Em busca de fazer História em Siauliai: os sub-18 masculinos de 7’s
Depois da boa prestação da selecção feminina de sub18 de Portugal em 7’s no Europeu (realizado no fim-de-semana de 27 e 28 de Abril) em que terminaram em 8º lugar em 16 participantes, é agora a vez do elenco masculino da mesma faixa etária entrar em campo.
Não será em Vichy, França, mas sim em Siauliai na Lituânia já neste próximo fim-de-semana de 5 e 6 de Maio. O Fair Play convida-vos a conhecer os convocados, destaques, adversários, entre outros pormenores da participação portuguesa neste Campeonato da Europa de sub-18 em 7’s, que vai decidir a selecção a participar nos próximos Jogos Olímpicos da Juventude (entre 1 a 12 de Outubro).
Os jogos podem ser visionados no site da Rugby Europe, no seguinte link (cliquem no jogo que desejem ver): RUGBY EUROPE U18 TV
O ELENCO
Depois de vários treinos e dois estágios deste escalão, Rui Carvoeira com ajuda de António Aguilar, escolheram um grupo de 12 atletas dos 25 inicialmente convocados.
Mas quem são os 12 e qual é o seu background? Tomás Cabral (AEIS Agronomia), Raffaele Storti (AEIS Técnico), Pedro Lucas (AEIS Técnico), Francisco Nobre (GD Direito), Simão Bento (AEIS Técnico) e Pedro Silva (CDUL) são todos atletas que já actuaram por Portugal em competições oficias, tendo participado no Campeonato da Europa de sub-18 (4º lugar).
A somar a estes estreiam-se José Galamba (CF Os Belenenses), Diogo Salgado (AEIS Técnico), Francisco Curica (Académica de Coimbra), Vasco Correira (GDS Cascais) e Vasco Durão (GDS Cascais). Manuel Maia (AEIS Técnico), por sua vez, volta a vestir a camisola das Quinas, pois já tinha participado no Europeu de sub-18 de XV em 2017.
Algumas observações: o Técnico é a equipa mais representada com cinco atletas, com destaque para Raffaelle Storti ou Pedro Lucas (já vamos explorar um pouco melhor alguns dos nomes), seguindo-se o GDS Cascais com dois e Agronomia, CDUL, GD Direito, CF “Os Belenenses” e Académica de Coimbra cada um com um.
São 12 jogadores com muito talento nas mãos, rápido de pés, agressivos na placagem e que gostam minimamente de estudar o jogo e perceber como podem sair por cima. Numa variante de 7’s o factor físico (seja o músculo ou capacidade de aguentar os altos picos de velocidade ou ritmo) é decisivo e neste caso o elenco que recebeu o “direito” de representar Portugal tem as “ferramentas” necessárias para fazer a diferença na Lituânia.
Sem grandes narrativas ou estrofes poéticas, vamos apresentar três dos doze atletas que vão ter que assumir não só a liderança no jogo, como também de imporem as dinâmicas de jogo e o sentido de jogo.
TOMÁS CABRAL (AEIS AGRONOMIA)
Pode parecer estranho estarmos a falar do centro de Agronomia de novo, mas a verdade é que Tomás Cabral faz a diferença no um para um/dois, com a capacidade não só de tirar o adversário da frente (excelente hand-off com o timing certo) como de meter um bom offload para o seu apoio. Na placagem é um dos atletas da sua idade mais “duro”.
Excelente passada e com um grande instinto para o ensaio (é dos jogadores que tem mais categoria na hora de “partir” uma placagem), será o centro “agrónomo” um dos “moinhos” de jogo da selecção nacional de sub-18 de 7’s.
RAFFAELE STORTI (AEIS TÉCNICO)
Foi um dos melhores jogadores no Europeu de sub-18, com uma entrega física impressionante (faz lembrar José Luís Cabral em certas características) e um handling que coloca sérias dificuldades em bloqueá-lo. Para além da explosão e um dinamismo muito próprio, Storti é um problema para ser placado já que o seu side-step é “mortal” para aqueles que pressionam-o rápido de mais.
Bom passe, seguro na placagem e com uma resistência feita para os 7’s, Storti é um dos nomes que vai estar mais em voga na selecção portuguesa da variante.
VASCO CORREIA (GDS CASCAIS)
O melhor jogador do Junior 7’s, chega agora à selecção nacional de sete e de forma merecida. É um dos jogadores mais interessantes de se ver a jogar, honrando bem a escola dos melhores jogadores da variante, com uma série de movimentos que deixam qualquer defesa com as mãos na cabeça.
A forma como bate o pé, as mudanças de velocidade improváveis e a leitura da defesa adversária são alguns pormenores que fazem do jogador do Cascais uma séria ameaça com a oval nas mãos. Efusivo na hora de atacar, com um talento natural para se afirmar como uma personagem importante no elenco.
