Profissionalização, estratégia e espectáculo

Rodrigo FigueiredoSetembro 28, 20185min0

Profissionalização, estratégia e espectáculo

Rodrigo FigueiredoSetembro 28, 20185min0
O jogo de Rugby está em constante evolução. Das alterações às leis de jogo à componente física, dos modelos competitivos à tecnologia utilizada, o jogo de rugby evoluiu para que o dinamismo e a espectacularidade não faltem. O que terá mudado mais?

Profissionalismo

Não há muito tempo atrás, os jogos de Rugby eram bem diferentes do que são hoje. Com a introdução do profissionalismo no final do século, o desporto evoluiu tremendamente até aquilo que se chama hoje de Rugby moderno. De facto, a profissionalização veio trazer as estruturas necessárias para os clubes se desenvolverem e as competições tornaram-se (na teoria) mais justas, uma vez que o semi-amadorismo e as aliciantes propostas contratuais do Rugby League eram uma séria ameaça ao desenvolvimento do Rugby Union. Assim, a International Rugby Board (IRB), hoje World Rugby, tem tomado as decisões que, à medida que o próprio jogo evolui, têm permitido um desenvolvimento consistente e sustentado  do Rugby de 15 (Rugby Union) em todo o mundo.

Comparar a estrutura física de um jogador profissional nos dias que correm com a dos grandes jogadores dos anos 80, por exemplo, é um exercício quase cómico. As exigências do jogo moderno estão a aumentar e o tempo útil de jogo é um bom indicador do nível de performance exigido em cada competição.

Tempo de jogo útil por nível de competição (Fonte: walesonline.co.uk)

Não foi só o tempo de jogo que aumentou. O número de embates físicos e a intensidade destes também subiram consideravelmente levando ao aumento de lesões para estatísticas preocupantes, nomeadamente no que diz respeito às concussões. A campanha Recognize and Remove da World Rugby vem responder à crescente preocupação pelo chamado Player Welfare, focando-se na identificação de lesões deste tipo e remoção imediata do jogador do terreno de jogo. Ainda recentemente, vieram a público esboços de uma proposta da World Rugby para alterar significativamente a lei da placagem colocando no placador a responsabilidade da sua postura não ser perigosa, isto é, por haver mais perigo numa colisão de cabeças, o placador seria penalizado ( sin bin?) se isso acontecer.

A placagem Fijiana terá os dias contados? (Fonte: portaldorugby)

A estratégia alterou-se. Para todos?

Dizem os antigos livros de Rugby que este é um desporto colectivo de combate e de conquista de terreno o que não quer dizer que os dois estejam intimamente relacionados. Isto é, o objectivo será sempre a conquista de terreno mas quanto menos “combates” eu tiver de realizar, mais fácil será o meu trabalho.

Ao pensar nas vitórias (mais ou menos) recentes do Japão frente à África do Sul, ou do Benetton Treviso ao Leinster, vemos que ambas as equipas jogaram um jogo de números em vez de um jogo de metros. Com isto quer-se dizer que “o mais fácil” é conquistar terreno fazendo do “combate” uma arma eficaz ainda que previsível. Tendo uma equipa, especialmente um pack avançado, mais poderosa fisicamente, as preocupações da conquista de terreno per se ficam reduzidas. Aliando a isso um jogo ao pé eficaz, está montada a estratégia de sonho para qualquer treinador Sul-Africano ou Romeno.

Regressando ao Japão e ao Benetton que tinham equipas “mais pequenas”, a estratégia foi bem diferente. Reduziram o número de combates (carries) diretamente contra os adversários, procurando sempre evadir-se deste e procurar o intervalo. Mais do que isso tentaram encontrar e criar oportunidades de ataque que melhor servissem as suas características, sendo elas o espaço exterior, os intervalos e os mismatches (jogador rápido vs lento ou jogador pesado vs jogador leve).

O espéctaculo do Rugby

Os campeonatos europeus parecem estar a dar um salto qualitativo importante. Ao contrário do que se praticava há uns anos (ganhar nem que seja por meio a zero), já se vêem alterações na mentalidade das equipas e prova disso são os resultados dilatados que vêm dar uma espectacularidade que o Rugby tanto precisa, principalmente no Hemisfério Norte. Senão vejamos:

Top 14

Premiership

Premiership Resultados 3ª Jornada

Pro 14

Em todos os campeonatos, para além do diferencial entre equipas ser relativamente próximo, regista-se um aumento no número total de pontos marcados. Isto só pode ser bom para o espectáculo! Só resta saber se os campeonatos estão verdadeiramente a melhorar ou se são as importações de jogadores do Super Rugby (que tem perdido alguma força) que fazem elevar o nível geral das competições. Seja qual for a razão, os adeptos do rugby europeu estão a assistir a mudanças e devem estar bastante entusiasmados!


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS