3 Destaques da 4ª ronda do The Rugby Championship 2021
Os All Blacks estão quase a chegar ao título do The Rugby Championship, e para isso basta só garantir um ponto de bónus no próximo encontro frente aos Springboks, isto depois dos campeões do Mundo terem caído novamente frente aos Wallabies. A análise à 4ª ronda da maior competição de selecções do Hemisfério Sul chega aqui em 3 pontos.
O JOGADOR EM ALTA – MICHAEL HOOPER (WALLABIES)
60º jogo de Michael Hooper como capitão dos Wallabies e nada melhor que celebrar esse feito com mais uma vitória contra os campeões do Mundo, os Springboks, desta vez por um 30-17 mais “relaxado” e que, em certos momentos, teve domínio dos australianos, especialmente na defesa, fases-estáticas e aproveitamento das oportunidades. Os números de Michael Hooper na vertente ofensiva não foram extraordinários, mas foi na defesa e liderança que fez sentir todo o seu peso com 20 placagens aplicadas sem falhar qualquer uma e 3 turnovers, e um discurso sempre sólido e de confiança, mantendo os seus colegas de equipa numa toada emocional alta, algo que acabou por ser decisivo nos momentos de decisão neste encontro.
A Austrália foi capaz de desmontar os mauls dinâmicos da África do Sul, criando sucessivas perdas de bola aos seus adversários ou a forçar formações-ordenadas, com destaque para Michael Hooper, Izack Rodda ou Matt Phillips por terem sido os principais génios por detrás desta estratégia bem executada, e que acabou por tirar alguma da voz e impacto dos Springboks. Entre as duas dezenas de placagens do capitão dos Wallabies, três delas podem ser consideradas fundamentalmente decisivas para não se dar ensaio do bloco contrário, pois, por exemplo, foi capaz de parar Lukhanyo Am quando este tinha conseguido abrir uma brecha na defesa australiana e, no momento que se preparava para aproveitá-la, surgiu Michael Hooper em alta velocidade a interceptar o adversário, colocá-lo no chão com uma placagem dominante e forçar uma penalidade no breakdown aos Springboks.
O poder da voz de um dos atletas mais emblemáticos da Austrália tem sido um factor fulcral para o crescimento mental dos Wallabies, que depois de alguns anos de sofrimento e constantes subidas e descidas, parecem ter mostrado o seu melhor frente a um dos melhores conjuntos de sempre do rugby mundial.
Michael Hooper v South Africa ?
– 80 Minutes ⏰
– 2 Carries ?
– 7 Passes ✋
– 25 Running metres ?
– 20 Tackles ?
– 0 Missed tackles ?
– 2 Turnovers won✊Leading from the front again as he became the most capped Wallabies captain ?#RugbyChampionship #AUSvRSA pic.twitter.com/2U8P97A5Dc
— Ultimate Rugby (@ultimaterugby) September 18, 2021
O COLECTIVO QUE DESILUDIU – SPRINGBOKS
21 placagens falhadas em 88 tentativas, 7 mauls perdidos ou que terminaram em turnover, 3 formações-ordenadas próprias acabaram em penalidades a favorecer os Wallabies e sem capacidade para aproveitar a maioria das faltas (17 no total) cometidas pela Austrália, adicionando, ainda, a ausência de brilhantismo quando tiveram a bola nas mãos, que à excepção de Willie Le Roux ou Damien De Allende, não houve mais ninguém a trazer nada para dentro de campo na vertente ofensiva, foram algumas das falhas dos Springboks nesta 4ª jornada do The Rugby Championship 2021.
Erros, incapacidade para ganhar a linha-de-vantagem na maior parte das ocasiões, sem qualquer registo de placagem dominante, a África do Sul ressentiu-se completamente das ausências de Pieter-Steph du Toit, Cheslkin Kolbe ou Lood de Jager, notando-se uma falta de agressividade total e uma inércia para criarem algum temor nos seus adversários australianos, que se sentiram demasiadamente à vontade para aplicarem uma estratégia ofensiva de maior risco e de procura de fazer jogar na expansão no campo.
