Seis Nações 2019: tudo igual para a última e decisiva ronda

Francisco IsaacMarço 11, 20196min0

Seis Nações 2019: tudo igual para a última e decisiva ronda

Francisco IsaacMarço 11, 20196min0
País de Gales, Irlanda e Inglaterra... qual destes vai levantar o título de campeão das Seis Nações 2019? A decisiva ronda é já na próxima semana mas o que há para descobrir sobre esta?

FEIO, MUITO FEIO MAS UMA VITÓRIA É UMA VITÓRIA NÃO É SR. GATLAND?

O País de Gales continua na senda de reconquistar um título que lhe foge desde 2013 e uma vitória por uma margem de 7 pontos foi o suficiente para sair da Escócia com o objectivo intacto. Contudo, foi dos jogos mais cinzentos das Seis Nações com bastante demérito dos escoceses no aproveitar uma séria de oportunidades oferecidas, do que mérito dos galeses que foram extremamente eficazes na conversão dos pontos necessários mas sem brilharem no ataque.

As estatísticas mostram uma Escócia que não só correu mais com a bola na mão (400 metros), como ocupou o território de forma mais predominante (60%) para além de ter batido mais defesas, conquistado mais quebras-de-linha e até de ter terminado com melhor eficácia na placagem (90%) do que os galeses (83%).

Mas o que faltou então para à Escócia? Capacidade de decisão de outra qualidade tanto de Ali Price (bem melhor que Laidlaw), Finn Russell (muito longe do seu melhor, sempre caçado quer por Tipuric ou Navidi, ficando sem espaço para apostar num jogo mais dinâmico) ou Blair Kinghorn. Sem esta “coluna vertebral”, os escoceses foram erráticos no ataque apesar de terem tido boas oportunidades para chegar com a oval a uma zona mais avançada do território.

Já o País de Gales ficou à espera pacientemente pelas oportunidades e aos poucos foi criando problemas à Escócia que respondeu da pior forma possível: faltas no chão e uma postura defensiva entre entre os centros. Sob a liderança de Alun Wyn Jones e nas “costas” do papel decisivo de Gareth Davies ou Liam Williams, os Dragões Vermelhos conquistaram dois ensaios preciosos com Josh Adams e Jonathan Davies a finalizar com excelência.

Defesa extremamente rígida e veloz dentro dos 22 metros, ataque “venenoso” e pormenorizado foram aspectos mais que suficientes para o País de Gales ir para a última ronda a depender só de si para levantarem as Seis Nações. Todavia, atenção para o seguinte facto: caso a Inglaterra consiga uma vitória com ponto de bónus na recepção à Escócia, uma vitória não será suficiente para os comandados de Warren Gatland, pois precisam de uma vitória bonificada.

BEM-VINDO JOE COKANASIGA ÀS SEIS NAÇÕES!

A exibição inglesa ante a Itália foi de uma eloquência total, com um rugby dinâmico, apaixonado, intenso e expansivo que levantou Twickenham a um ponto de total loucura, com Joe Cokanasiga e Manu Tuilagi a espalhar o “pânico” na defesa transalpina, com o centro a conseguir dois ensaios numa daquelas exibições geniais!

Foram 200 metros conquistados no total pelos dois, 8 quebras-de-linha e 11 defesas batidos, mas os detalhes da exibição de ambos vão muito para além de uns quantos números numa estatística. Cokanasiga traz um virtuosismo muito perigoso e peculiar às pontas da Inglaterra, não se ficando só pelo poder de choque no contacto ou poder de aceleração no momento em que abre uma “brecha” na defesa, fazendo-o de um dínamo sempre ligado à corrente-eléctrica que a Itália nunca soube parar.

Com Elliot Daly a comandar bem os seus pontas, a Inglaterra sempre que pôde encontrou um caminho para fugir aos placadores italianos, abrindo-se boas e decisivas oportunidades para a selecção de Sua Majestade durante os 80 minutos.

Foi o que faltou no encontro frente ao País de Gales, um pouco mais de bola nas mãos dos ingleses para descobrirem outros caminhos para os pontos que não fosse pelo pé de Owen Farrell, o abertura que apareceu bem mais, com vontade de querer criar boas movimentações e não estar constantemente apostar no jogo ao pé e no colocar dessa forma pressão ao adversário.

Os ingleses vão para a última jornada com uma panóplia de opções para atacar a Escócia com Brad Shields, Joe Cokanasiga (o MVP do encontro), John Launchbury a lançarem dúvidas na cabeça de Eddie Jones, num momento em que Manu Tuilagi, Billy Vunipola ou George Kruis apresentam-se cada vez melhores!

FRANÇA ENTRE O LIMIAR DO FIM E NO PRINCÍPIO DO CAOS…

Fraca, extremamente fraca foi a exibição francesa em Dublin com muito pouco para mostrar, caindo por terra aquela reacção de qualidade mostrada na 3ª ronda frente à Escócia. No total os Les Bleus foram só capazes de andar 140 metros (mais fraco que qualquer prestação da Itália esta temporada), com apenas 3 quebras-de-linha e quase 15 faltas cometidas durante todo o encontro.

Nem Louis Picamoles, Guilhem Guirado, Mathieu Basteraud ou Antoine Dupont podem fugir à crítica, pois nenhuma destas referências da França agarrou o jogo ou tentou motivar os seus colegas em apresentarem uma atitude ofensiva inteligente e eficiente ou uma defesa prática e adaptável que bloqueasse totalmente as operações da Irlanda. A equipa da casa sentiu falta de um Conor Murray inspirado, com Johnny Sexton a aparecer bem melhor no jogo, naquela que foi (até agora) a sua melhor exibição em 2018.

Mesmo com Stockdale e Jordan Larmour completamente perdidos em certos períodos do jogo, a França nunca foi capaz de conduzir a oval da melhor forma possível, tropeçando constantemente em más transmissões de bola (10 erros de handling) ou em rucks perdidos para a Irlanda. A meses do Mundial de Rugby 2019, a França está num período débil que deve criar apreensão, apesar das boas exibições ante o País de Gales e Escócia (curiosamente, os dois em casa).

Os irlandeses pelo seu turno não estando com um jogo vibrante e energético, mantêm uma característica que os torna uma ameaça para qualquer selecção: dominadores. Compactos na defesa, pacientes na condução de bola e decisivos nas fases estáticas, foram aspectos observados contra a França e que deixam um vislumbre do que poderá vir aí no encontro frente ao País de Gales para fechar as Seis Nações.

Até que ponto podem conquistar uma vitória frente à Itália em Roma? E será que Jacques Brunnel joga com as melhores opções?

REGISTOS DA 4ª RONDA

MVP da Ronda: Manu Tuilagi (Inglaterra): 85 metros conquistados, 3 quebras-de-linha, 5 defesas batidos e 2 ensaios
Placador da Ronda: Brad Shields (Inglaterra): 20 placagens (100%)
Ensaio da Ronda: Jonathan Sexton (Irlanda) vs Itália: movimento de capricho com o 10 a aparecer bem na dobra
Melhor Marcador da Ronda: Owen Farrell (Inglaterra) e Jonathan Sexton (Irlanda) – 11 pontos


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS