Não é fácil ser surfista profissional e a luta pela saúde mental
A prova inicial do World Surf League (WSL) 2022 veio e foi, com o palco a ter sido na famosa onda havaiana de Pipeline, com algumas baixas, como foi o caso do surfista campeão mundial Gabriel Medina que se afastou para recuperar a parte mental e física, conforme explicou no seu instagram, que apresentava algum desgaste da época anterior, com o tricampeão mundial a abrir um alerta que serve a todos: a saúde mental, a parte escondida da vida de um atleta profissional e tudo o que conta para atingir os fins a que se propõem.
Apesar de os surfistas no geral parecerem ter um lifestyle de meter inveja a praticamente todos, esse lifestyle do surfista atual já não é como era há uns anos, agora são autênticos atletas de topo, que têm vários profissionais em seu redor para garantir a melhor performance em cada etapa, já não basta só saber surfar bem e ganhar provas, agora é necessário fisioterapeutas para corrigir algumas mazelas, são precisos psicólogos para aligeirar a pressão que têm pelos resultados, sim porque numa etapa só um ganha, mas todos os surfistas envolvidos, têm esses deveres para conseguirem os melhores resultados em cada etapa, para se requalificarem no final do ano desportivo.
Nunca foi fácil ser competidor, para tal precisam de planos e de muito trabalho físico e mental para conseguirem suportar toda a época competitiva fortes em ambos os planos.
Para muito surfistas, o dia começa bem cedo (5h30-07h30) para irem a um ginásio treinar a postura e a condição física, depois procuram diversas ondas diferentes, procuram adaptar-se a surfar todo o tipo de ondas quer sejam pequeninas quer sejam gigantes, se dá eles têm que ir “trabalhar”, tal como todos que trabalham (como todos os mortais comuns).
Ou seja, as rotinas diárias enquanto atletas profissionais são bastante duras.
Atualmente os melhores surfistas da WSL já estão em modo de treino no Havaí para tentar alcançar o melhor resultado individual em Pipeline, desde os crónicos candidatos ao título (John John Florence, Ítalo Ferreira, entre tantos outros), mas também todos os 32 atletas que surfam nesse circuito que é o DreamTour da WSL, todos eles treinam muito, dentro e fora de água, para estarem prontos durante aqueles minutos de cada bateria, se correr bem ficam confiantes, mas se corre menos bem e são prematuramente eliminados das rondas iniciais. Regressam para fortalecer a mente e prepararem-se para a etapa seguinte, não é assim tão fácil gerir isso tudo durante um ano e com altos e baixos. Mas mesmo assim são os melhores do mundo.
Isto acontece em todos os circuitos, onde desde treinadores, shapers, marcas entre outros, que ajudam a manter os surfistas ao mais alto nível de performance e a estender a permanência. A saúde mental dos surfistas é assim fundamental ser compreendida e respeitada por todos, especialmente por quem gere o tour como pelos fãs, que exigem sempre o melhor dos seus atletas predilectos, às vezes sem pensar no estado psicológico que estes se encontram.
Gabriel Medina, the No. 1-ranked world champion surfer, said he would not compete in the 2022 World Surf League season and would instead focus on his mental health. He is the latest prominent athlete to prioritize mental health over competition.https://t.co/s9JpwKdkbN
— The New York Times (@nytimes) January 25, 2022