3 Pontos do SR 2019 Ronda 8: rei Folau chega aos 60 no show de Nonu
SHARKS… PARA LEVAR A SÉRIO OU SÓ UM PORMENOR?
E a conferência sul-africana ficou de novo baralhada, fruto de uma esmagadora vitória dos Sharks na casa dos Lions, registando-se no final do encontro um 42-05… humilhante até para quem ainda ostenta o facto de ter sido a melhor franquia bok dos últimos três anos. Mas foi mérito dos Sharks ou demérito dos Lions? Porquê não um pouco de ambos?
A equipa de Durban entrou em campo com um foco: ganhar. Para atingir esse objectivo era fundamental que o contra-ataque fosse não só o tipicamente rápido, mas que atacasse o lado interior de Elton Jantjies para depois forçar uma mudança repentina e arriscada para os canais exteriores, dito de uma forma “fácil”. Para isto era necessário que a avançada dos tubarões não só estivesse fisicamente no seu melhor, como Louis Schreuder, o formação, fosse uma autêntica “bateria” a dar energia contínua à pressão defensiva.
Esta estratégia resultou tanto na primeira como na segunda metade do encontro, onde Mapimpi, Mvovo ou Curwin Bosch (jogo extraordinário do nº15, abrindo sempre boas linhas de ataque graças a aquela velocidade incessante e step mortal) foram autênticas lanças que feriram os Lions, que não conseguiu parar com a sequência de contra-ataque rápido dos Sharks ou os constantes erros à mão próprios que acabaram por ser fatais.
Robert du Preez nem precisou de se mexer muito para fazer os visitantes movimentarem-se com facilidade, expondo constantemente ao pé os erros nas costas da defesa da equipa da casa, perturbando constantemente e criando um caos nos Lions total e bem aproveitado pelos Sharks. Foi desolador ver Malcolm Marx, Tyrone Greene, Lionel Mapoe e os restantes jogadores a definharem a cada minuto que passava sem sequer esboçarem uma mudança estrategicamente positiva.
Contas baralhadas, momentum alterado e uma conferência sul-africana com muitos ensaios, algum rugby e vários erros!
HOUSTON, TEMOS UM NOVO RECORDISTA DE ENSAIOS!
Israel Folau chega (finalmente) ao topo dos melhores marcadores de ensaios do Super Rugby de todo o sempre, com 60 toques de meta em 93 jogos, ou seja, foram 300 pontos que saíram das mãos do astronauta e que marcam assim o ano em que vai atingir os 100 jogos pelos Waratahs! Infelizmente o recorde foi registado em mais uma derrota, agora diante dos Blues de Auckland, onde se destacou uma das maiores lendas do rugby neozelandês: Ma’a Nonu!
É verdade, o centro dos Blues fez um ensaio, duas assistências, duas quebras-de-linha, bateu seis defesas, furou 5 placagens, placou por 8 vezes (100% eficácia) e foi um dos líderes da 4ª vitória consecutiva do conjunto de Auckland, que agora está bem consolidado no 3º lugar da conferência neozelandesa (há 6 anos que os Blues não registavam este números de vitórias consecutivas).
Folau foi o atleta mais inconformado dos ‘tahs, explorando bem os (poucos) erros da linha de defesa dos Blues, saltando bem alto nos ares para capar a oval e meter a sua equipa a girar, para além de ter sido o principal veículo de caudal ofensivo dos visitantes durante todo o encontro. Contudo, foi uma exibição muito instável da equipa visitante que não aproveitou os 20 minutos finais da 1ª parte para fazerem mais que 2 ensaios, num momento de maior apatia e desorganização dos Blues (Nonu, Clarke e Thompson foram defesas geniais em termos de 1º jogador da cortina defensiva interior), ficando na retina alguma lentidão de Nick Phipps e pouco esclarecimento de Bernard Foley.
De qualquer das formas, o recorde é de Folau e deverá ser um recorde quase impossível de atingir, a não ser que George Bridge, Rieko Ioane ou Ben Lam consigam manter o mesmo nível nos próximos 6 anos em termos de ensaios. Folau é agora e para sempre uma das maiores lendas do rugby do Hemisfério Sul!
ESTREIA ALUCINANTE, REVIRAVOLTA NO FIM E JAGUARES SURPREENDEM!
O último jogo da ronda ficou entregue a Bulls e Jaguares, com os argentinos a visitar o Loftus Versfeld em Pretória no início do seu tour de dois jogos fora na África do Sul e uma vitória era necessário para escapar ao último lugar da conferência sul-africana… em oposição, os Bulls precisavam de ganhar para voltar ao 1º lugar da mesma conferência mas a ausência de Handré Pollard acabou por custar muito à equipa da casa.
Num encontro que foi pautado pelo jogo ao pé, a formação argentina sentiu graves dificuldades no controlo de bola registando-se constantes faltas no chão muito pela falta de apoio prestado… não bastava Pablo Matera e Juan Desio fazerem um bom apoio, era necessário que as linhas atrasadas participassem mais no jogo “curto” invés de se expandirem no terreno.
Contra os Bulls um jogo mais rápido pode funcionar, mas não perceber a excelente reacção ao breakdown e contra-ruck da formação de Pretória foi um erro que os Jaguares cometeram em diversos períodos do jogo.
Contudo, os Bulls sentiram-se algo perdidos sem a voz de comando quer de Pollard, Schalk Brits ou Jesse Kriel (opção, suspensão e lesionado respectivamente) e nos últimos 10 minutos perderam mesmo toda a postura defensiva, oferecendo continuamente bons pontos de ataque aos Jaguares que foram conquistando a oval nos “ares”.
Com Boffelli a reinar supremo e bem apoiado pelo recém-entrado Diego Miotti, ex-jogador da selecção dos Pumas 7’s, a reviravolta deu-se em menos de 4 minutos sem que os Bulls conseguissem sequer fazer oposição na defesa, apresentando um sistema passivo, expectante e fácil de contrariar. É perceptível que a falta de intensidade em termos de aposta no ataque ao largo ou de movimentação constante do três-de-trás e mesmo a ausência de um risco total adormeça aos Bulls ao ponto que já não é a primeira vez que este problema acontece.
Sem Pollard a pautar as ordens de jogo e a dar forma à estratégia dos Bulls (Libbok não esteve mal, mas falhou 3 pontapés que lhe retiraram o prémio de melhor chutador da jornada), os erros acontecem com mais frequência, tendo perdido agora o 1º lugar para os Sharks, numa reviravolta histórica dos Jaguares.
OS JOGADORES-PORMENORES DA SEMANA
Melhor Chutador: Quade Cooper (Rebels) – 12 pontos (6 conversões 100%)
Melhor Placador: Tom Staniforth (Waratahs) 21 placagens e 2 turnovers (100% eficácia)
Melhor Marcador de Ensaios: Will Jordan e Sevu Reece (Crusaders), Ardie Savea (Hurricanes) – 2
Melhor Marcador de Pontos: Quade Cooper (Rebels) – 17 pontos (6 conversões e 1 ensaio)
O Rei das Quebras-de-Linha: Sevu Reece (Crusaders) – 6
O Jogador-Segredo: Sevu Reece (Crusaders) – 142 metros, 6 quebras-de-linha, 6 defesas batidos e 2 ensaios
Lesionado preocupante: Nada a apontar
Melhor Ensaio: Ardie Savea (Hurricanes) vs Highlanders: começa tudo numa boa recepção de pontapé e… depois é simplesmente Ardie!