Seis Nações 2020: quem vai vestir a camisola 13 do País de Gales?
Os campeões em título vão entrar em campo logo no dia 1 de Fevereiro frente à Itália e subsistem grandes dúvidas em relação a algumas posições… vai Alun Wyn Jones continuar a capitanear os galeses? Dan Biggar vai manter o lugar de médio-de-abertura (Gareth Anscombe não jogará durante todo o ano de 2020)? E quem vai substituir Jonathan Davies na camisola 13? Esta última pergunta é a mais preocupante, uma vez que não há candidatos disponíveis viáveis para o lugar de 2º centro do País de Gales, o que forçou a experiências nas franquias galesas durante as últimas semanas.
Wayne Pivac tem poucas semanas para preparar bem o seu conjunto de jogadores na tentativa de revalidar o título conquistado no ano passado, apesar de entrarem para a edição de 2020 com várias baixas seja no bloco dos avançados ou nas linhas atrasadas, como Gareth Anscombe, Owen Watkin, Willis Halaholo e, principalmente, Jonathan Davies. O experiente centro de 81 internacionalizações jogou as meias-finais e o 3º/4º lugar do Mundial de Rugby 2019 com uma grave lesão no joelho e, após o término da competição, foi forçado a parar para iniciar o tratamento de forma a recuperar do problema físico. Esta situação, que já era preocupante, agravou-se quando surgiram as notícias de que Owen Watkin e Willis Halaholo não seriam opções para a competição europeia também devido a lesões, lançando o debate: quem fica como 2º centro?
No meio das várias conjecturas apresentadas existem três cenários que têm algum fundo e cabimento, tanto pelos argumentos como pela visão de Wayne Pivac olha para o presente-futuro do País de Gales.
DAS ALAS VEM A FORÇA… OU COMO CONVERTER PONTAS EM CENTROS
Josh Adams e George North. Dois prolíferos pontas do Hemisfério Norte que têm assegurado a titularidade na selecção galesa nos últimos anos são agora a solução para ocupar o lugar de 2º centro, mas só o atleta dos Ospreys alinhou na camisola 13 esta temporada. Antes de continuarmos no tempo presente, é importante referir que George North jogou por 4 ocasiões como 13 ao serviço do País de Gales, mas nunca foi propriamente uma escolha de recurso interessante o suficiente para convencer Warren Gatland em manter esta aposta.
Avançando até Janeiro de 2020, o ponta actuou pelos Ospreys como centro no encontro frente aos Saracens e rubricou uma exibição média, num jogo sofrível (novamente) da formação galesa. 8 placagens, 15 metros conquistados, 1 turnover, 2 offloads e 2 erros no manuseamento da oval, sendo uma das unidades menos negativas deste encontro para a Challenge Cup.
Por isso, conseguirá North ser uma real solução para os galeses? Dúbio. Fisicamente, o experiente 3/4’s é um dos mais desenvolvidos apresentando-se como um atleta sempre propenso à conquista de metros, a conseguir tackle busts e a impor uma placagem “agressiva” e envolvente, sendo considerado um ponta resiliente e de alta confiança tanto no ataque ou defesa. A nível de leitura do jogo táctico seja no quadro ofensivo ou defensivo, George North enche as medidas à ponta, mas parece não estar no mesmo universo que Jonathan Davies tanto do ponto da leitura de jogo ou de como encaixar a nº13.
Mas e se a opção recair na tentativa de recolocar Josh Adams no lugar de Jonathan Davies, mantendo George North na ala? O jogador de 24 anos é um dos actuais grandes talentos das Ilhas Britânicas munido de um poder de aceleração e aproveitamento de espaço de excelente qualidade, para além dos bons apontamentos defensivos que impedem a equipa contrária de explorar o seu corredor. Porém, há uma questão essencial… Josh Adams tem ainda menos experiência que George North como centro e retirá-lo da zona onde rende melhor para o País de Gales pode ser um erro crasso… ou será que é mais fácil reprogramar o atleta dos Cardiff Blues como um centro para o futuro do País de Gales?
Outra questão vai exactamente para o dia depois de amanhã dos galeses: Jonathan Davies vai ser o nº13 titular até quando? A veterania na linha de 3/4’s em selecções do Hemisfério Norte nunca é de toda apreciada, e este poderá ser um momento idílico para começar a procurar um novo senhor do lugar de 2º centro, na ausência de Halaholo (29 anos, não será uma escolha para o futuro de todo) e Owen Watkin (bom jogador mas que ainda está longe de ser uma certeza). Uma introdução quer de North ou Adams a centro, permite a titularidade total a Steff Evans que merece mais tempo de jogo pela qualidade técnica, física e estratégica que apresenta.
Mas no meio dos problemas e preocupações de Pivac, talvez o caminho possa ser percorrido ao escolher um nome bem conhecido pelos adeptos do rugby mundial e que durante anos foi considerado um dos atletas mais consistentes do País de Gales. Conseguem adivinhar quem é?
Uma placagem de George North na qualidade de centro
UM RETORNO (VETERANO) INESPERADO
Jamie Roberts está na contenda para regressar ao elenco galês, depois de um ano e meio excluído das opções de Warren Gatland que apostou em Hadleigh Parkes para o lugar de 1º centro. Roberts consegue jogar tanto a 12 como a 13 e nesta temporada pelo Bath já registou algumas exibições impressionantes, como aconteceu frente aos Sale Sharks (19 placagens efectivas, uma assistência para ensaio e duas quebras-de-linha) ou Northampton Saints. Com 33 anos, o quase centurion pelo País de Gales pode ver acontecer um regresso num momento de crise de lesões dos Red Dragons.
Scott Williams pode também receber uma chamada de regresso, depois de ter falhado a chamada para o Mundial de Rugby. Encaixa também no perfil de um jogador experiente e que tanto oferece garantias no aspecto defensivo como possibilita uma construção interessante do processo ofensivo enquanto 2ºcentro, podendo ser uma real opção para surgir no elenco alargado de Wayne Pivac.
E por fim, há uma possível última solução, não tão possível como todas anteriores mas tem o seu fundo de interesse: convocar Steffan Hughes. O jogador de 25 anos tem rubricado uma temporada de alta qualidade pelos Scarlets com 70 placagens realizadas em 10 jogos, mais de 200 metros conquistados, 3 assistências para ensaio, oferecendo uma plataforma de jogo de qualidade à equipa galesa. Poderá se dar a ascensão de um unsung hero que surgirá na lista de convocados do seleccionador galês?
A camisola nº13 é de vital importância para o tipo de jogo que o País de Gales tanto gosta de explorar, seja pelo equilíbrio defensivo que oferece, pela tenacidade na perseguição do jogo ao pé, na imposição de uma linha-defensiva pressionante e na criação de espaços para abrir as brechas suficientes para conseguir os pontos suficientes para conquistar vitórias. Jonathan Davies tem sido um rei nesta posição, talvez o melhor 13 da década passada (Conrad Smith está num nível acima atenção) ou pelo menos aquele que mais marcou a forma de jogar de uma selecção a partir da posição de centro.