Faf de Klerk e Handré Pollard voltaram a ter um dia “cinzento”, com o formação a começar mal o encontro graças a um cartão amarelo infantil, apostando mais em tentar criar irritação e incómodo aos seus adversários através de certas palavras e/ou comportamentos, algo que só resultou em motivação extra para os Wallabies. Sem um jogo ao pé dominante, a ausência de um bullying físico fracturante e a os sucessivos desposicionamentos defensivos após uma quebra-de-linha, a África de Sul de Rassie Erasmus e Jacques Nienaber acabou por expor as suficientes debilidades para que a Austrália de Dave Rennie conseguisse lucrar uma segunda vitória consecutiva, oferecendo, por outro lado, dicas de como podem ser derrotados aos All Blacks e todos os seus principais rivais.
Não existe equipa perfeita, nem podem ser tudo vitórias, ficando só a preocupação da inexistência de reacção dos Springboks após a derrota sofrida na semana passada, tendo em conta que o cansaço físico e emocional começa a sair para o exterior, pois estão praticamente há 3/4 meses fechados em “bolhas” sanitárias (em 120 dias, saíram delas em 10 dias), o que é normal mesmo quando se trata de defender o título do The Rugby Championship.
? Taniela, take a bow!
? @StanSportAU & @9Gem#TRC2021 #Wallabies #RSAvAUS @eToroAU @cadburyAU pic.twitter.com/Otux6OSRJM
— Wallabies (@wallabies) September 18, 2021
ALERTA – PUMAS PRECISAM DE MAIS
Quarta derrota consecutiva e quarto jogo em que só conseguiram efectivamente atacar 10 minutos de um total de 80′ (estamos a contar alinhamentos, formações-ordenadas, mauls e jogo ao pé), são alguns dos actuais problemas da Argentina de Mario Ledesma, que continua à procura de estruturar um sistema de jogo compacto e interessante, sem ter sido capaz de mostrar, até este momento, algo nesse sentido.
Contra os All Blacks voltaram a sucumbir na defesa, com uma postura excessivamente passiva e de placagens ou subidas falhadas, abrindo demasiados espaços que foram quase sempre bem explorados pelos neozelandeses, com algumas dessas situações a terem envolvido os supostamente melhores placadores dos Pumas, como Marcus Kremer (3 placagens falhadas e 2 penalidades), Pablo Matera (3 placagens em que não acertou no alvo) ou Matias Alemanno (18 placagens efectivas mas três erros de subida defensivos, com todos a resultarem em quebras-de-linha), o que só pode causar apreensão à equipa técnica argentina.
As fragilidades no ataque foram expostas nos primeiros quarenta minutos, tendo conseguido resolver alguns desses erros na segunda metade do encontro fruto de um maior envolvimento de Santiago Carreras, o número 10 para este jogo, nos processos ofensivos e de movimentação das unidades de jogo, sem esquecer as participações de Emiliano Boffelli e Santiago Chocobares em uma dezena de situações, duas das quais surtiraram em boas combinações e jogadas. Contudo, e apesar desta melhoria denotada entre os 60 e 75 minutos de jogo, não foi o suficiente para criar sérios problemas à Nova Zelândia, que até conseguiu bloquear 10 pontapés da Argentina em jogo corrido, tendo sido esse ponto, um dos mais negativos deste quarto encontro para o The Rugby Championship 2021.
Ledesma tem de conseguir tirar mais de Guido Petti, Marcus Kremer, Pablo Matera, Santiago Cordero (só teve a bola nas mãos por duas ocasiões), Julio Montoya ou Matías Moroni, de modo a levantar uma Argentina que parece estar em decadência e sem capacidade para ser um problema para os seus adversários do Hemisfério Sul deste The Rugby Championship, como em outros tempos o foi.
OS NÚMEROS DA JORNADA
Jogador com mais pontos: Handré Pollard (Springboks) – 12 pontos
Jogador com mais ensaios: Vários – 2 ensaios
Equipa com mais pontos: All Blacks – 36 pontos
Equipa com mais ensaios: All Blacks – 5 ensaios
Jogador com mais placagens: Michael Hooper (Wallabies) – 20 placagens (todas efectivas)
Equipa com mais placagens: Pumas – 179 placagens em 200 tentativas
? Meat pie for Tupou Vaa'i
?: @skysportnz pic.twitter.com/jV3yekUQPW
— All Blacks (@AllBlacks) September 18, 2021