Portugal e o tour a África: XV e dados sobre os Springboks

Francisco IsaacJulho 16, 20245min0

Portugal e o tour a África: XV e dados sobre os Springboks

Francisco IsaacJulho 16, 20245min0
Os Lobos vão fechar o seu Tour a África com um jogo frente aos Springboks no próximo sábado e analisamos todos os pormenores dos Campeões do Mundo

Depois de uma saborosa vitória frente à Namíbia, os Lobos já estão em terras sul-africanas, recebidos por centenas de portugueses residentes no País do Arco Íris. Com o encontro frente aos Springboks marcado para as 16h00 de Sábado de 20 de Julho, ficando aqui alguns detalhes dos actuais bicampeões mundiais.

ÁFRICA DO SUL: REIS DO MUNDO… ATÉ QUANDO?

Sim, perderam com a Irlanda no fim-de-semana passado, mas continuam não só em 1º lugar do ranking da World Rugby como são detentores de quatro títulos de Campeões do Mundo, possuindo uma série de jogadores que estão entre o top-20 mundial, isto sem falar de Rassie Erasmus, um dos maiores treinadores da modalidade neste momento. Os Springboks são os reis do Mundo até pelo menos 2027, e serão o maior desafio dos Lobos neste Tour a África. Uma equipa bem delineada que combina um trabalho de avançados minucioso e exigente, com umas linhas-atrasadas eficientes e que não precisam de um excesso de oportunidades para chegar à linha-de-ensaio ou converter em pontos.

Este equilíbrio permitiu que os sul-africanos tivessem conseguido conquistar os Campeonatos do Mundo de 2019 e 2023, apresentando sempre um carisma dominante e que inspira toda a equipa a sobreviver às pequenas falhas e atingir outro patamar emocional. Perante isto, é notório que Portugal vai ter nos Springboks um adversário formidável e que quererá demonstrar o seu melhor, até para lamber as feridas da derrota com a Irlanda no último jogo das series.

UM 23 COM MAGIA, NOVATOS E QUALIDADE

Uma equipa recheada de estrelas, mesmo que hajam ausências pesadas como Eben Etzebeth, Siya Kolisi, Faf de Klerk, Handré Pollard, Cheslin Kolbe ou Malcolm Marx, com alguns destes a terem sofridos lesões que até podem colocá-los fora do The Rugby Championship 2024, um problema para Rassie Erasmus observar após o encontro com Portugal. Comecemos pela avançada… jovem, mas com uma série de nomes que em 2027 estarão na equipa titular ou dentro dos principais 23 da África do Sul, com Salmaan Moerat, Thomas du Toit, Evan Roos ou Ben-Jason Dixon (um dos talentos mais falados do País do Arco Irís) a serem esses jogadores a ter debaixo de olho. No banco está Trevor Nyakane e Elrigh Louw, com o primeiro a ter feito parte da equipa campeã mundial em 2019 e 2023, trazendo uma bagagem de experiência enorme e que vai fazer a diferença na segunda-parte. Já nos 3/4s, Rasie Erasmus deixou os “rebuçados” principais, com um par de médios que foi titular em boa parte do último Campeonato do Mundo (Cobus Reinach e Mannie Libbok), para além de um três-de-trás sensacional Makazole Mapimpi, Kurt-Lee Arendse e Aphelele Fassi, com os dois primeiros a terem marcado ensaios e sido fulcrais na conquista do Mundial 2019 e 2023.

Por fim, o que dizer do par de centros que Tomás Appleton e José Lima vão apanhar pela frente? André Esterhuizen e Lukhanyo Am, dois dos melhores nas suas posições, com uma capacidade vertiginosa para desbloquear qualquer defesa e ainda colorir o ataque com uma série de pormenores de excelência. No baco de suplentes vai estar talvez um dos talentos mais especiais deste conjunto: Sacha Feinberg-Mngomezulu. Vai entrar para a posição de abertura e irá lançar uma série de movimentos que podem fazer qualquer defesa dançar, para além de ter uma bota bem afinada e que atira aos postes de qualquer ponto do campo.

E bem, o que quer isto tudo dizer? Que a África do Sul vai apresentar um 23 para dominar e sugar Portugal até ao limite, procurando registar um resultado extremamente largo, lançando algumas das suas novas pérolas como dar minutos a jogadores fulcrais. Achar que isto são uns Springboks de 3ª categoria é uma falácia e erro, quando na realidade é uma equipa que colocaria a larga maioria do top-10 mundial a um canto.

ENTRE O IMPÉRIO DAS FASES-ESTÁTICAS E O CONTRA-ATAQUE LETAL

Bem, fazendo uso do 23 escolhido e do primeiro ponto, o que pode Portugal esperar do adversário do próximo Sábado? Começamos logo com a formação-ordenada, naquele que vai ser o maior desafio para os Lobos impondo uma dificuldade imensa tanto no choque directo como na saída controlada com bola. A 3ª linha sul-africana é altamente veloz e física, sem esquecer do impacto da 2ª linha, com RG Snyman a ser uma daquelas unidades que vão desgastando o bloco avançado contrário uma e outra vez até resgatar algum tipo de erro ou mesmo a bola.

O maior perigo está na linha de 3/4s, onde teremos sete jogadores que estiveram no último Campeonato do Mundo, conhecendo-se bem, facilitando a combinação de jogadas e desenvolvimento do jogo quando ganharem fases. Com Reinach a ditar o ritmo e Libbok a ser um criativo de excelente escala, Portugal precisa de rapidamente extinguir o oxigénio destas dois para ter alguma hipótese de atrasar a velocidade de jogo, e impedir que Am tenha a possibilidade de interferir positivamente na manobra ofensiva. Os alinhamentos vão ser cruciais, ou seja, os Lobos não podem perder oportunidades ou oferecê-las à África do Sul. A situação ocorrida contra a Namíbia não pode se repetir sob pena de se estender um tapete aos avançados dos Springboks. Posto isto, vai ser um jogo difícil, mas positivo para Portugal, e é importante que os adeptos portugueses apreciem o facto de estarmos nestas andanças. Incomoda ouvir certos devaneios, como que este jogo não conta para ranking, ou que a África do Sul apresentou uma equipa C ou D, duas mentiras que foram repetidas nos últimos dois meses.

O jogo está marcado para as 16h00 de Sábado com transmissão em directo no Canal 11 isto em Portugal, enquanto em França vai estar no Canal+.


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