3 Destaques da 5ª ronda do Super Rugby AU 2021

Francisco IsaacMarço 20, 20216min0

3 Destaques da 5ª ronda do Super Rugby AU 2021

Francisco IsaacMarço 20, 20216min0
Os Reds mantiveram o 1º lugar, com uma exibição de classe na defesa como explicado neste artigo da 5ª jornada do Super Rugby AU 2021

Quem vai conseguir destronar os Reds do topo da classificação do Super Rugby AU? Talvez, só os Brumbies consigam, apesar da Western Force ter estado virtualmente perto, sem na realidade o estar. Como? Elucidamos nos três destaques da 5ª jornada do Super Rugby AU 2021.

O DESTAQUE: REDS, COM ARTE NA DEFESA E GENIALIDADE NO ATAQUE

Continuam invictos os Reds após o fim da primeira volta do Super Rugby AU 2021, com mais 5 pontos somados, sem ter que dominar na maioria das estatísticas para tal, demonstrando assim toda a sua qualidade enquanto colectivo e, também, a nível individual, com destaque para Hunter Paisami (2 ensaios), Suliasi Vunivalu (estreia a titular no lugar de Filipo Daugunu, impondo uma exibição com vários momentos de alta qualidade), Tate McDermott e Fraser McReight.

A formação de Queensland não permitiu uma única quebra-de-linha do adversário, impondo uns impressionantes 93% de eficácia na placagem (166 efectivas para 178 tentativas), sofrendo a maioria dos pontapés através de pontapés aos postes, sendo esse o único aspecto negativo de uma prestação quase imaculada na defesa.

Apesar das 15 penalidades cometidas, os Reds tiveram a confiança necessária para nunca ceder espaço à Western Force, com um bloco alto na saída de bola rápida, asfixiando as tentativas de Tevita Kuridrani, Richard Kahui ou Byron Ralston em procurar espaço para fazer dano, completando depois com um jogo ao pé defensivo de enorme qualidade, com especial destaque para Jock Campbell e James O’Connor. Mas não foi a defesa a estar num patamar de excelência, com o contra-ataque a mostrar-se extraordinário no aproveitamento de oportunidades e no arrancar de quebras-de-linha e/ou ensaios, adicionando ainda a eficácia da formação-ordenada como plataforma de ataque estupenda, com os ensaios de Tate McDermott e Jock Campbell a serem os melhores exemplos desse somatório de vectores.

Sim, pode ter faltado um pouco mais de brio na hora de arriscar no breakdown ou na subida rápida da linha-defensiva, e notou-se alguma displicência nas formações-ordenadas fora dos 22 metros, só que no total de todos os números e parâmetros, não há margem de dúvida de como estes Reds são uma ameaça constante na contrarreação e na defesa colectiva.

O “DIAMANTE”: JACK MADDOCKS (WARATAHS)

O primeiro candidato ao prémio de melhor da semana esteve para ser Matt Toomua, pois o abertura dos Rebels impôs uma exibição de categoria, especialmente no jogo ao pé, com 13 pontos conseguidos através dos pontapés aos postes (100% de eficácia), mais os 5 pontos de um ensaio que o próprio inventou, numa jogada magistral de kick and chase, apesar do algum facilitismo da defesa dos Waratahs. Porém, do outro lado do campo esteve o jogador mais inconformado de todo o encontro, Jack Maddocks, que lutou até ao limite das suas capacidades para dar outra alegria aos adeptos dos ‘tahs (ocupam o último lugar da competição) como mostram os 120 metros conquistados, tendo estado directamente envolvido nos dois ensaios, um da sua autoria e outro em que passou à oval a Jeremy Williams.

Numa equipa devastada pelas saídas inesperadas e por um revitalizar de projecto pouco auspicioso, é impossível não destacar o papel que o ponta tem puxado para si jogo após jogo, cumprindo na sua posição como poucos, o que permite aos Waratahs ainda ter algum tipo de agressividade e poder de ameaça na sua linha de 3/4’s, partindo uma boa parte das principais situações de ataque da capacidade e qualidade exibicional do internacional australiano. A exuberância em cada sprint ou pico de explosão e os skills de handling têm sido uma constante ao serviço da franquia de Nova Gales do Sul, e neste embate emocional para si (lembrar que foi jogador dos Rebels durante três temporadas) não só não desiludiu como foi capaz de dar uma resposta de força para quem duvidava da sua qualidade tanto a atacar como defender.

Uma última palavra para outro destaque da semana: Fraser McReight. O asa foi monumental a defender, com 22 placagens efectivas e nenhuma falhada, 3 turnovers no breakdown e um maul destruído por si, assumindo um protagonismo cada vez maior na 3ª linha dos Reds e da Austrália.

O “DIABRETE”: QUEM NÃO MARCA SOFRE, A LIÇÃO DOS FORCE EM QUEENSLAND

Um oportunidade perdida e que podia ter ajudado a “virar” o Super Rugby AU ao contrário, caso a Western Force tivesse sido irrepreensível no aproveitamento das várias excelentes situações de ataque em território dos Reds, perdendo mais de 80% em turnovers, mauls mal geridos ou passes erradamente transmitidos. É só ver os números e perceber que a franquia oriunda de Perth teve efectivamente tudo para somar uma segunda vitória nesta temporada: domínio quer na posse de bola ou território (58% em ambos, tendo estado mais tempo dentro dos 22 metros adversários do que os Reds) e o dobro de penalidades a seu favor (15 faltas cometeu a equipa liderada por Brad Thorn) não conseguindo transformar estas benesses em pontos suficientes para obter os 4 pontos.

Os Reds souberam sofrer com uma percentagem de placagens efectivas memorável e ao nível só das melhores equipas, já que completaram cerca de 166 placagens de um total de 178 tentativas, sem esquecer os 7 turnovers realizados, em que Fraser McReight foi rei e senhor em ambos os aspectos, limitando constantemente os avanços da Western Force.

Mas, e não tirando uma centelha de mérito dos Queensland Reds, em abono da verdade há que apontar a falta de ideias ricas em risco ou imprevisibilidade da parte dos seuis adversários, com as linhas atrasadas a não terem engenho para descobrirem soluções ou formas de suscitar um erro inesperado na defesa contrária, insistindo num rugby demasiado básico, de bater e bater pelos centros ou pontas. Essa estratégia acabou por encaixar que nem uma luva na capacidade defensiva dos homens de Brad Thorn, que mesmo cedendo faltas (e talvez faltou um ou outro amarelo pelo excesso de penalidades) nunca caiu no desespero, impondo uma pressão na Wester Force.

A franquia que esteve afastada do Super Rugby durante mais de três anos está definitivamente melhor, com outra competência no segurar a bola, na confiança das suas capacidades e na procura da ambição, mas é necessário, agora, encontrar a vontade de procurar o risco, possuindo os jogadores certos para isso, como Byron Ralston, Richard Kahui, Jake McIntyre ou Tomás Cubelli.

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): Matt Toomua (Rebels) – 18 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Rebels – 33 pontos
Melhor marcador de ensaios (jogador): Hunter Paisami (Reds) – 2 ensaios
Melhor placador: Fraser McReight (Reds) – 22 placagens (nenhuma falhada)
Maior diferencial no ataque (jogador): Suliasi Vunivalu (Reds) – 60 metros, 2 quebras-de-linha, 5 defesas batidos e 1 assistência
Mais metros conquistados (equipa): Waratahs – 410

 


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS