As Eleições na FPR: a necessidade de regulamentação para Amílcar Seco
O Fair Play durante as semanas que antecedem as eleições na Federação Portuguesa de Rugby propôs três perguntas a dirigentes, jogadores, técnicos e árbitros sobre o futuro da modalidade. As reflexões, propostas e desejos de cada um dos entrevistados. Amílcar Seco é o convidado para falar do futuro da modalidade!
Amílcar Seco, estamos em antecâmara para as eleições da Federação Portuguesa de Rugby… o que gostavas que fosse tratado como prioridade desde o 1º momento? E a médio-prazo?
AM. A FRP deve ter como prioridade honrar, a tempo e horas, os seus compromissos com colaboradores, prestadores de serviços e fornecedores. Assim, a primeira coisa que a nova Direcção deve fazer é uma análise da sua estrutura financeira. A partir daí, de forma corajosa, deve fazer os ajustamentos e negociações necessárias (nas Despesas: Recursos Humanos, Fornecedores e Bancos; nas Receitas: Estado e Patrocinadores…); em suma ajustar as despesas às receitas para garantir bons rácios de Liquidez e de Solvência capazes de suprir, de forma consistente, as dividas a curto, médio e longo prazo. Resumindo, na minha opinião, e embora estejamos a falar de actividade desportiva, tão ou mais importante que um bom Director Desportivo, o futuro Presidente da FPR, deve fazer-se acompanhar de um bom Director Financeiro. Apenas com as Finanças organizadas podemos depois almejar um bom futuro Desportivo.
Achas que há oportunidade de o rugby voltar a crescer e se afirmar como uma modalidade de referência? Como é que podemos operacionalizar melhor em termos escolares e afins?
AM. O Rugby tem tudo para crescer. Tem “Marca”, tem uma boa Selecção Sénior, excelentes Selecções Jovens e Clubes que trabalham muito bem. Deixo aqui três ideias base:
- REGULAMENTAÇÃO: Primeiro a FPR deve garantir que não complica a vida aos Clubes. Ou seja, deve a FPR, rever e produzir regulamentos e modelos competitivos coerentes e eficazes. A titulo de exemplo: não podemos ter modelos competitivos que obriguem os Clubes da província a gastar a maior parte do seu orçamento em combustível, e em simultâneo impor critérios de penalização, em caso de faltas de comparência, completamente desajustados.
- MASSIFICAÇÃO: O Rugby deve chegar a todo o País. É fundamental reforçar as competências e os recursos das Associações Regionais e apostar nestas como principal veículo de crescimento do Rugby em Portugal. Deve ser pensado um plano de crescimento do rugby em todo o País (nas escolas, autarquias e outras instituições…), com objectivos concretos e acções para os alcançar. Caberia depois às Associações Regionais a operacionalização dessa estratégia. É fundamental garantir uma política de proximidade através de Técnicos regionais, com objectivos claros que cubram todo o território Nacional.
- COMPETIÇÃO: Esta massificação seria a base de uma pirâmide que contaria depois com os Campeonatos de Clubes (na minha opinião curtos), Campeonatos de Selecções Regionais e no Topo da pirâmide as Selecções Nacionais.
Gostavas que a direcção seguinte da Federação olhasse para o Touch Rugby como um “diamante” e um facilitador na propagação do jogo?
AM. A Associação Touch Rugby de Portugal (TRP) foi constituída apenas em 2017. Teve um acolhimento muito positivo pela anterior Direcção da FPR, que promoveu inclusive a filiação da TRP na FPR. Neste curto tempo de existência temos já formalmente 16 Clubes com atletas associados na TRP e vários outros Clubes com actividade extra competição (social).
O Touch em Portugal tem Competições Organizadas: Taça e Campeonato Nacional (que apura uma equipa que representará Portugal no Torneio Europeu de Clubes). Este ano as nossas Selecções vão competir em Torneios para Selecções (esperamos ter 5 Selecções a competir); em 2020 temos Campeonato de Europa e em 2023 Campeonato do Mundo de Touch. Mas sobretudo, para além da competição, o Touch é o verdadeiro desporto social que, pelas suas características únicas, permite juntar cada vez mais pessoas em torno dos Clubes de Rugby.
Neste cenário, é intenção da TRP dar um passo em frente em conjunto com a FPR, através da formalização de um Protocolo que defina claramente os papéis e responsabilidades de ambas as partes. Penso que será bastante fácil de conseguir pois o crescimento do Touch representará sempre o crescimento do Rugby e vice-versa.