Veiga era considerada, até este sábado, uma atleta versátil, sim, mas especialista no Salto em Comprimento. Nessa disciplina tem um melhor pessoal de 6.61 metros alcançados no ano passado, sendo a 2ª melhor portuguesa de toda a história, apenas atrás de Naide Gomes. Foi com essa marca que se qualificou para os Europeus de Berlim, marca que viria a repetir nas eliminatórias desses campeonatos, alcançando, depois, o 8º lugar na final.

Este ano começou bem, embora não tenha conseguido o apuramento para os Europeus de Pista Coberta em Glasgow. Ao ar livre, na sua segunda prova, no Europeu de Clubes, saltou 6.58 metros, já muito próxima do seu recorde pessoal, deixando antever que essa marca possa ser batida muito em breve. Ainda assim, muita coisa pode mudar depois do que a atleta do Sporting fez no passado sábado na Maia.

Numa prova de Triplo Salto que foi vencida por Patrícia Mamona em 14.42 metros (com ventosos +3.1), o grande destaque foi o enorme salto de Evelise Veiga, ao alcançar 14.32 metros (+0.6), naquilo que os falantes de língua inglesa normalmente chamam de “game changer”. A marca é marca de qualificação para os Mundiais de Doha (que se realizam em Setembro/Outubro deste ano) e também é marca de qualificação para os Jogos de Tóquio do próximo ano, mesmo que a IAAF tenha endurecido bastante os mínimos (14.32 é precisamente a marca mínima pedida pela IAAF) para existir um maior foco nos rankings.

Para se ter uma ideia do quão surpreendente foi o resultado obtido, podemos ir buscar os anteriores resultados da atleta no Triplo e vemos que o seu melhor tinha sido alcançado no ano passado, quando subiu a 4ª nacional de sempre nessa disciplina, com 13.65 metros (+0-3) que lhe deram o 2º lugar nos Campeonatos do Mediterrâneo Sub-23 (venceu no Comprimento).

São 67 centímetros de incremento, que ninguém fazia a mínima ideia que a atleta já tivesse dentro de si nesta disciplina. Sobe a 3ª nacional, ultrapassando Lecabela Quaresma, e torna-se a 3ª portuguesa a passar a barreira dos 14 metros – com vento legal, uma vez que Lecabela saltou 14.19 (+2.6) no ano passado.

Depois de Patrícia Mamona e Susana Costa, Evelise Veiga torna-se a 3ª acima dos 14 metros (com vento legal) (Foto: Maisfutebol)

Depois de Patrícia Mamona e Susana Costa, Evelise Veiga torna-se a 3ª acima dos 14 metros (com vento legal)

A questão agora é: deverá Evelise mudar o seu foco e apostar mais no Triplo, uma vez que sabe que tem presença garantida nos dois próximos grandes eventos mundiais nessa disciplina? Deverá continuar o seu foco no Comprimento, disciplina onde ainda é mais consistente e sabe que um recorde pessoal – e uma possível marca de qualificação para Doha – deverá estar para muito breve?

Deverá focar-se numa preparação mista, um pouco à imagem do que Caterine Ibarguen, a estrela do Triplo, fez em 2018 e está a fazer em 2019? A resposta apenas poderá ser dada por Evelise e pela sua treinadora (Cátia Ferreira), mas uma aposta mista abre bastantes possibilidades e parece-nos bastante tentador, neste momento, com o nível alcançado pela atleta em ambas as disciplinas.

Portugal – Caso Único

Com 3 atletas acima dos 14 metros, no feminino, Portugal é neste momento caso único no mundo em 2019 e todas elas estão já qualificadas para os Mundiais. Será especialmente interessante ver se todas elas marcarão presença no Campeonato de Portugal nesta disciplina e que nível poderemos ver, mas, mais importante ainda, é saber que as 3 têm quase 4 meses completos até aos Mundiais de Doha, no Qatar, podendo preparar as suas participações sem qualquer pressão para a obtenção de marcas de última hora.

Também nos homens, Pedro Pablo Pichardo e Nelson Évora já têm qualificação assegurada, ambos acima dos 17 metros já este ano e ambos irão aos Mundiais para lutar por medalhas. Os atletas apenas saltaram em ambiente de pista coberta em 2019, mas nos próximos dias já os poderemos ver em ação no arranque da época ao ar livre.

Nos homens, também se vai a Doha a pensar em medalhas

Para os Jogos de Tóquio, uma vez que o período de qualificação começou apenas a 1 de Maio, entre os 5 atletas, apenas Evelise Veiga tem já marca de apuramento, sem ser necessário esperar pelo novo ranking da IAAF. Para esses Jogos Olímpicos, a marca mínima de qualificação para as mulheres é 14.32 metros e para os homens 17.14 metros.

Nos homens, também se vai a Doha a pensar em medalhas (Foto: Record)

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