Diário do Treinador: como planear uma época com ajuda de Pedro Vital
Estamos no início de mais uma época desportiva, em que o trabalho dentro das equipas recai essencialmente na planificação da próxima época por parte dos treinadores.
O planeamento é fundamental para conseguirmos ter linhas orientadoras que permitam realizar um bom trabalho. Foi no curso de Grau 1 que o comecei a ter noção da sua importância, através do dossier de estágio.
Cada Treinador tem a sua visão de Jogo, a sua forma de analisar os treinos/jogos, avaliar jogadores, etc. Esta diversidade de pensamentos trás diferentes formas de planeamento, por sua vez, cada equipa acaba por desenvolve a sua própria identidade.
Pela minha experiência, nos escalões de formação os objectivos devem assentar na aprendizagem/progressão dos princípios básicos do jogo e skills. Desta forma os nossos treinos são elaborados, única e exclusivamente, para que cada jogador evolua correctamente. Temos de orientar todas as nossas atenções para que os jogadores chegam aos escalões de competição com o máximo de competências adquiridas e consolidadas.
Nos escalões de competição, o número de variáveis a incluir no planeamento aumenta. Existe uma maior exigência nos objectivos propostos dentro da equipa pela inclusão dos quadros competitivos e consequente procura de resultados positivos. Para além dos skills e princípios básicos de jogo que temos de continuar a desenvolver, o planeamento passa a ter factores como o modelo de jogo, a condição física, as “set pieces”, entre outros.
Ou seja, nos escalões de competição mesmo tendo mais treinos por semana, temos de ter uma maior coordenação e reflexão sobre as prioridades e necessidades da nossa equipa, tornando o planeamento mais complexo.
No planeamento que tenho vindo a desenvolver nos últimos anos, baseio-me em alguns factores que ajudam a orientar as necessidades mais imediatas da equipa e outros que ajudam a ajustar os processos de treino a médio prazo:
- Conhecimento do Plantel (só conhecendo bem os jogadores à nossa disposição é que conseguimos programar correctamente as necessidades da equipa e o nível de treino que podemos implementar);
- Quadro Competitivo (permite-nos criar os micro/meso-ciclos tendo uma noção das intensidade que podemos aplicar nos treinos);
- Avaliação/Reflexão constante dos Treinos e Jogos (o planeamento está em constante alteração. Só com uma reflexão constante, conseguimos ajustar de uma forma correcta o nível actual da equipa e o que ainda é necessário trabalhar)
- Análise de Jogo (ferramenta ainda pouco utilizada pelas nossas equipas técnicas, mas pode trazer muitos benefícios na avaliação individual e colectiva).
Resumindo, será assim tão importante planearmos a época? Até que ponto o desenvolvimento dos jogadores não está directamente ligada a um bom planeamento?
Estas são perguntas que temos de fazer enquanto treinadores. O método de como desenvolvemos o nosso planeamento, os objectivos que criamos, são fundamentais para um processo de ensino-aprendizagem muito diversificado e com uma linha condutora.
O planeamento feito no início da época cria condições para os nossos atletas terem uma visão do que vai ser desenvolvido, mas é ao reajustarmos constantemente as progressões desse planeamento que aumentamos a probabilidade de os nossos atletas terem sucesso na sua evolução enquanto Jogadores de Rugby!