Mundial de Rugby 2023: lesões ameaçam as principais estrelas

Francisco IsaacAgosto 14, 20235min0

Mundial de Rugby 2023: lesões ameaçam as principais estrelas

Francisco IsaacAgosto 14, 20235min0
Lesões ameaçam as principais estrelas do rugby, com Ntamack e Pollard de fora do Mundial, e Francisco Isaac explica o que se passa

Romain Ntamack está fora do Campeonato do Mundo 2023, e não é o único jogador de craveira mundial a falhar a competição ou a estar em dúvida, já que Michael Hooper, Tommaso Menoncello, Handré Pollard, Lukhanyo Am, Cyril Baille e Jack van Poortvliet estão também de fora (ou pelo menos mergulhados em larga dúvida), com todos estes jogadores a terem somado lesões durante os jogos de preparação para a prova.

Com o surgir deste número largo de lesões em alguns dos principais atletas da modalidade, começaram a também aparecer dúvidas de como os “aquecimentos” para o Mundial deve ser conduzido, uma vez que a modalidade está a evoluir.

O que era aceitável ou estabelecido em 2015 ou 2019, pode já não o ser em 2023, já que o número de jogos das ligas continua a aumentar, e com isso a exigência física e mental, o que deixa os atletas mais expostos a fadiga e a lesões no processo. Sim, a lesão de Romain Ntamack poderia ter ocorrido durante o Campeonato do Mundo ou num treino, mas a verdade é que surgiu num choque físico durante um encontro ante a Escócia, com o mesmo a ser aplicado a todos os outros nomes aqui já aludidos.

Os problemas físicos têm sido cada vez mais normais, mas, e para já, está a ser a preparação para um Mundial com mais lesões de atletas de importância, e que se adicionarmos lesões de todos os jogadores que estão envolvidos em preparações, chegamos facilmente às duas dezenas.

É olhar para a preparação de Portugal ou Geórgia e perceber que há formas de polir os jogadores a caminho do Campeonato do Mundo sem exagerar no número de minutos ou encontros por atleta. Se Portugal optou (ou foi “forçado” a) por jogar só dois encontros oficiais, a Geórgia marcou quatro mas em pelo menos dois apresentou/vai apresentar uma equipa carregada de segundas e terceiras escolhas, dando minutos a todos os jogadores da mesma forma, sem cometer exageros. Mesmo assim, Portugal somou duas lesões em jogo, sabendo-se que ambas são recuperáveis para o Mundial.

França, Inglaterra, Irlanda, Nova Zelândia, Austrália ou África do Sul atiraram-se para um calendário excessivamente intenso e que possibilitou surgirem certas lesões que vitimaram unidades importantes para as suas equipas.

A única excepção pode ir para os All Blacks, já que a maioria dos seus atletas jogou uma média de 14 jogos no Super Rugby, estando mais “frescos” e não tão fatigados, o contrário do que se passa com todos aqueles que jogam na Premiership, Top14 ou URC. Romain Ntamack jogou um total de 25 jogos entre Setembro de 2022 e Agosto de 2024, tendo nem sido dos atletas mais “castigados” fisicamente durante a época, já que alguns colegas de equipa atingiram 30 ou até 40 encontros numa só temporada, um número louco e que é preocupante do ponto de vista do preservar o atleta.

O The Rugby Championship, por exemplo, só sofreu uma redução no número de jogos a partir do Mundial 2015, quando a competição passou de duas voltas para uma, algo que não aconteceu só pela entrada da Argentina em 2012, mas também para aplacar um excessivo número de jogos antes de um Campeonato do Mundo. Contudo, os quatro participantes desta competição de selecções do Hemisfério Sul vão realizaram/vão realizar um total de cinco jogos pré-Mundial 2023, o que pode dar aso a preocupações por parte de todos os adeptos.

O proteger os atletas (player welfare) e os mecanismos associados a este ponto têm de ser revistos no futuro, de modo a que os atletas sejam menos expostos a lesões ou um desgaste físico sem limites, com o número de jogos por época a ser uma boa ideia, apesar de poder levantar problemas dentro dos plantéis dos clubes, clubes esses que já têm problemas financeiros para aguentar as exigências orçamentais anuais. Porém, uma solução para complementar a proposta anterior, seria que os emblemas do Top14, URC ou Premiership contratassem mais atletas de nações “Tier 2” e fossem incentivados pela World Rugby e direcções de liga a seguir por esse caminho.

De qualquer forma, o facto de 14 jogadores de patamar alto falharem este Mundial quando ainda faltam três semanas para o Mundial 2023, é um facto preocupante e que estará a levar os seleccionadores a repensar que equipas irão colocar nos jogos de teste que faltam.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS