Portugal avança para as meias-finais – o “grubber” do Europeu de sub-18
Portugal entrou com o pé direito no Europeu de sub-18 com uma vitória categórica ante a Bélgica, por 28-05, resultado justo para a equipa que melhor atacou e defendeu, com os comandados de Rui Carvoeira e Nuno Damasceno a revelarem excelentes pormenores na condução da oval.
O “grubber” do Europeu de sub-18 aqui no Fair Play
A DEFENDER COM “GUELRA” E A ROUBAR BOLAS COM INTELIGÊNCIA -7 PONTOS
Num jogo que teve duas equipas a jogar de formas completamente diferentes, uma vez que Portugal queria jogar à mão e procurar montar boas linhas de ataque a partir de movimentações enquanto a Bélgica apostou quase sempre no pontapé e na sua reciclagem de seguida, foram os jovens portugueses a mostrar uma atitude bem mais inteligente em vários capítulos a começar na defesa, com vários breakdowns conquistados em momentos importantes do jogo.
Foram algumas as ocasiões em que os belgas estiveram dentro dos 22 metros e tentaram fazer aproximações à área de validação, sem sucesso diga-se muito devido à velocidade com que Boaventura Almeida, Francisco Silva, Vasco Câmara, José Madeira ou vários outros, a atacarem o portador da bola no chão, conquistando sucessivas bolas ou penalidades neste sector, revelando não só uma fisicalidade de qualidade, mas também uma técnica de pesca inteligente.
Sem coesão a nível de fases de jogo, a Bélgica foi vendo as suas melhores oportunidades a dissiparem-se e a optarem pelas acções individuais ou pontapés que só por uma vez deu em ensaio.
Uma defesa completa, rápida no apoio, equilibrada junto ao ruck e constantemente activa na comunicação foram marcas deste Portugal sub-18 que entrou a ganhar neste europeu de sub-18. Mas o que acontecerá quando surgir um ataque mais fluído e mais “agressivo” na ponte de apoio ao portador da bola?
OFFLOADS, RISCO E TENTAR DESEQUILIBRAR PELOS PORMENORES – 5 PONTOS
Duas partes muito diferentes, duas formas de apostar nas movimentações no ataque e que ajudam a explicar o resultado menos expressivo na primeira metade do encontro ante a Bélgica. Portugal teve sérias dificuldades em fazer uma boa comunicação consecutiva entre o 10 e o par de centros ou os pontas que surgiam no interior/exterior e foi forçado a avançar no terreno de forma menos explosiva, sem deixar de ser perfurante (excelente exibição do par de centros titular, com José Vieira e José Santos a não pararem no contacto).
Houve algum receio em arriscar em offloads, de fazer passes no contacto (alguns avants surgiram neste tipo de situações e em certa medida podem ter afectado a estratégia durante um período de jogo) ou de montar linhas de passe mais arriscadas que podiam cair nas mãos do adversário. Contudo, na 2ª parte entrou outro à vontade e disponibilidade em avançar para opções de ataque de maior risco mas que compensavam no avanço no território, uma vez que a Bélgica teve sérias dificuldades em parar no 1º e 2º momento o ataque português.
Outro pormenor de grande relevância foi a forma como Portugal quis ir ao alinhamento invés de apostar nos pontapés aos postes, revelando um sentido de querer jogar e de confiar nas suas melhores competências.
Se Francisco Condeço da Silva, José Madeira, Rafael Castro, Pierre Fernandes ou Francisco Pedro foram autênticos bulldozers no espaço curto e no trabalhar as pernas no momento em que eram “agarrados”, foi pelas mãos de Nuno Peixoto, António Campos, Vasco Correia, Diogo Salgado ou Diogo Rodrigues que surgiram dos melhores pormenores, com passes e offloads inesperados que foram ilegíveis para a defesa contrária.
