As Eleições na FPR: a necessidade de “agentes de rugby” para Manuel Picão
O Fair Play durante as semanas que antecedem as eleições na Federação Portuguesa de Rugby propôs três perguntas a dirigentes, jogadores, técnicos e árbitros sobre o futuro da modalidade. As reflexões, propostas e desejos de cada um dos entrevistados. Manuel Picão Eusébio é o nosso convidado para mais uma leitura sobre as próximas eleições!
Manuel Picão, tu passaste por todos os escalões de formação das selecções nacionais, ajudaste a conquistar títulos e muito mais… mas achas que há futuro para o rugby português?
Claro que sim. Pelo menos é com essa motivação que os praticantes da modalidade em Portugal, tal como eu, continuam a treinar e querer desenvolver-se. É notório que houve um abrandamento, ou até mesmo um recuo no desenvolvimento do rugby português, no entanto, talvez isso apenas tenha acontecido porque os alicerces da casa não estavam bem estabelecidos, no entanto, o futuro está a ser construído, e muito trabalho está a ser feito desde os escalões de formação até aos séniores.
É desmotivador ver as constantes guerras entre agentes do rugby em Portugal e problemas de crescimento da modalidade? Onde é que achas que podemos melhorar?
Primeiramente acho que se tem de fazer a distinção entre “agentes do rugby” e “agentes de rugby”, pois na minha óptica esse é um dos problemas atuais. Precisamos mais de “agentes de rugby”, que pensem na modalidade, nos seus valores e na realidade do rugby português, do que “agentes do rugby”, os quais intervêm na modalidade muitas das vezes apenas a pensar em números. Neste momento, o principal aspeto de melhoria é a necessidade de atrair mais jogadores, não só nos grandes centros, mas conseguir levar a modalidade ao maior número de pontos do país, pois para que haja crescimento, é essencial que se volte a falar de rugby.
Como formas de aumentar a base de jogadores, neste momento já temos muito bons exemplos no Mundo de países que não tinham grande cultura no rugby mas que com muita motivação e organização estão entre as principais potências, tais como o EUA e o Japão. Ao aumentar-se a base de jogadores, a competitividade também irá amentar e o próprio jogo tornar-se-á mais atrativo para o público.
Se pudesses deixar uma mensagem aos candidatos à Federação Portuguesa de Rugby, qual seria?
Apenas dar a sugestão para que pensem no rugby português como um todo e não apenas nos escalões competitivos. Começar por baixo, pode ser uma abordagem que pode vir a dar muito mais frutos a longo prazo, do que uma abordagem inversa. De resto, desejo muito boa sorte aos candidatos!