Springboks: que futuro para o rugby do país do arco-íris?

Rodrigo FigueiredoMarço 20, 20184min0

Springboks: que futuro para o rugby do país do arco-íris?

Rodrigo FigueiredoMarço 20, 20184min0
A entrada de Rassie Erasmus como novo selecionador dos Springboks implica a tão desejada renovação do Rugby Sul-africano. Que impacto terá o técnico e quais os principais desafios que se avizinham para o líder dos bi-campeões mundiais?

Os Springboks estão actualmente no 6º lugar do ranking da World Rugby, posição que deve levar a uma reflexão sobre o estado actual do rugby sul-africano. Desde os problemas sociais, às politicas de selecção até à “debandada” de jogadores para o velho continente, as dificuldades para os responsáveis da South African Rugby Union parecem não acabar.

ALLISTER COETZEE: O HOMEM QUE ABANDONA

Desde que os Springboks se sagraram campeões mundiais pela segunda vez em 2007 com Jake White ao comando que nenhum seleccionador tinha uma taxa de vitórias tão reduzida (47%). Num exercício de pesquisa mais rebuscado, Coetzee conseguiu fazer pior que Viljoen e Staeuli, seleccionadores no início do século. A verdade é que os últimos anos não têm sido fáceis para o Rugby sul-africano e os resultados dos Springboks são espelho disso mesmo. Coetzee “conseguiu” ainda perpetuar-se para a história igualando um recorde que nenhum treinador deseja: maior diferença de pontos (57!) numa derrota perante a eterna rival Nova Zelândia. Aconteceu a 16 de Setembro de 2017, em Albany (NZ), e o resumo do jogo mostra bem o domínio dos All Blacks.

SHIRT VS MONEY: SPRINGBOKS EDITION

Uma das políticas que as poderosas selecções mundiais utilizam para manter a competitividade interna é a dos jogadores terem de optar entre a camisola e os contratos financeiramente aliciantes dos clubes europeus. Há até casos de jogadores europeus que actuam num campeonato vizinho (Abendanon, Armitage, entre outros) que os impede de representar a sua equipa nacional. O assunto é, no entanto bem mais complexo do que aparenta. As questões de residência, de naturalidade e de nacionalidade dos pais e avós permitem que haja uma ampla escolha sobre que pais representar (relembrar o caso de James O’Connor que optou pela Austrália). Ao contrário da Nova Zelândia e Inglaterra, a África do Sul não adopta esta política, havendo liberdade para os jogadores representarem a selecção. Isto, porém, não significa que haja facilidade para isso acontecer, muito pelo contrário. Os clubes, detentores dos “passes” dos jogadores, são muitas vezes o entrave e acabam por condicionar a ida dos jogadores. Entre outras razões, os jogadores que participam no Super Rugby pelas franquias sul-africanas estão mais “disponíveis” para participar nos estágios e absorver o modelo de jogo delineado.

Para se ter uma ideia, este seria um XV possível de jogadores sul-africanos a jogar fora do seu país e seus respectivos clubes:

15. Gio Aplon (Grenoble) 14. Willie le Roux (Wasps) 13. JP Pietersen (Leicester) 12. François Steyn (Montpellier) 11. Bryan Habana (Toulon) 10. Ruan Pienaar (Montpellier) 9. François Hougaard (Worcester) 8. Duane Vermeulen (Toulon) 7. Schalk Burger (Saracens) 6. François Louw (Bath) 5. Juandre Kruger (Racing) 4. Paul Willemse (Montpellier) 3. Jannie du Plessis (Montpellier) 2. Bismarck du Plessis (Montpellier) 1. Albertus Buckle (Lyon)

Enquanto esta opção fosse tomada por jogadores em fim de carreira, seria de esperar que as Federações pudessem salvaguardar a qualidade do seu XV principal através de programas de formação adequados. No entanto, tem-se tornado preocupante o caso de jogadores cada vez mais novos que optam por jogar na Europa e assegurar um contrato financeiro mais vantajoso. A solução da África do Sul não terá de passar exactamente por recuperar os jogadores que ingressaram nessas aventuras mas essencialmente por assegurar que os que neste momento estão a ser formados nas suas academias sejam opção válida e duradoura para o XV Springbok.

RASSIE ERASMUS: O HOMEM QUE ENTRA

O anúncio de Rassie Erasmus como novo seleccionador sul-africano deve ser visto com grande entusiasmo pelos adeptos dos Springboks. Depois de ter treinado os Free State Cheetahs com vitórias na Currie Cup em 2005 e 2007, seguindo para os Stormers onde alcançou a final do Super Rugby em 2010, perdida para os também sul-africanos Bulls (Para quando outra final sul-africana?). Já recentemente na Irlanda, ao comando da província do Munster, Erasmus conseguiu alcançar a final da Guiness Pro12 e a meia-final da muito competitiva European Champions Cup, perdendo nesta última para os bi-campeões em título, Saracens.

Erasmus terá um grande desafio pela frente e tanto os sul-africanos como os adeptos do Rugby físico e vertical característico dos Springboks anseiam pela regresso às prestações e resultados positivos.


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