2ª parte à Lobos dá bronze a Portugal! – “grubber” do Europeu de sub-18
Portugal saiu do encontro frente à Rússia com uma vitória memorável com tonalidades heróicas depois de saírem a perder para o intervalo por 24-10. Uma 2ª parte recheada do melhor que esta combinação de gerações tem para oferecer garantiu o 3º lugar no Europeu, um feito que não era conquistado desde 2016!
O último “grubber” do Europeu de sub-18 do Fair Play
ARRISCAR, JOGAR NO LIMITE E “SUFOCAR”… ISTO SÃO OS JOVENS LOBOS DE PORTUGAL – 7 PONTOS
Depois de uma exibição apagada frente à Espanha e de uma primeira-parte que teve boas situações e movimentações ofensivas mas que acabou por não resultar nos frutos (pontos) desejados, Portugal mostrou-se ágil, veloz e intensamente apaixonante na sua forma de jogar na segunda metade do encontro de apuramento de 3º lugar no Europeu de sub-18, com uma série de pormenores ofensivos de qualidade que quebraram com a defesa russa.
Os adversários do último encontro no Europeu dos comandados de Rui Carvoeira e Nuno Damasceno mostraram-se extremamente agressivos na luta pelo breakdown, incomodando constantemente o formação na saída do ruck, o que tirou velocidade e sentido de jogo a Portugal nos primeiros períodos do jogo.
Para além disso, a Rússia mostrou-se fisicamente mais “acordada” na 1ª parte, batendo-se bastante bem no contacto onde conquistaram sucessivas vezes a linha de vantagem, algo que provocou um recuo dos lobos sub-18.
Contudo, a ida aos balneários foi positiva para os atletas portugueses que reentraram no encontro com outra vivacidade e com vontade de apostar num jogo à mão mais “arriscado” com offloads no contacto, saídas rápidas a partir do ruck e até no jogar à mão após a recepção de pontapés vindos do nº10 e nº15 da Rússia (de longe os jogadores de melhor qualidade).
Mais rasgo, mais jogo à Portugal e mais velocidade (algo sempre patenteado nos grupos de trabalho de Rui Carvoeira) foram pormenores que implodiram com a linha defensiva dos czares, que mostrou-se completamente perdida a partir do momento em que Portugal procurou jogar no espaço, no apoio rápido e em combinações de maior risco mas que significaram de maior recompensa.
A frescura física foi decisiva para chegar ao 3º lugar e passar de um 24-10 para um 27-38 não está ao alcance de todas as selecções de formação. O mindset foi o correcto, a capacidade de perceber onde e como tirar os maiores dividendos da defesa russa também e Portugal atinge assim mais um bronze neste escalão.
COMETER ERROS, APRENDER, ADAPTAR E MUDAR – 4 PONTOS
Como dissemos no último parágrafo anterior, o mindset da 2ª parte foi decisivo para o conquistar da vitória no final dos 70 minutos, depois de uma primeira metade do jogo mais “caótica” e em que a Rússia soube explorar bem os erros que Portugal provocava em momentos críticos do jogo.
À parte de um ensaio que reúne muitas dúvidas porque a bola parecia estar dentro do ruck e não fora, a Rússia trabalhou bem a defesa portuguesa que para não cometer penalidades na linha-de-defesa optou por ficar mais na expectativa não se lançando logo no ataque ao portador da bola, isto em virtude da forma como o encontro foi arbitrado.
Os primeiros mauls da Rússia também foram um aspecto negativo para Portugal que recuou metros consideráveis e acabou por forçar três penalidades neste parâmetro, aproveitadas também pelo adversário para transformarem em pontos.
Todavia, depois de perceberem como o árbitro lia as faltas no chão, o encaixe no maul ou a linha de fora-de-jogo, os jovens lobos sub-18 adaptaram-se com quase total mestria e começaram a colocar sérias dificuldades na Rússia no que toca à movimentação da oval, no ataque curto e até no jogo ao pé, ficando cada vez mais “sufocados” num jogo modesto e quase estagnado.
Se a defesa não foi brutalmente eficaz em comparação com o encontro ante a Bélgica, a forma como os atletas lusos atacaram o breakdown e a pressão colocada no ataque russo com uma saída inteligente e trabalhada (mais uma exibição de enorme qualidade de José Santos e José Vieira, com a parelha de centros a criarem uma espécie de “pânico” no adversário”) de 3 ou 4 unidades mais avançadas mas com bom poder de mobilidade, foram aspectos detalhes na recuperação de bola e do resultado.
ESTABILIDADE NA FO E FÍSICO DOMINANTE – 4 PONTOS
Mais uma vez, a 1ª parte pode não ter sido a melhor em termos de resultado mas os aspectos positivos do jogo português estavam à vista e só por meras desatenções ou falta de acerto é que não houve mais 1 ou 2 ensaios para os lobos sub-18 até pelas significativas melhorias denotadas nas fases estáticas, com a formação-ordenada a ser uma “rocha” inabalável e inultrapassável para a Rússia.
O alinhamento voltou a sentir algumas dificuldades na conquista equilibrada da oval, e somente na 2ª parte houve uma conquista mais “limpa” para montar operações a partir desta fase estática.
As melhorias no alinhamento e a dureza da formação-ordenada vieram muito pela forma como os avançados trabalharam, com a voz de José Madeira a fazer-se sentir, para além da fisicalidade e disponibilidade de trabalho no contacto de Nuno Peixoto (o asa que alinhou como nº8 foi um autêntico bulldozer no ataque à linha defensiva, mostrando-se também sólido na placagem) e da capacidade de “sofrimento” da 1ª linha lusa.
A vitória foi excelentemente bem conquistada nos segundos 35 minutos com a solidez de processos, o rasgo técnico, velocidade excêntrica imposta e a capacidade física para aguentar o ritmo e intensidade de jogo a elevarem Portugal como 3º lugar do pódio da Rugby Europe.
PONTUAÇÃO FINAL – 15 PONTOS
Pontos Positivos: físico português aguentou o ritmo de jogo durante todo o encontro, conjugando bem com a intensidade imposta no jogo ao largo; formação-ordenada não arredou pé e foi uma dificuldade constante para a Rússia; virtude técnica e capacidade de jogar à mão na placagem ajudaram a conquistar sucessivas linhas de vantagem e boas plataformas para o ataque português; placagem não foi dominante, mas mostrou-se assertiva e abriu possibilidade para uma luta no breakdown mais esclarecida; capacidade de leitura do adversário de qualidade;
Pontos Negativos: alinhamentos não estiveram bem na primeira-parte assim como a disputa no maul dinâmico; defesa mostrou-se mais impaciente na 1ª parte e consentiu algumas faltas no chão aproveitadas pelo adversário; alguma instabilidade no ruck nos primeiros 35 minutos; algumas situações ofensivas foram mal decididas quando podiam ter tido outro desfecho;
XV TITULAR COM SUPLENTES (1 A 15 COM MARCADORES)
Pierre Fernandes, Miguel Nunes, António Prim, José Cavalleri, José Madeira, Lourenço Rangel, Francisco Silva(5), Nuno Peixoto(5), Vasco Félix, Vasco Correia, Diogo Salgado(5), João Vieira(5), José Santos, Vasco Durão(5) e Simão Bento
Suplentes: Rafael Castro, Francisco Pedro, Miguel Seoane, Simon Burke, Vasco Câmara, António Campos, Boaventura Almeida, Domingos Cabral(5+2+2+2+2), Vasco S. Câmara, Diogo Rodrigues e Joel Silva