A vontade de arriscar, de criar bons momentos do jogo do nada, de surpreender o adversário e o jogo quando parecia que íamos ter mais uma fase de jogo “normal”, são princípios reveladores e importantes destes sub-18, que podem fazer a diferença a médio/longo-prazo, mesmo que ao início não pareça correr bem. O 1º ensaio português teve uma movimentação ofensiva de qualidade, trocando as voltas à defesa belga que não percebeu como parar, bloquear ou se fazer ao portador da bola.
O NERVOSISMO E OS ALINHAMENTOS… COMO RESOLVER? – 3 PONTOS
Foram 5/6 alinhamentos próprios perdidos dentro dos últimos 20 metros do terreno que podiam ter ajudado Portugal a chegar a outros números mais cedo, conferindo outra “calma” ao jogo português que a certa altura ressentiu-se de algum nervosismo. Se os mauls foram de excelência, com a Bélgica a não só recuar mas a cometer faltas para bloquear esta “arma”, já a concentração em acertar em todas as fases estáticas não foi de topo e por pouco podia ter alimentado o adversário para crescer no jogo.
Não é que Portugal não saiba colocar a bola no alinhamento ou os saltadores e apoios não saiam captar a bola do ar, antes pelo contrário, mas foi na forma como complicaram neste perímetro de jogo, com más decisões e que só na 2ª parte começou a correr melhor.
Nestes jogos do mata-mata erros nos últimos 5 metros ofensivos podem ser fatais e tirar uma vitória certa das mãos de quem erra, sendo necessário que o nervosismo desapareça e haja outra coesão na estratégia do bloco avançado.
Outro factor negativo foi o algum nervosismo português, que tomou forma em alguns pontapés mal esboçados, em algumas unidades de ataque a aparecerem de forma errada em linhas de ataque e a caírem com facilidade no chão, faltas por fora-de-jogo e outros pormenores que a certo ponto ajudaram a equilibrar o jogo, com os belgas a aproveitar este factor para se aproximar do marcador entre os 25 e 40 minutos de jogo.
Felizmente, a maior e melhor dimensão técnica, física e táctica de Portugal sobrepôs-se a estes erros e no final dos 80 minutos houve uma vitória por diferença de 23 pontos, com os últimos 20 minutos de maior rotatividade, velocidade e rapidez nos processos do ataque, com a entrada de Simão Bento, Vasco Correia ou Lourenço Lima a serem bem interessantes para Portugal.
PONTUAÇÃO FINAL: 15 PONTOS
Pontos Positivos: mauls dinâmicos de um avanço constante; placagem eficaz e agressiva, pondo fim ao avançado das “maiores” unidades físicas da Bélgica; sucessivas bolas capturadas no ruck e uma excelente exibição no breakdown; sentido de risco surgiu na 2ª parte e foi um factor decisivo para tirar expressão à defesa belga; unidades de ataque trabalharam bem no contacto e garantiram quase sempre o controlo da posse de bola; decisão de jogar para o alinhamento foi positiva; procura do espaço de forma incessante e que rendeu frutos;
Pontos Negativos: alinhamentos perdidos em pontos do terreno importantes; alguma apatia inicial e nervosismo que tirou expressão ofensiva a Portugal; formações-ordenadas aguentaram mas rodaram em demasiadas ocasiões; penalidades cometidas sem necessidade;
XV TITULAR COM SUPLENTES (1 A 15 COM MARCADORES)
Rafael Castro, Francisco Pedro, António Costa, Vasco Câmara, José Madeira, Nuno Peixoto, Francisco Silva, Boaventura Almeida, Vasco António, Domingos Cabral (2+2), Diogo Salgado (5), João Vieira, José Santos (5), Vasco Câmara (5) e Diogo Rodrigues
Suplentes: Pierre Fernandes (5), Miguel Seoane, Joel Silva, Simon Burke, José Cavalleri, António Campos, Vasco Correia (2+2), Vasco Durão, Miguel Nunes, Lourenço Lima e Simão Bento