3 pontos do SR 2020 R3: Stormers e Chiefs mantêm a invencibilidade
E já só há duas equipas sem qualquer derrota no seu cadastro do Super Rugby 2020, com os Stormers e Chiefs a manterem um registo 100% vitorioso após a realização da 3ª jornada da competição! Com alguns volte-faces inesperados e incríveis, analisamos ao pormenor o que aconteceu em três jogos!
HURRICANES VARREM SHARKS EM WELLINGTON
Os prognósticos eram divididos para o Hurricanes-Sharks, uma vez que as duas equipas estavam em espectros algo diferentes: os neozelandeses começaram com uma derrota por 00-27 na visita aos Stormers e uma vitória arrancada a ferros e na bola de jogo ante os Jaguares, revelando alguns problemas na qualidade do passe e condução débil da oval que criou dissabores nas duas primeiras jornadas; a franquia de Durban entrou na temporada com duas vitórias em dois jogos, em que abateram os “adoentados” Bulls e demoliram sem perdão os Highlanders. Ou seja, os sul-africanos entravam em campo com algum ascendente até porque o seu rugby de alta velocidade e intensidade podia desmontar a estrutura defensiva dos Hurricanes. Contudo, o que aconteceu em Wellington foi uma exibição de gala dos ‘canes com Ngani Laumape, Jordie Barrett, Ben Lam e TJ Perenara a imprimirem um ritmo sensacional que deixou os Sharks atordoados, especialmente no trabalho defensivo e na contra-reacção.
Aphelele Fassi, que tinha sido um dos nossos destaques da jornada anterior, desapareceu do jogo expondo algumas debilidades a nível da defesa e comunicação que foram causadas pelo engenho de Jordie Barrett, com o defesa All Black a sair por cima tanto no jogo ao pé (up and unders de fina qualidade que foram sempre bem perseguidos por Lam e Goosen) como no manuseamento da oval, onde fez “magia” ao seu melhor estilo, rubricando a sua melhor exibição desde que chegou aos Hurricanes.
Mas foi em Laumape que esteve o segredo do avanço territorial constante da franquia de Wellington, pois sempre que o centro conseguia garantir uma captação de bola eficaz acontecia uma quebra-de-linha ou a abertura suficiente para pôr toda a sua equipa a jogar, sem esquecer a contribuição a nível da defesa onde sonegou por completo as tentativas de avanço de Am ou e Esterhuizen.
Os Hurricanes conseguiram voltar ao seu melhor e prometem ser um candidato ao título de qualidade, apesar de atravessarem um período de reconstrução na sua forma de jogar.
REVIRAVOLTAS ESPECTACULARES EM CLÁSSICO SUL-AFRICANO
Quem esperava por esta resposta dos Lions perante uns Stormers em modo candidato? A formação de Joanesburgo realizou uma espectacular segunda-parte que por muito pouco não lhes garantia uma vitória na recepção à equipa de John Dobson, faltando só uma “ponta de sorte” e uma postura defensiva mais agressiva especialmente naquela última jogada. Mas os Stormers mereceu a conquistar os 4 pontos?
Sim, mas também não ficaria mal a vitória aos Lions… ou seja, tivemos um jogo imenso, bem disputado e com um ritmo alucinante nos segundos quarenta minutos, com responsabilidades acrescidas para Elton Jantjies que deu um autêntico “show” de sprints e sidesteps abrindo espaço para a reviravolta da sua equipa, sendo autor de 15 dos 30 pontos da equipa da casa. Contudo, e apesar dos Lions terem escalado uma autêntica “montanha” pontual, a combinação final iniciada por Ruhan Nel possibilitou aos Stormers conquistarem a terceira vitória consecutiva, um feito que não era atingido há 4 anos, podendo ser realmente esta época um retorno aos melhores anos da equipa da Cidade do Cabo.
Os Lions ressentiram-se especialmente nos avançados, sendo engolidos por completo pelos seus homologos dos Stormers, em que o foco esteve em Steven Kitshoff (3 turnovers e duas penalidades arrancadas na formação-ordenada) e Juarno Augustus. O n.º8 fez com Pieter-Steph du Toit e Johan du Toit uma 3ª linha de categoria, completando 45 placagens, 4 turnovers, 17 entradas com a bola em seu poder – para além do ensaio marcado por Augustus.
Jogo louco e que merece selo de qualidade máxima do Super Rugby 2020!
JOGAR AO PONTAPÉ ATÉ ALGUÉM RACHAR – A RECEITA DOS HIGHLANDERS
Aaron Mauger e os Highlanders entraram em campo sob uma enorme pressão, já que a franquia neozelandesa de Otago vinha a somar não só maus resultados mas igualmente exibições débeis e cinzentas, sem aquele ritmo frenético característico das equipas kiwis. Porém, quis o destino e as pernas de Ben-Nicholas (ajudado por Dan Lienert-Brown) que os landers saíssem da casa dos Brumbies com os primeiros 4 pontos da época, depois de terem estado muito perto de consumar a terceira derrota em três jogos. Mas qual foi a história deste embate entre australianos e neozelandeses?
Foi até este momento um dos piores jogos do Super Rugby 2020, já que ambos os blocos juntos correram com a bola nas mãos um total de 240 metros, um número que não consegue explicar os 5 ensaios registados. No caso dos Brumbies, Folau Fainga’a fez um hattrick, todos eles vindos da exacta mesma forma: maul dinâmico. A equipa da casa enfrentou sérios problemas para conseguir manter um fio condutor atacante lógico e contínuo, com Kuridrani, Lolesio e Banks a serem dominados pela boa disposição defensiva dos Highlanders, que nem precisou de placar por aí além uma vez que os Brumbies foram responsáveis pelo seu próprio fracasso no segurar da bola.
O segredo do manter do controlo de jogo durante largos períodos adveio do jogo ao pé, onde Aaron Smith e Michael Hunt a conquistarem 500 metros a partir dos vários pontapés que invocaram, sendo um regressar a uma estratégia de jogo que em 2015 deu frutos e troféus, apesar de tirar vigor e magia ao espectáculo. Os Brumbies nunca conseguiram adaptar-se ao jogo ao pé dos neozelandeses e acabaram por recuar no terreno sem ter argumentos para dominar fisicamente ou tacticamente.
O ensaio na bola de jogo pôs fim a uma série negativa de 5 derrotas consecutivas dos Highlanders – entre a época 2019 e 2020 – e o 23-22 poderá agora dar um tónico de recuperação para uma franquia devastada pelas saídas no final da temporada passada.
OS JOGADORES-PORMENORES DA SEMANA
Melhor Chutador: Jordie Barrett (Hurricanes) – 13 pontos divididos em cinco conversões e uma penalidade (100% eficácia)
Melhor Placador: Tom Christie (Crusaders) – 23 placagens (94% eficácia) e 3 turnovers;
Melhor Marcador de Ensaios: Folau Fainga’a (Brumbies) e Julian Montoya (Jaguares) – 3 ensaios;
Melhor Marcador de Pontos: Elton Jantjies (Lions), Folau Fainga’a (Brumbies) e Julian Montoya (Jaguares) – 3 ensaios;
O Rei das Quebras-de-Linha: Quinn Tupaea (Chiefs) – 5 quebras-de-linha e 8 defesas batidos;
O MVP do Fair Play: Damian McKenzie (Chiefs) – o defesa está mesmo de volta, com ensaios, jogadas estonteantes e um ritmo alucinante que consegue tornar tudo mais simples para os Chiefs;