Alcaraz: pode o principe da terra batida tornar-se rei?
MasCarlos Alcaraz voltou a sentar-se no trono dos campeões de Roland Garros. É já o seu segundo título em Paris depois do sucesso em 2024. O prodígio espanhol, 22 anos, de idade já conta também no seu currículo com o US Open 2022 e Wimbledon 2023. Um palmarés impressionante para a idade e que comprava estarmos perante um talento geracional.
Alcaraz, como bom espanhol que é, tem na terra batida o seu piso de eleição. É ali que explora e maximiza todas as suas virtudes como tenista. Uma combinação perfeita entre força física, habilidade técnica e força mental. Se há alguém que pode ser considerado um digno sucessor Rafa Nadal é ele. E as parecenças vão além do estilo de jogo e força mental.
Aos 22 anos de idade, Nadal somava mais um título ATP que Alacaraz, porém todos eles foram alcançados em Roland Garros. Nadal é recordista absoluto em Paris, com 14 títulos ao longo da carreira, que lhe valeram uma estátua junto ao court Phillipe Chatrier. Alcaraz, por seu lado, mostra-se mais versátil nesta idade, como provam os troféus em Wimbledon e US Open. E ambos já tinham experimentado a sensação de liderar a hierarquia mundial. Talvez a grande diferença, em termos de títulos esteja nos Masters. Carlos Alcaraz já venceu 14 títulos ATP e 5 Masters 1000, enquanto Nadal, na mesma idade, 30 títulos ATP, entre eles 12 Masters 1000.
A grande pergunta é se Carlos Alcaraz pode ameaçar o reinado absoluto de Nadal na terra batida e em Roland Garros? A resposta não é fácil de dar. Porque um já tem a sua história contada e o outro está no prefácio da sua, e porque muita coisa ainda pode acontecer e condicionar o percurso de Alcaraz.
Sinner e o jogo do ano
De todo modo, e apesar de toda a dominância de Alcaraz em terra batida, parece claro que Carlitos terá uma concorrência ainda mais apertada em Paris do que Nadal teve. E aqui não nos equivoquemos. Rafa teve que enfrentar nada menos que Roger Federer, Novak Djokovic e Andy Murray, que compuseram o Big 4 do ténis neste século. Além disso, havia jogadores que se agigantavam em Paris, como Stan Wawrinka e mais recentemente Alexander Zverev. Porém, fica a ideia, pelo menos para já, que Alcaraz terá uma variedade de rivais que pode travar um eventual empilhamento de troféus em Paris.
Um deles é justamente Jannick Sinner. O italiano, número 1 do mundo, proporcionou uma final digna de figurar num top 5 do século XXI. Qualidade, intensidade, rivalidade, enfim, teve de tudo. Incluindo uma reviravolta histórica. Na final mais longa da história (5.29 horas de jogo) Alcaraz salvou nada menos do que 3 match points (quando perdia por 2-0 em sets) para vencer por 4-6, 6-7, 6-4, 7-6 e 7-6. Esta foi a primeira final de Grand Slam entre os dois tenistas. A primeira, espera-se, de muitas. Isto porque estamos falando dos dois jogadores mais dominantes do circuito da atualidade, sendo que o italiano tem 23 anos. E a final impactou tanto o italiano que Sinner chegou a assumir que passou noites sem dormir.
Outros rivais
Mas se Alcaraz quer chegar próximo do número de títulos de Roland Garros de Nadal terá também de superar jogadores como Zverev, Rune, Rublev, e até Musetti. O italiano, número 7 do mundo, foi um dos grandes nomes do torneio. Musetti, 23 anos, também é forte na terra batida e caiu apenas nas meias-finais perante Alcaraz (6-4, 6-7, 6-0, 2-0), por motivos de lesão. O italiano atravessa um bom momento, mas já não ganha títulos desde 2022.
De um modo ou de outro, Alcaraz é um nome seguro para o futuro. Seja na terra batida ou em qualquer outro piso. Essa versatilidade técnica também o diferencia de Nadal. E por enquanto só lhe falta o Australian Open para completar o carreer Grand Slam. Por enquanto, os 14 títulos de Nadal parecem um horizonte longínquo. Mas ninguém duvida, que o espanhol não deverá ficar pelos 2 triunfos.