OS PROTAGONISTAS – TOMÁS CABRAL E VASCO CORREIA
Como sempre, fomos conversar com dois dos atletas convocados para o Europeu, Tomás Cabral e Vasco Correia. Começamos com o centro da Agronomia Rugby sub-18.
Tomás, passas do 15 para o rugby de 7 num par de meses… que adaptações tiveste de fazer ao teu jogo? E qual é a tua maior preocupação durante o Europeu?
TC. A principal mudança do rugby de 15 para o de 7 é a preparação física, é um jogo que exige muito mais de nós fisicamente. Essa mudança foi para mim a mais difícil pois ainda a recuperar de um campeonato da Europa duro e de um longo campeonato tive que voltar aos treinos duros em campo e no ginásio. As outras mudanças a nível tático e técnico são mais fáceis, pois é com o hábito e a prática que se ganham e penso que com a quantidade e qualidade dos treinos que tivemos já estão adquiridas. A maior preocupação de todo o grupo neste Europeu é dar o nosso melhor e mostrar isso logo no primeiro dia.
A equipa apresenta um rugby de 7 rápido, eléctrico e criativo? Ou vamos jogar de forma meticulosa, baseada mais na defesa, recuperação de bola e contra-ataque?
TC. A equipa está preparada a apresentar uma defesa muito organizada e com capacidade de aguentar largos períodos sobre pressão. No ataque vamos tentar ser rápidos, criativos e sobretudo concretizadores. Temos muitos jogadores capazes de criar perigo a partir de qualquer zona do campo.
Por fim, Vasco Correia, um estreante em convocatórias, dá a sua opinião,
Vasco, do que estás à espera deste europeu de 7s? O que é precisamos fazer desde o primeiro minuto de jogo?
VC. Estou a espera de uma equipa empenhada e concentrada que vai la para ganhar e cumprir os nossos objetivos, jogar bom rugby deixar tudo em campo, jogar com dedicação e também claro divertirmos-nos a jogar
Em relação ao que precisamos de fazer desde o primeiro minuto: Precisamos de entrar com tudo, focados para conseguirmos através do nosso rugby mostrar o que trabalhamos e aprendemos nestas ultimas semanas de treinos.
Foste o melhor jogador dos junior 7s… O que esperas fazer nesta competição? E quais são os nossos pontos fortes?
VC. Espero fazer uma boa prestação de forma a que possa contribuir para o jogo coletivo. Acho que os nossos pontos fortes são um rugby rápido, vertical, jogar com velocidade mantendo a bola viva e atacar bem os espaços.
HORÁRIOS, ADVERSÁRIOS E HISTÓRICO
Em relação à competição, Portugal entra em campo no sábado às 08h22 (horas portuguesas) frente ao Luxemburgo, 11h18 ante a Polónia e às 14h36 com a Espanha para fechar o grupo. Um grupo de quatro equipas, com o 1º e 2º a seguirem para a Cup que decidirá não só o campeão, mas também quem vai aos JO da Juventude.
Regras e tempo de jogo tudo igual aos séniores, Portugal terá no seu grupo algumas dificuldades acrescidas frente à Espanha (têm feito uma aposta séria e completa na variante), com a Polónia a ter o factor da fisicalidade e controlo de bola como as suas maiores forças. Já o Luxemburgo pode ser uma caixinha de surpresas, pois têm um rugby alegre, com dinamismos bem curiosos e com uma equipa que se entrega ao jogo com um espírito de sacrifício de se louvar.
Dos três adversários, a Espanha é o grande obstáculo na luta pelo primeiro lugar. A selecção de sub-18 já ganhou e perdeu este ano na variante de XV, mas agora será algo bem diferente pois Leones sub-18 gostam de dominar o jogo por inteiro nos sevens, seja no controlo quase total na posse de bola ou na forma como constroem boas fases de ataque.
Cabe aos jovens Lobos encontrar soluções para parar com o impulso físico espanhol na fase-de-grupos.
Para além destas quatro selecções, há Irlanda, França, Reino Unido, Geórgia, Roménia, Itália, Rússia, Alemanha, Bélgica, Polónia, Lituânia, Ucrânia e Suécia, com as primeiras quatro a terem o “sonho” de obter o bilhete olímpico.
E qual é o histórico da selecção portuguesa nesta competição? Em 2017, terminou na 5ª posição com 4 vitórias e 2 derrotas, conquistando a Shield na altura (em 2016 tinha levantado o bronze na Roménia), o que prova que existe matéria-prima e qualidade para singrarem em 2018 naquele que será um torneio altamente competitivo e de grande prestígio.
O Campeonato da Europa começa às 08h20 para Portugal e será uma boa oportunidade para verem o presente-futuro de uma variante que está a “ressuscitar” em Portugal.