Springboks entram a dominar – Ronda 1 Rugby Championship 2019
E AÍ ESTÁ A SOLUÇÃO QUE FALTAVA AOS SPRINGBOKS: HERSCHEL JANTJIES
O Rugby Championship 2019 começou em grande com um intenso e físico jogo entre Springboks e Wallabies, com a selecção da casa a garantir uma vitória com ponto de bónus graças a um ensaio de Cobus Reinach já para lá do tempo regulamentar, fechando o encontro em 35-17. E quem se destacou? Entre os alguns nomes que valem a pena mencionar de ambos os lados, é fundamental falar em Herschel Jantjies, o formação que se estreou pela África do Sul conseguindo dois ensaios, ambos de belo efeito a fechar uma jogada de contra-ataque genial da equipa da casa.
Mas Jantjies não se fica só pelos ensaios, pois houve muito para além dos 10 pontos marcados. O formação deu uma velocidade constante ao jogo dos Springboks de qualidade, operando com exactidão, intensidade e oferecendo um “motor” de alta capacidade para os avançados, compondo um par de médios com Elton Jantjies (não são familiares, atenção) bem construído e sempre virado para procurar atacar os corredores entre Bernard Foley e Samu Kerevi (bom jogo do 1º centro australiano, destacando-se pela capacidade de avançar no terreno e dos offloads ameaçadores).
Herschel Jantjies tem parecenças com Faf de Klerk, possuindo a mesma capacidade de explosão e de “encher” o campo com um ritmo sempre alto, colocando a equipa adversária sempre nervosa, com receio de surgir mais algum apontamento técnico ou invenção que derruba a defesa. Foram 60 metros conquistados, 3 quebras-de-linha e 100% de eficácia nos 52 passes atirados. Uma estreia auspiciosa a segui com atenção!
ALL BLACKS E UMA LIÇÃO DE COMO BEM DEFENDER
A Argentina teve em mãos a possibilidade de conquistar a sua primeira vitória ante os All Blacks em casa no século XXI, quando aos 80 minutos de jogo foram para um alinhamento nos últimos 5 metros… só bastava um maul dinâmico bem montado e um autêntico “empurrão” para conseguirem uma reviravolta dramática. Contudo, e como os All Blacks gostam de fazer, a esperança acabou por definhar no contra-maul, engolindo por completo os avançados dos Pumas forçando a Angus Gardener decretar uma formação-ordenada para os visitantes e o ponto final no encontro.
Se na primeira-parte os neozelandeses dominaram por completo o jogo a partir dos 5 minutos de jogo, a segunda parte foi extremamente bem dividida com grande parte da acção a se passar entre os 40 metros da Argentina e a área de ensaio dos kiwis… porém, este maior equilíbrio significou na realidade um “caos” completo na condução e transmissão de jogo, sem que ninguém conseguisse efectivamente aproveitar os erros como era pedido.
Beauden Barrett, um dos melhores em campo, arrancou duas quebras-de-linha de qualidade mas que no final não tiveram o acerto necessário, estranhando-se a lentidão do apoio no jogo ao largo. Do outro lado, Pablo Matera e Matias Moroni tentaram aplicar alguma irreverência, mas faltou sempre algo ao ataque dos Pumas, que mesmo ao conseguirem abrir uma frecha, nunca foram capazes de aproveita-la até ao final, muito graças também à extraordinária capacidade defensiva da Nova Zelândia.
Veja-se que das 103 tentativas de placagem, os All Blacks conquistaram uns 91% de eficácia, pondo constantemente um ponto final nas (poucas) invenções de Sanchéz e Boffelli… seja pelo espectacular contra-maul aos 80′ ou uma placagem estupenda de Beauden Barrett à ponta, os All Blacks mostraram que mesmo com um ataque polvilhado por perdas de bola (25 bolas perdidas, 18 para a frente…) conseguem ganhar o jogo nos pormenores sem ter que “suar” muito.
OS WALLABIES PRECISAVAM OU NÃO DE OUTRA “QUÍMICA”?
Nic White, Thomas Banks, James Slipper e Isi Naisarani foram algumas das novidades promovidas por Michael Cheika para o jogo com o Springboks, seguindo a mesma lógica do que se passou com os All Blacks e Springboks, no lançar de segundas escolhas numa clara preparação para o Mundial de Rugby (só a Argentina apresentou o seu melhor XV, faltando só Santiago Cordero e Facundo Isa). Contudo, e ao contrário do que se passou com os seus grandes rivais, as segundas escolhas dos Wallabies tiveram um jogo algo acinzentando, especialmente Thomas Banks e Nic White.
O defesa dos Brumbies voltou a evidenciar claros problemas no perceber quando e como surgir na defesa, oferecendo demasiado espaço à ponta em momentos críticos do jogo, passando também ao lado das operações de ataque dos Wallabies. E White, que realizou uma temporada estratosférica ao serviço dos Exeter Chiefs, não apresentou os argumentos minimamente necessários para cobrir o lugar sendo constantemente apanhado pela 3ª linha dos Springboks, para além de nunca ter aparecido no jogo corrido como se devia.
Mal entraram Kurtley Beale e Will Genia (só nos últimos 15 minutos finais) os Wallabies passaram a ter outra dimensão ofensiva, operando com mais velocidade e capacidade de rasgo, especialmente pelas mãos do lendário médio-de-formação que conseguiu desmontar parte da defesa sul-africana. Contudo, e perante o cansaço da avançada australiana o esforço de ambos acabou por não valer de nada, saindo de Joanesburgo com um resultado extremamente pesado.
Os Wallabies precisam de 2ªs/3ªs escolhas, não há dúvidas… mas terá sido este jogo o melhor momento para inventar? Do mal o menos, Isi Naisarani ofereceu boa réplica e pode ser claramente uma solução para a posição de nº8, caso David Pocock não recupere para o Mundial.
OS JOGADORES-PORMENORES DA SEMANA
Melhor Chutador: Elton Jantjies (África do Sul) e Beauden Barrett – 10 pontos (5 conversões | 2 penalidades e 2 conversões)
Melhor Placador: Lood de Jager (África do Sul) – 14 (100% eficácia)
Melhor Marcador de Ensaios: Herschel Jantjies (África do Sul) – 2
Melhor Marcador de Pontos: Herschel Jantjies (África do Sul), Elton Jantjies (África do Sul) e Beauden Barrett (Nova Zelândia) – 10 pontos
O Rei das Quebras-de-Linha: Ngani Laumape (Nova Zelândia) – 4
O Jogador-Segredo: Herschel Jantjies (África do Sul) – 2 ensaios, 70 metros conquistados, 3 quebras-de-linha. 4 defesas batidos
Lesionado preocupante: Nada a apontar
Melhor Ensaio: Sibusiso Nkosi (África do Sul) vs Austrália: uma troca de bola espectacular com constantes offloads (minuto 2:53)