Men’s RE Championship 2025: alguns dados pré-meia-final

Francisco IsaacFevereiro 16, 20255min0

Men’s RE Championship 2025: alguns dados pré-meia-final

Francisco IsaacFevereiro 16, 20255min0
Portugal terminou em 1º lugar na fase-de-grupos do Men's RE Championship 2025 e Francisco Isaac explica alguns dos principais dados dos Lobos

Com o fim da fase-de-grupos do Men’s Rugby Europe Championship 2025, é altura dos Lobos voltarem para a Alcateia e lamberem as poucas feridas registadas nestas três semanas, e começarem a pensar na meia-final frente à Espanha que deverá ser jogada no Estádio Nacional do Jamor. Olhemos para alguns dos principais dados da selecção nacional treinada por Simon Mannix e Olivier Azam, tentando perceber como podem garantir uma 3ª final consecutiva nesta competição.

DEFESA

Depois de um ano 2024 complicado em que Portugal registou um dos piores anos no que toca a ensaios sofridos e falhas de placagem dos últimos cinco, os Lobos mostraram uma clara evolução neste Men’s Rugby Europe Championship, fechando com a chave-dourada o apuramento para o Mundial de Rugby masculino de 2027. No jogo de estreia de 2025, a selecção nacional teve vários lapsos defensivos que provocaram ansiedade aos fãs dos Lobos, especialmente na 2ª parte, altura em que a Bélgica conseguiu se impor no contacto, arrancado diversas penalidades nos rucks, para além de ter facilmente recuado quando o adversário carregou a oval, notando-se algum nervosismo e falta de coesão. As 25 placagens falhadas e 14 penalidades cometidas frente aos Diables Noirs foi um ponto severamente negativo, num jogo que acabou em festa para Portugal de qualquer das formas.

Já contra a Alemanha, e apesar dos dois ensaios sofridos nos segundos quarenta minutos, Portugal mostrou uma subida anímica no que toca ao espectro defensivo, com uma taxa de sucesso maior no que toca às placagens e à defesa ao largo. Na visita a Botosani tivemos talvez a melhor prestação de Portugal em todos os capítulos, terminando este jogo com apenas 9 placagens falhadas, todas elas fora dos últimos 30 metros portugueses.

A evolução foi claramente positiva desde o 1º jogo, passando de uns 30 pontos sofridos frente à Bélgica (3 ensaios consentidos), seguindo-se 14 no encontro ante à Alemanha (2 ensaios) e seis no jogo de encerramento da fase-de-grupos, sem qualquer ensaio marcado pelo adversário.

Nicolás Martins e José Madeira foram, novamente, os principais placadores de Portugal, com ambos a registarem quase 100 placagens no total e uma percentagem de sucesso na ordem dos 95%, algo completamente insólito nesta edição do Men’s Rugby Europe Championship. Martins também foi o jogador com mais turnovers bem sucedidos, atingindo um total de 5, isto sem falar de como demoliu os alinhamentos ofensivos da Bélgica, Alemanha e Roménia.

FASES-ESTÁTICAS

Do principio ao fim, Portugal foi uma força dominante tanto no alinhamento como formação-ordenada, para além de ter feito mossa nos alinhamentos, registando quatro ensaios a partir de maul dinâmico, forçando ainda doze penalidades nas fases-estáticas dos seus adversários.

Já falámos como Nicolás Martins se impôs no alinhamento, mas é importante referir a capacidade de David Costa, Luka Begic, Diogo Hasse Ferreira, Cody Thomas e Anthony Alves nesta fase-de-grupos, com estes a governarem bem na formação-ordenada, não ficando muito longe daquilo que foi conseguido em 2023, apesar de ainda existir uma ligeira diferença.

No alinhamento, Luka Begic mostrou estar a um nível soberbo, com 33 introduções no alinhamento positivas, falhando apenas o alvo em apenas duas.

ATAQUE

19 ensaios marcados, 130 pontos marcados, mais de mil e duzentos metros conquistados, 46 quebras-de-linha e 80 defesas batidos, Portugal esteve bem no capítulo ofensivo, apesar dos vários erros registados no jogo de abertura do torneio, no qual perdeu o controlo da oval em dezasseis ocasiões, melhorando por completo no encontro seguinte e, finalmente, ante a Roménia. Com Simão Bento, Rodrigo Marta, Vincent Pinto e Raffaele Storti a deliciarem os adeptos portugueses com uma série de momentos fenomenais, a verdade é que os Lobos foram a equipa com melhor produção ofensiva da competição, ficando só atrás da Geórgia, um ponto extremamente positivo quando estamos a duas semanas da meia-final frente à Espanha.

Importante destacar o trabalho extraordinário de Joris Moura nestes três encontros, com o atleta do Valence Romans a ter voltado a um nível de performance elevado, muito similar no da sua estreia pelos Lobos em 2023, o que ofereceu outra bitola ao conjunto português. Com Samuel Marques a guiar bem a equipa no geral, e Hugo Camacho a substituir em grande o seu ‘tutor’, a verdade é que Portugal foi acutilante e eficaz sempre que teve a oval em seu poder, causando constantes erros e problemas no bloco adversário.

O maior problema esteve mesmo no encontro ante a Bélgica, em que o suporte ao portador da bola falhou em determinados momentos, oferecendo à Bélgica uma 2ª, 3ª e 4ª vida num jogo que podia ter ficado encerrado logo nos primeiros quarenta minutos. Voltando ao jogo frente à Roménia, assistimos a uma clara melhoria no suporte ao portador de bola, garantindo que o ataque português fluísse e tivesse outra dimensão ofensiva.

No geral, os Lobos saem desta fase-de-grupos com um sentimento de dever cumprido, crescimento auspicioso e capazes de criar problemas à maioria dos seus adversários.

Foto de Destaque da Federação Portuguesa de Rugby.


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