Algarve 7s 2025 e a falta de interesse da comunidade lusa

Francisco IsaacJunho 22, 20253min0

Algarve 7s 2025 e a falta de interesse da comunidade lusa

Francisco IsaacJunho 22, 20253min0
Mais de mil atletas estiveram no Algarve 7s 2025 mas o rugby nacional foi parte minoritária num evento supra internacional

O Algarve 7s 2025 veio e foi, consumando um fim-de-semana que intenso e vibrante para aqueles que se deslocaram a Vila Real de Santo António nos dias 7 e 8 de Junho, naquilo que foi uma festa que se estendeu dos três relvados de rugby para os courts de padel e netball até aos areais e mares de Monte Gordo, passando até ao campo de golfe de Castro Marim. Mais de um milhar de atletas estiveram presentes no evento, sem contar com as várias dezenas de treinadores e outros membros do staff, colorindo aquilo que deveria ser um evento abraçado pelo rugby nacional. Infelizmente, não foi. Percebendo desde logo que no rugby português não abunda riqueza económica ao ponto de poder meter uma equipa inteira de todos os clubes no Algarve, a verdade é que para uma comunidade que exige mundos e fundos aos atletas nacionais quando chegam às provas principais da modalidade, é desolador ver a dimensão do problema.

Importa referir que as mudanças constantes no calendário do XV de clubes poderá ter afectado a não participação de mais de 80% dos clubes do Top12 ou CN1, o que prova que há uma falta de consenso em termos de calendário entre a autoridade que rege o rugby nacional e quem estabelece estes eventos. É também extremamente curioso e, também, preocupante ver que a imprensa nacional não teve qualquer interesse no evento, enquanto lá fora foi mediatizado em alguns círculos nos Estados Unidos da América e Inglaterra, com vários clubes envolvidos a reportarem a hospitalidade e a qualidade do torneio.

Um agradecimento ao Ubuntu Rugby, Agronomia, GD Direito, CR Évora, CR Setúbal, RC Loulé e Sporting CP por terem marcado presença e demonstrado que ainda há algum interesse por parte destes clubes em apoiar o 7s nacional. Foi genial ver como o CR Évora cobriu a participação da própria equipa, com bons vídeos personalizados que davam sensação de sentirem a importância de estarem ali.

Um dos maiores problemas do rugby nacional é que se dá tudo por garantido, o que demonstra que ao fim de 30 anos de avanços e recuos continuamos sem aprender lições e a optar por forçosamente a querer ser um país onde a modalidade será para sempre amadora, vendo a Espanha, Roménia, Geórgia e outros a passarem para a frente e a conseguirem sobreviver ou até prosperar.

Vale a existência de eventos como o Algarve 7s até ao que dia do seu desaparecimento, caindo para uma caixa de memórias como aconteceu com o Lisboa 7s por exemplo. Nessa altura alguns irão dizer ‘Ah! Devia ter sido organizado era em Lisboa!’ ou ‘Deviam ter era pago às equipas portuguesas ou metido grátis, assim tinham ido todas’, tudo frases repetidas para outros eventos e em determinadas situações.

De qualquer forma, lembrar que foi o único evento desportivo em Portugal que abraçou sete modalidades no mesmo fim-de-semana com equipas da Ásia, América do Norte e Europa, com mais de um milhar a terem participado nesta 6ª edição de um torneio multidisciplinar que já tem data marcada para 2026 (6 e 7 de Junho).


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